Lembram de quando eu disse que sinto falta de histórias simples e sensíveis no cinema brasileiro?
Então... aqui vai mais um exemplo, desta vez vindo da França.
Em "Minhas tardes com Margueritte" vemos um Gerard Depardieu gordo interpretando Germain Chazes, um personagem rústico, semianalfabeto, que faz comentários impróprios nos momentos errados. Ele é um operário que vive num trailer ao lado da casa da mãe e cultiva uma horta, mantendo também o hobby de entalhar madeira. Por causa de seu jeito meio bronco e do baixo grau de instrução, ele é constantemente zombado por seus patrões e amigos de bar. No entanto, por trás dessa figura meio caipira e desajeitada há um homem de grande sensibilidade e com um enorme coração.
Um dos passatempos preferidos de Germain é sentar-se em um banco do parque e observar os pombos. Observar só não: ele os conta e dá nome a eles. Num desses dias, ele conhece Margueritte, uma senhora de 95 anos que também costumava ir ao parque ver os pombos e para ler e reler seus livros favoritos. A empatia é imediata e, assim, Germain e Margueritte passam a se encontrar diariamente. No início, Margueritte lia trechos de algumas obras. Depois, acaba presenteando Germain com alguns desses livros. Apesar de feliz com a gentileza, os livros o amedrontam, pois ele tem grande dificuldade para ler. Flashbacks nos mostram cenas da infância de Germain: xingado e agredido pela mãe que não queria ter um filho, humilhado por professores e colegas da escola devido a sua dificuldade de leitura e raciocínio lento.
Até que um dia, Margueritte o presenteia com um dicionário. Em casa, Germain decide procurar o significado de algumas palavras, mas, desconhecendo a grafia delas, encontra grande dificuldade para localizá-las. Frustrado, ele devolve o dicionário e desculpa-se, dizendo que as palavras que ele conhece não existem no dicionário, e que com as que existem ele não concorda.
Todavia, uma revelação de Margueritte faz com que ele decida esforçar-se para melhorar a leitura: ela tem uma degeneração macular senil, ou seja, está perdendo a visão. Com a ajuda de sua namorada e sob a vigilância de seu gato escudeiro, a habilidade de leitura de Germain melhora, e ele passa então a ler para aquela que o fez despertar para o mundo da literatura.
Uma linda fábula sobre como a literatura aproxima as pessoas nesses tempos estranhos de tecnologia, reality shows, desvalorização da educação, passividade e preguiça mental.
2 comentários:
Esse filme é muito, MUITO FOFINHO! O começo eu achei meio chato, mas depois fui descobrindo o grande homem que o personagem do Gerdad é e me apaixonei pela história! *o*
Ótima escolha! :D
Beijos!
http://www.pronomeinterrogativo.com
Vale a pena ver o filme? Fiquei em dúvida, pois não gostei muito de Potiche (blasfemia?)
Adorei o blog!
Beijo.
Carlos
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