Sai o corvo de Poe, entra o urubu-de-cabeça-preta, tão
presente no Brasil. Sai o castelo em ruínas, entra um casebre sertanejo. Ainda
assim, a Berê de “Carniça” encontra o mesmo destino que muitas moçoilas dos
contos do autor gótico norte-americano: a morte. Seu marido, Jonas, é chegado
em bebedeiras e bordel. Quando Berê o confronta e decide ir embora de casa, o
sujeito, como tantos outros que consideram a esposa sua propriedade, a mata.
Acreditando ter resolvido seu problema, ele segue em frente. Só que, assim como
os protagonistas das histórias de Poe, Jonas começa a ser atormentado pela
culpa, e um cheiro de carniça o acompanha aonde quer que ele vá.
O paralelo entre esses dois universos é excelente, e a
arte sombria e gore expressa perfeitamente os horrores de toda a situação. O
mais incrível é conseguir contar tão bem uma história assim intensa em apenas
20 páginas. A típica leitura que eu queria que durasse mais. Recomendo
fortemente.
Nota: 5/5
(Publicado no Instagram em 17 de outubro de 2021)
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Obrigada pelo comentário!
Respondo todos por aqui mesmo, OK?
Pode demorar um pouquinho, mas não deixo de responder ;)