Esta
semana assisti a dois filmes nacionais que estão passando direto no Telecine:
Assalto ao Banco Central e VIPs, ambos baseados em histórias reais.
Assalto
ao Banco Central é baseado no caso verídico ocorrido entre 6 e 7 de agosto de
2005, no Ceará. Um bando de criminosos se une em torno de um elaborado plano
que levou 3 meses para ser executado e teve como saldo o roubo de
aproximadamente 164 milhões de reais, configurando o maior roubo a banco do
Brasil e o segundo maior do mundo. Dessa quantia, apenas 20 milhões foram
recuperados até hoje.
No
filme, o cérebro por trás do plano mirabolante é Barão (Milhem Cortaz) que,
junto com sua mulher, Carla (Hermila Guedes), começa a reunir os membros do
grupo para tirar o plano do papel, entre eles Mineiro (Eriberto Leão), o
rostinho bonito que acabara de sair da prisão, Doutor (Tonico Pereira), o
engenheiro do bando, Tatu (Gero Camilo), o mestre-de-obras, e Léo (Heitor
Martinez), ex-policial corrupto afastado da corporação. Com a equipe montada,
eles criam uma empresa de fachada que supostamente vende grama sintética e
colocam o plano em andamento. No núcleo policial, temos Chico Amorim (Lima
Duarte), delegado encarregado do caso, e Giulia Gam (Telma Monteiro),
especialista em perícia criminal.
Com
um tema desses, o filme deveria ter ação, certo? Errado. A história tinha tudo
para ser daquelas de prender a atenção do início ao fim, mas infelizmente não é
o que acontece. As cenas de escolha dos membros da quadrilha são intercaladas
com cenas pós-descoberta do roubo, trechos da escavação do túnel são alternados
com fragmentos da investigação e do interrogatório e, de alguma forma, isso
acaba fazendo com que o filme perca o ritmo. A narrativa truncada é uma ótima
forma de se contar uma história, mas neste caso não funcionou. Outra coisa que
me incomodou muito foi a trilha sonora, que achei equivocada na maioria das
cenas.
No
fim, a trama é arrastada e os personagens não são cativantes. Em um filme de
polícia e bandido, o mínimo que se espera é que o espectador se identifique e
torça por um dos times, mas a única coisa que senti foi indiferença. O único
personagem que acabou me surpreendendo foi o Doutor, que considerei o mais
irritante no desenrolar da história, mas que, no final, mostrou sua verdadeira
cara. Uma pena que um filme que poderia ser um excelente exemplo de cinema de
ação nacional não tenha conseguido nem chegar perto disso.
Na
sequência, assisti a VIPs, inspirado no livro VIPs: Histórias Reais de um Mundo
Mentiroso, que conta a vida do estelionatário Marcelo Nascimento da Rocha, que
se passou por muitas pessoas, inclusive por filho do dono da companhia aérea
GOL.
No
filme, Marcelo é interpretado por Wagner Moura e tem como companhia constante o
piloto de avião (Norival Rizzo), o pai imaginário idealizado por ele. O filme
mostra três fases principais de Marcelo: a adolescência, quando era conhecido
como Bizarro e já apresentava o hábito de imitar colegas de classe e
professores; o início da vida adulta, quando sai de casa determinado a ser um
piloto de avião e se transforma no personagem Carrera; e no fim, quando decide
ser "alguém" na vida e finge ser Henrique Constantino, filho do dono
da GOL.
A
pressão para “ser alguém” é algo que sua mãe, uma simples cabeleireira de
bairro, vive enfatizando. Por isso, ao sair de casa para fazer um curso de
pilotagem e ver seu sonho sendo adiado mais e mais, Marcelo não pensa duas
vezes ao começar a trabalhar para um importante chefão do narcotráfico paraguaio, realizando assim seu sonho de voar, ainda que por pouco tempo. A fase do Carrera é a minha preferida, quando ainda não estava
evidente o lado estelionatário de Marcelo, quando suas ações pareciam ser
apenas atos de rebeldia juvenil para alcançar os objetivos.
Depois,
ao voltar para casa e decidir ter o sucesso a qualquer preço, dá para ver o
quanto o cara era frio e perturbado (mas ainda assim, bom para caramba em
mentir e fingir). Nessa parte do filme, o que mais me admirou não foram todas
as artimanhas do protagonista, e sim a imensa capacidade de fingimento e
puxa-saquismo dos outros envolvidos, a gigantesca vontade de agradar pessoas
ricas e influentes, pois mesmo sem ser reconhecido imediatamente, bastou uma
pessoa dizer que Marcelo era Henrique Constantino e todos ao redor começaram a
bajulá-lo. A única a perceber o golpe foi Sandra (Arieta Corrêa), que conhecia
o tal Henrique desde criança. No entanto, ela fica fascinada com as invenções
de Marcelo e decide dar corda a ele, para ver até onde a mentira poderia ir.
VIPs
também é um filme problemático, com cortes abruptos, muita informação para
pouco tempo de história, mas se sai melhor que o outro nacional comentado aqui.
Grande parte do bom resultado se deve ao Wagner Moura, claro. Não é daqueles
imperdíveis, mas serve como passatempo.
4 comentários:
Acredita que um dos assaltantes do Banco Central estudou na minha sala quando eu era criança? Pois é, e ele era um garoto comum que nos emprestava quadrinhos. Vai ver ele leu muito as histórias dos Irmãos Metralha assaltando o Tio Patinhas, rs. Beijo!
Sério? Hahaha... pode ser.
bjo
Oi Michelle!
Desses eu vi o VIPs e concordo com vc, o filme tem uma trama interessante mas é cheio de falhas e se não fosse a atuação do Wagner seria um filme muito ruim. Li uma crítica sobre esse filme do assalto e dizia a mesma coisa que vc ressaltou: q falta ação no filme, tem até umas falhas graves de continuidade nas cenas e tals.
Na falta de filmes bons, não sei se vc já viu 'o homem que copiava', eu gosto bastante.
Bju
O Homem que Copiava é bem legal.
Boa lembrança.
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