domingo, 15 de janeiro de 2017

[Do fundo do baú] Filme: Intocáveis


Philippe (François Cluzet) é um milionário francês de meia-idade que ficou tetraplégico após um acidente de parapente. Com movimentos apenas do pescoço para cima, Philippe precisa que outras pessoas o auxiliem em praticamente tudo. O difícil é conseguir alguém que fique no emprego por mais de algumas semanas. Em mais uma entediante sessão de entrevistas com candidatos ao cargo, Philippe conhece Driss (Omar Sy), e o que era improvável acontece: contrata o rapaz como seu cuidador.


Desde o primeiro momento fica claro que Driss é diferente: ao contrário dos demais candidatos, que se esforçavam para agradar e faziam questão de contabilizar todos os cursos e especializações, ele já chega dizendo que não tinha experiência nenhuma e que estava ali só porque precisava de uma assinatura em sua carta de recomendação para continuar recebendo o auxílio-desemprego. E, quando a entrevistadora pergunta se ele tinha referências, ele logo mostra seu senso de humor, respondendo: “Sim. Kool & the Gang e Earth, Wind & Fire. São boas referências, não?”, apresentando suas referências musicais.


No início, Driss não quer tocar em Philippe, não aceita vestir nele as meias de compressão, se recusa a limpá-lo. Aceita o emprego apenas porque precisava de um lugar para morar depois que sua mãe o expulsa de casa ao descobrir que ele havia sido preso por roubar uma joalheria. Aos poucos, transformações acontecem nos dois personagens: Philippe passa a apreciar o estilo sem papas na língua de Driss, suas piadas politicamente incorretas e suas músicas dançantes, ao mesmo tempo em que Driss começa a aprender sobre artes plásticas e música clássica. O mais importante, contudo, é que, por causa de Driss, Philippe recupera sua autoestima e coragem para enfrentar os desafios diários, e, graças a Philippe, Driss supera seu medo de voar e entende qual papel lhe cabe em sua família.


Apesar de o filme nos apresentar um personagem tetraplégico e sua dependência do cuidador e de uma série de auxiliares, em momento algum a história se torna forçadamente triste ou piegas. Pelo contrário, o filme é muito engraçado. A leveza com que Driss encara a vida se reflete em tudo. Por fim, o que começa como uma relação profissional entre paciente e cuidador se transforma em uma amizade altamente improvável, mas extremamente tocante e sincera.


O filme é baseado na autobiografia de Philippe Pozo Di Borgo, publicada pela Intrínseca sob o título “O Segundo Suspiro”. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas já li em algumas resenhas que, na obra impressa, a mulher de Philippe (já falecida no filme) tem um papel muito importante em seu processo de superação, bem como a fé. Para algumas pessoas, essa alteração da trama pode ter sido um ponto negativo, mas achei que deu mais força à história. Vejam bem, não tenho nada contra a fé (qualquer que seja ela). Acho válido e muito bonito pessoas que creem de verdade em algo, mas infelizmente não partilho desse sentimento. Então achei bacana o personagem de Philippe ter contado apenas com sua própria força de vontade e apoio das pessoas que o cercavam para mudar sua realidade. O fato de não explicitar se ele era ou não uma pessoa de fé e o foco mais voltado para a amizade, a meu ver, foram boas mudanças.

Beijo e até a próxima!

Trailer legendado:

[Post editado. Veja AQUI o texto originalmente publicado em 25/08/2012 no Equalize da Leitura]

2 comentários:

Luiza Lamas disse...

Oi! Eu simplesmente AMO o filme Intocáveis! É um dos meus favoritos da vida!
Não sabia que ele era baseado em um livro, já marquei como desejado no Skoob e quero ler muito em breve.
Obrigada pela dica ;)
Beijo.
Lu - Choque Literário.

Michelle disse...

Luiza,
Esse filme é daqueles para ter na coleção e rever sempre, né? Que bom que gostou da dica ;)