Toda
primeira segunda-feira do mês, Lillian abre as portas de seu restaurante para
uma turma de oito alunos, que adentram a Escola dos Sabores em busca de solução
para problemas de ordem prática: aprender a cozinhar para não morrer de fome,
ter ideias para um jantar, desvendar uma técnica culinária específica. No
entanto, por trás dessas questões banais se escondem as verdadeiras motivações
dos aprendizes: reafirmar-se como indivíduo, estreitar os laços do casamento,
ganhar autoconfiança, fazer as pazes consigo mesmo. E é em meio aos mais
diversos aromas, texturas e sabores que a mágica acontece.
Lillian
aprendeu a cozinhar muito cedo, por necessidade. Depois que seu pai abandonou o
lar, quando ela tinha quatro anos de idade, a mãe caiu em depressão e se afundou
nos livros, relegando ao segundo plano a filha e todas as atividades
domésticas. Assim, Lillian foi aprendendo na prática o que fazer para
sobreviver e, aos 12 anos, já cuidava da casa sozinha. Um dia, conversando com
Abuelita, a simpática dona do mercadinho de produtos exóticos, Lillian teve a
Grande Ideia: despertar sua mãe do torpor em que vivia por meio de comidas que
a fizessem recuperar suas memórias mais felizes.
“A quantidade do tempero dentro da
sacolinha que Abuelita lhe dera era bem pequena. Ali estava ele, silencioso,
discreto, cor de areia de praia molhada. Ela desfez o nó que fechava o saquinho
e redemoinhos de ouro quente e alcaçuz subiram dançando até seu nariz, trazendo
consigo quilômetros de desertos distantes e um céu escuro, sem estrelas, uma
melancolia que ela pôde sentir no fundo dos olhos, na ponta dos dedos. Ao
pousar o saquinho sobre a bancada, Lillian entendeu que aquela especiaria era
mais adulta que ela”.
E
assim foi. Mesmo enfrentando muita resistência por parte da mãe, Lillian não
desistiu. Cada pequeno lampejo de vida que via passar pelos olhos da mãe era um
importante estímulo para Lillian. Porém, a fuga literária da mãe gerou em
Lilian uma raiva contra os livros em geral. Lillian não conseguia nem mesmo
abrir um caderno de receitas e, de certa forma, isso acabou colaborando para a
criação de seu método de ensino intuitivo.
Na
Escola de Sabores, os alunos obviamente não encontravam a solução para os
motivos que supostamente os levaram até lá. No entanto, na cozinha do restaurante
eles conseguiam mergulhar fundo em si mesmos e resgatavam memórias que lhes
mostravam do que realmente estavam em busca. Preparando os mais diversos
pratos, eles descobrem que, mais do que alimentar o corpo, os ingredientes têm
a função de alimentar a alma, nossos sonhos e lembranças.
Um daqueles livros que despertam nossa memória olfativa e gustativa, mesmo sem nos fazer sentir cheiro ou gosto de nada. Dá vontade de largar o livro e correr para um daqueles mercados chiques de programa de culinária americano. Só não leia com fome!
Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob
Um daqueles livros que despertam nossa memória olfativa e gustativa, mesmo sem nos fazer sentir cheiro ou gosto de nada. Dá vontade de largar o livro e correr para um daqueles mercados chiques de programa de culinária americano. Só não leia com fome!
Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob
Um comentário:
esse livro é lindo e dá fome! XD~
o único que eu consegui ler pro DL 2012, hahah!
bjs bjs!
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