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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Veja Mais Mulheres: Filme #23 - Mãe só há uma


Imagine você, aos 17 anos, descobrir que aquela menina que chama de irmã e aquela mulher que te criou até então não são, de fato, sua família. E que não se trata apenas de um caso de adoção: você foi roubado na maternidade. Como se tal revelação não fosse perturbadora o suficiente, sua mãe é presa sob a acusação de envolvimento no roubo e seus pais biológicos (e totalmente desconhecidos) aparecem em sua casa, sorridentes, para levá-lo para seu novo lar. É muita informação de uma vez, né? Pois é exatamente o que acontece com Pierre, o protagonista de “Mãe só há uma”.


Se lidar com mudanças já é algo difícil, imagine ter que encarar uma tão drástica quanto a mostrada no filme. Ainda mais na adolescência, um momento de tantas dúvidas e incertezas. Ser arrancado do âmago de uma família e jogado em outra é perder sua história, sua identidade, o que só complica ainda mais essa fase de descobertas.


Além de perder a mãe (que sempre vai ser a mãe, já que é aquela que o criou desde bebê), Pierre ainda tem que lidar com o afastamento da irmã (que é levada para morar em outra casa), com a imposição de novos parentes e de um estilo de vida diferente, e com expectativas (muitas expectativas).


Mas a visão de Pierre é só um ângulo do problema. É claro que ele está sofrendo com tanta pressão, mas a nova família também está. Em muitos momentos, eles são invasivos, forçam a intimidade, querem escolher o que o filho mais velho vai vestir e o que vai estudar... realmente enchem o saco, mas são apenas pessoas tentando acertar, compensar o tempo perdido, oferecer o melhor (ou o que acham que seja o melhor).


Para a mãe biológica, também é frustrante encontrar o filho perdido depois de tanto tempo, tê-lo ali ao alcance da mão e vê-lo se distanciar, tanto em busca da antiga mãe quanto de sua própria independência; para o pai, é decepcionante finalmente ter seu primogênito diante de si, e ele não gostar de esportes, querer seguir uma carreira diferente, ter um comportamento que ele não compreende; para o filho mais novo, é duro perder a posição de filho único, ver o recém-chegado ganhar tanta atenção e ainda fazer os pais infelizes.


Enfim, acompanhar as consequências do roubo de uma criança na vida dos envolvidos é uma jornada que exige fôlego, um drama que mistura alegria e tristeza, sonhos destruídos e esperanças renovadas. Foi intenso, mas adorei a experiência. Recomendo muito!

Nota: 4/5

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Sobre a diretora:

Anna Muylaert é uma roteirista e diretora natural de São Paulo, Brasil. Formada pela Escola de Comunicação e Artes da USP, participou da equipe de criação de programas de TV como “Mundo da Lua”, “Castelo Rá-tim-bum” e “Um menino muito maluquinho”. Também participou da elaboração dos roteiros da série “Filhos do Carnaval” (HBO) e do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”. Seu filme mais recente (embora lançado antes de “Mãe só há uma”) é o multipremiado “Que horas ela volta?”, que lhe rendeu um convite para integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.  

2 comentários:

  1. Eu vi muita divulgação desse filme no Facebook mas não tinha ideia do que se tratava.
    Um filme forte, pelo que vc disse. Agora eu quero ver.
    bjs

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  2. Jeniffer,
    Sim, é forte. Faz pensar em muitas coisas.
    Bjo

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Obrigada pelo comentário!
Respondo todos por aqui mesmo, OK?
Pode demorar um pouquinho, mas não deixo de responder ;)