“Ali
estava eu, em uma pequena ilha grega, partilhando uma refeição com uma bela
mulher, mais velha, que eu conhecera no dia anterior. Essa mulher amava Sumire.
Mas não sentia nenhum desejo sexual por ela. Sumire amava essa mulher e a
desejava. Eu amava Sumire e sentia desejo sexual por ela. Sumire gostava de
mim, mas não me amava, e não sentia nenhum desejo por mim. Eu sentia desejo
sexual por uma mulher que permanecerá anônima. Mas não a amava. Era tudo tão
complicado, como algo em uma peça existencial. Tudo acabava em um impasse, não
restava nenhuma alternativa”.
(página
137)
K. é
o narrador da história. Professor primário, nunca teve grandes aspirações na
vida, e o acaso naturalmente o levou para essa profissão. Cheio de dúvidas
existenciais, a única pessoa com quem consegue se abrir é Sumire, a garota
estranha que conheceu na faculdade e por quem nutre um amor não-correspondido.
Embora tenham visões de mundo diferentes, o vício de leitura os une. A rejeição
de Sumire faz com que K. desenvolva o hábito de se envolver com muitas
mulheres, sem se apegar a nenhuma.
Sumire
é uma jovem de 22 anos que usa cabelos despenteados e roupas de tamanho muito
maior que seu manequim. Seu grande objetivo na vida é ser escritora e, para ter
mais tempo para se dedicar à escrita e realizar seu sonho, abandona a
faculdade. Embora produza em abundância, não consegue definir o que é essencial
e o que é supérfluo, e acaba criando muitas histórias com ótimos começos e fins
espetaculares, mas nunca as duas coisas ao mesmo tempo. Tem em K. seu melhor
amigo e a única pessoa a quem confia seus manuscritos, mas infelizmente não
sente atração por ele. Sua falta de experiência de mundo, que a impede de ser
uma grande escritora, parece finalmente ter chegado ao fim quando ela conhece
Miu e se apaixona pela primeira vez.
Miu
é uma empresária bem-sucedida, casada, 17 anos mais velha que Sumire. Elas se
conhecem na festa de casamento do primo de Sumire e imediatamente se dão bem. É
ela quem oferece um emprego formal de secretária a Sumire, pois mesmo sem saber
muito a respeito da garota, vê nela um potencial a ser explorado. A paixão por
música clássica, em especialmente pelo piano, é o que aproxima as personagens,
mas é a admiração de Sumire pelos escritores beatniks e a pouca informação de
Miu sobre tal geração literária que transforma essa última na “Querida Sputnik”
de Sumire.
À primeira
vista, parece um romance comum envolvendo um triângulo amoroso, mas o livro
surpreende ao transformar a história em um suspense policial e ao mudar de gênero
novamente mais para o final e inserir toques sobrenaturais. Os personagens são
muito peculiares e diferentes entre si. Apesar disso, todos têm um passado de
perdas e desilusões e uma nuvem de melancolia paira constantemente sobre eles.
A tristeza e a sensação de não-pertencimento estão presentes o tempo todo,
mesmo quando o autor descreve as paisagens paradisíacas das ilhas gregas ou a
beleza das vinícolas e concertos europeus. Com uma narrativa ricamente detalhada,
que nos arrasta para dentro da trama enquanto lemos, e uma história envolvente,
a leitura flui sem dificuldade.
Posso
dizer que gostei muito do livro e que, embora não tenha sido um dos meus
preferidos do ano, apreciei esse primeiro contato com a obra de Murakami. Pretendo
ler outras histórias dele para entender melhor o motivo de tanto alvoroço com
relação ao escritor.
Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob
Quando este post e o de sexta-feira forem publicados estarei ao ar livre, bem longe das parafernálias tecnológicas. Podem deixar comentário que semana que vem respondo tudo, OK?
Beijo!
Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob
*****
Amigos,Quando este post e o de sexta-feira forem publicados estarei ao ar livre, bem longe das parafernálias tecnológicas. Podem deixar comentário que semana que vem respondo tudo, OK?
Beijo!
7 comentários:
Nunca li nada do Murakami... Mas tenho muita vontade de conhecer tbm. Me indicaram o Norweigian Wood dele pra ler, vou ver se acho. :)
gostei da resenha!
bjs! Descansa bastante. :)
Michelle, tenho muita curiosidade com esse autor, em breve espero ler alguma coisa dele. Ótima resenha! Beijos e boa viagem!!! =)
Tô de volta! Mais cansada do que quando fui e com alguns quilos a mais, porém com novo fôlego.
Em breve posto fotos e comentários.
Todo mundo fala do Norwegian Wood, mas é tão grande e tão caro! O Sputnik consegui emprestado em um Livro Viajante. Também fiquei curiosa para ler outros.
bjo!
Meu novo lema vai ser: antes tarde do que nunca. Só que não. HUAHA
Adorei a sua resenha, de verdade. E fiquei com vontade de ler o livro mesmo. Agora eu não posso ter nenhum tipo de vontade desse, mas com certeza entrou pra minha lista.
Eu nem imaginava que seria isso. De início, ele ficou no meio do caminho entre "não tenho vontade" e "pode ser legal", mas conforme fui lendo a sua resenha fui ficando curiosa pra ver no que isso ia dar.
Particularmente gostei do desenvolvimento de Minha querida sputnik, a primeira vista o enredo é comum, história romântica de amores não correspondidos, no entanto aparentemente vai mudando totalmente conforme prossegue a leitura, deixando que o leitor pense que de alguma forma o escritor ficou confuso no desenrolar da trama,já que como a a michelle disse o gênero foi mudado pelo menos umas três vezes, porém não é nada que pudesse deixar a desejar, além do minha querida sputnik eu tive o prazer de ler mais duas obra do Murakami e perceber que a escrita dele é única mas as histórias de alguma maneira muito são levemente
parecidas.
A propósito meu nome é Priscila e adorei o seu site já está na lista dos meus favoritos rs.
Oi, Priscila!
Obrigada pela visita e pelas palavras.
Já ouvi ótimos comentários sobre o estilo do Murakami, justamente isso de histórias diferentes, mas levemente parecidas. Com certeza é um autor que quero conhecer melhor.
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