Manarairema
era uma cidadezinha pacata do interior onde todos se conheciam. A vida seguia
em ritmo lento e sem surpresas, até que uma manhã traz uma novidade que muda completamente
a rotina dos habitantes: um acampamento nas terras abandonadas de um rico fazendeiro
da região. Curiosos, os moradores tentam se aproximar dos carrancudos
recém-chegados, e ainda enfrentam duas estranhas invasões: a primeira por
centenas de cães, e a segunda por milhares de bois.
Esse
é um livro que conheci por acaso, fuçando resenhas no Skoob. A história chamou
minha atenção por se tratar de realismo fantástico, um gênero que conheço
apenas por meio de autores estrangeiros, e achei que seria válido ler algo do
tipo produzido em terras brasileiras.
O
que percebi foi que o livrinho simples, de 102 páginas, não fica devendo nada a
outras produções do gênero. Pela internet, li que o texto pode ser visto como
uma forma de expressão típica da época da ditadura, mas a trama dá margem a
diversas interpretações. A que mais me agrada é a do medo das pessoas diante do
desconhecido e do progresso.
Só o
que sabemos é que os acampados estão sempre trabalhando, são de pouca conversa
e não querem se misturar com a população local. Logo, os nativos fazem todo
tipo de especulação sobre quem são os invasores e o que fazem ali. Quando as
tentativas de aproximação iniciais falham, a curiosidade dá lugar à raiva e à
inveja.
E do
mesmo modo que agem frente aos novos vizinhos, os habitantes agem diante das
invasões dos animais: primeiro o medo e a vontade de contra-atacar e expulsar,
depois a aceitação da situação e a adaptação, por fim o desalento ao se verem
novamente sozinhos.
Uma
coisa que achei bem interessante foi que apenas as crianças tiveram coragem de
manter suas ideias e rejeitar os costumes novos, que se diziam trazidos pelos
invasores. Também é uma simples criança que se atreve a dizer aos
recém-chegados que eles estavam agindo errado, enquanto todos os adultos não
hesitavam em sair correndo e fazer tudo o que os acampados diziam, só para não
chateá-los.
Enfim...
gostei muito da leitura e recomendo a quem quer ler algo diferente e rapidinho.
“A
fala de cada um devia ser dada em metros quando ele nasce. Assim quem falasse à
toa ia desperdiçando metragem, um belo dia abria a boca e só saía vento”.
Michelle, eu li esse livro há muito tempo...recentemente emprestei pra um amigo. Recomendo que você leia também, do mesmo autor: "Sombra de Reis Barbudos". Segue o mesmo estilo...é fininho também...
ResponderExcluirUm beijão
Oi, Nice!
ResponderExcluirBom saber que os outros livros do autor também são legais. Dica anotada ;)
Parece ser beeem interessante esse livro, Michelle!
ResponderExcluirRealismo Fantástico é um gênero que pouco sei a respeito e nunca li nada dele; A Hora dos Ruminantes já foi para o caderninho de desejos, vou comentar sobre ele e mostrar sua resenha para o namorado acredito que ele também se empolgará pelo livro!
Beigos!
Achei bem interessante, diferente de tudo que já li. Nos dá um leque de possibilidades de interpretações.Muito bom mesmo.
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