“A castidade de uma mulher é um terçol no olho do diabo”.
Inspirado
pelo provérbio irlandês acima, Ingman Bergman produziu a comédia “O Olho do
Diabo”, em 1960. Quando Satã (Stig Järrel) acorda com um terçol no olho, o
inferno todo fica em polvorosa, pois só havia duas explicações para o incômodo:
o Diabo ficou exposto ao vento (coisa impossível de acontecer no inferno) ou
uma jovem vai se casar virgem. Logo seus conselheiros são chamados para
apresentar soluções para o problema. Decidem que a melhor opção seria convocar
o galante Don Juan (Jarl Kulle), que estava de castigo no inferno, para seduzir
a jovem, deflorá-la e restaurar a ordem na casa do capeta.
Assim,
Don Juan é enviado à Terra junto com seu lacaio, o demônio Pablo (Sture
Lagerwall), para executar o plano. Lá, encontram o Pastor (Nils Poppe) na
estrada e o ajudam a consertar seu carro. Como agradecimento, o Pastor convida
os dois malandros para conhecer sua casa. Os enviados do inferno são
apresentados a Renata (Gertrud Fridh), a esposa adoentada do Pastor, e sua bela
e única filha, Britt-Marie (Bibi Andersson). Mais tarde, durante o jantar, a
dupla conhece também Jonas (Axel Düberg), o noivo de Britt-Marie.
Rapidamente
fica claro que Britt-Marie, embora apaixonada por seu noivo, não era tão inocente
assim. Ela se sente atraída pelo Don Juan e entra no jogo das provocações, mas
sua consciência a lembra o tempo todo o que está em jogo. No entanto, o papel
passivo de seu noivo pode ser decisivo para a garota. Renata, por outro lado, não
parece querer resistir por muito tempo às tentações de Pablo e está prestes a
colocar seu casamento em risco. O Pastor é o único que não se importa com o que
se passa em sua casa. O típico cego que não quer ver que encontra consolo na
ignorância.
O
bacana deste filme é que, apesar de contrapor O Bem e O Mal, em momento algum
as pessoas parecem ter um destino traçado ou ser guiadas por um ser superior. O
Diabo usa seus artifícios para tentar ludibriar os reles mortais, mas, no
fundo, cada um é livre para tomar suas decisões.
Sendo
um filme de Bergman, é óbvio que há críticas à religião cristã. Isso é
explicitado não só pelas ações do Pastor, mas também pelas falas do
Apresentador (Gunnar Björnstrand) que faz a introdução de cada ato da peça. O
diagrama dos níveis do inferno usado por ele é muito legal. Os cenários são bem
simples e a trama é linear, sem grandes inovações. No entanto, a força da
história reside nos diálogos e na atuação, principalmente de Britt-Marie, do
Pastor e de Renata.
O
terçol do olho do diabo desaparece no fim da história, mas o que teria causado
seu desaparecimento?
Só assistindo para descobrir.
Estou precisando muito assistir um bom filme,valeu pela indicacao,so em ler a sua resenha,ja fiquei com muita vontade de assistir o olho do diabo.
ResponderExcluirbeijao.
já me recomendaram muitos filmes do ingman, mas ainda não tive a oportunidade de ver nenhum!
ResponderExcluire agora tenho mais um para a lista, me pareceu ótimo esse! esses contraposições entre o bem e o mal costumam ser bastante interessantes ^^
beijos
Nossa, que filme diferente! Vou ser sincera e dizer que não gosto muito de filmes antigos, eles me dão sono, mas essa história pareceu estranha, sinistra, hehe. Não sei se vou assistir, mas se um dia eu estiver a fim de algo mais antigo, certo que vai ser esse. Sim, pq vc me deixou curiosa agora pra saber o final!
ResponderExcluirBeijos.
Michelle, faz tempo que não assisto a um Bergman, acho que esse eu nunca vi. Como meu marido ama o diretor, lembro que vi muitos em uma época, mas tenho quase certeza de que não vi esse. Você já viu Interiores, do Woody Allen? Ele dirigiu esse como se fosse um filme de Bergman, é muito bom! Beijo!
ResponderExcluirBergman é sempre bom. Esse é meio diferente por ser comédia, mas as críticas estão lá. Vale muito a pena!
ResponderExcluirLua,
Já vi sim. Bem que achei estranho, nada a ver com o Woody Allen, mas não sabia que tinha relação com o Bergman. Faz tanto tempo que vi... vou botar na lista do Vale a Pena Ver de Novo.
bjo
Bergman é Deus na minha vida,
ResponderExcluirmas (acho que devido a idade) não consigo lembrar de uma frase desse filme, seria algo como "Apenas no inferno existe o livre arbitrio", sei lá.
Isso mesmo, Herculano! Sua memória está ótima. Tem várias frases muito boas. Gosto bastante de: "O casamento é o alicerce do inferno" e "Nenhum castigo é duro o bastante para quem ama".
ResponderExcluirGênio!
bjo
Michelle, como você encontrou esse filme? Em locadora? Me dá umas dicas....Outro filme que você recomendou e não encontrou é "Eu sou um Ciborgue e dai?". Estou com muita vontade de assistir esses filmes. Beijão.
ResponderExcluirTe mandei e-mail, Nice.
ResponderExcluirbjo