“É da
natureza de todo ser humano encher-se de empáfia e ufanar-se da própria
autoridade. Se não aparecer ninguém mais forte que possa maltratá-los, não sei
onde sua presunção poderá chegar. Se seu egoísmo parasse nesse nível, seria
suportável, mas já tive notícia de que a depravação moral dos seres humanos é
inúmeras vezes mais lamentável".
A
história é narrada pelo gato sem
nome, que faz observações perspicazes sobre os seres humanos e suas
imbecilidades. Com muito sarcasmo, o gato analisa a mais diversa fauna que
passa pela casa do professor Kushami,
seu amo e adotante.
O
gato tem o dom da telepatia e por isso consegue enxergar tão bem a alma humana,
embora não entenda muitos comportamentos do Homo
sapiens e considere pura estupidez muitas atitudes dessa espécie. Ele é capaz ainda de perceber todas as falsidades e mentiras que os humanos não notam (ou fingem não
notar). Por exemplo, seu amo é visto como uma pessoa culta e importante pela
família e pelos amigos, mas o gato sabe que, no fundo, ele é uma fraude: fica
trancado no quarto fingindo ler, mas sempre dorme antes da segunda página, escreve
errado, tem grandes aspirações, mas seu talento é nulo.
Os
amigos do professor Kushami também não ficam atrás no quesito babaquice, mas o
meu preferido é Meitei, perito em
inventar histórias mirabolantes e enganar as pessoas. A esposa, a cozinheira,
os vizinhos... ninguém escapa do crivo do felino. Aliás, há outros gatos na
história, bichanos que moram na vizinhança e com os quais o protagonista interage. Suas
características e comportamentos dizem muito a respeito de seus donos e
refletem a sociedade japonesa (e mundial, de certa forma).
Divertido
e mordaz, não há como não se identificar com o (triste) quadro dos humanos
pintado pelo gato narrador. Um verdadeiro tratado sobre a natureza humana e um livro
que faz pensar em como nos vemos e como somos vistos. Muito bom!
“Não
há nada mais inescrutável do que a psicologia humana”.
Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob.
8 comentários:
Sempre achei os gatos astutos e esnobes, de modo que é curioso saber o ponto de vista deles em relação ao humanos. Gostei demais da dica. Não conhecia o livro e já marquei no Skoob como "vou ler". ^^
Bjs ;)
Posso dizer que sempre que eu vejo um gato eu fico pensando nele lendo meus pensamentos e fazendo altos julgamentos sobre mim? kkkkkk
Adorei a premissa do livro, deve ser muito interessante para os amantes desses bichos misteriosos e ariscos!
Vou procurar ;)
Tati
Ana,
Os gatos têm mesmo esse ar de superioridade. Mas se a gente analisar certos comportamentos humanos, acaba dando razão aos bichanos.
Tati,
Hahaha... pior que é assim mesmo! Você começa a ler achando que vai saber mais sobre os gatos, mas acaba descobrindo mais sobre si mesma. Recomendo a todos, amantes de gatos ou não.
Putz, soseki tá na minha lista de leitura com "Coração", mas agora fiquei com vontade de ler esse também!
Acho que é bem cara dos gatos ficarem analisando a gente e pensando como somos babacas! XD~ Por isso tenho um pouco de medo desse bicho (apesar de achar lindo!).
bjão! :*
Mi, eu amei esse livro. Primeiro que pela minha própria experiência, era impossível desconectar esse livro de dois autores: Machado de Assis e Jim Davis. Achei o Natsume Soseki fantástico, e extremamente atual ( ao ponto de compará-lo com um cartunista rs).
Outra coisa que notei de minha leitura, é que tanto lá como cá, oriente ou ocidente, o ser humano parece seguir um padrão de estupidez, falsidade e egoísmo...rs
Enfim, adorei :)
Gostei. Me parece uma crítica ao comportamento social humano em um contexto geral!
Na verdade já estava no meu cronograma deste ano, então agora, me interessei por ele ainda mais.
Aposto que depois de ler esse livro, toda a vez que você olhar um gato vai ficar imaginando o que será que ele está pensando sobre você!HEHEHEHE ^_~
Raíssa,
Ter medo de gatos é bem comum, porque eles conseguem mesmo ver nossa alma. Mas não dá para negar que eles são fascinantes, né?
Karla,
Não tinha pensado nessa comparação. Interessante...
Ah, sim. Gente estúpida tem em todo lugar. O que eu quis dizer é que o livro explora bem alguns aspectos locais, como, por exemplo, o jeito reservado dos orientais, o estilo de vida na área rural japonesa, as camadas de tal sociedade (o professor não era rico, mas tinha respeito dos moradores por ser "estudado", enquanto seu vizinho, o puxador de riquixá [que só conhecemos pelas conversas entre seu gato e o gato do prof.] não tinha conhecimento acadêmico, mas gozava de melhor situação financeira).
Mayllee,
Acho que você vai gostar do livro. Sei bem como é. Sou avaliada todos os dias por 5 pares de olhos felinos...rs
O livro e muito bom o gato cria uma lista agridoçe de todos os defeitos de seu amo!
E alias e muito engraçado ver como ele fala da atitude dos Humanos.
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