“Há
poemas-filme, poemas-manifesto, poemas-jogo, poemas-cérebro, poemas-biografia,
poemas-música, poemas-pintura, poemas-geladeira, poemas-lista-telefônica,
poemas-analgésico, poemas-digestivo, poemas-almofada, poemas-sex-shop,
poemas-obituário, poemas-etc. Federico García Lorca (1998-1936) escreveu
poemas-poema. Seu lirismo não pede desculpas por ser o que é”.
(sinopse
da contracapa por Fabrício Corsaletti).
E
pronto! Por fim tenho que encarar o único tema do ano que é realmente
desafiante para mim: Poesia. Nem
mesmo o mês da Viagem no Tempo, com histórias de ficção
científica, foi páreo para as dificuldades que enfrento agora. Não sei se é
apenas falta de hábito ou se é incompatibilidade mesmo, o fato é que não gosto
de poesia. Talvez sejam as paixões inflamadas com as quais não me identifico,
talvez seja só estranhamento da forma. Enfim... vou tentar falar o que achei do
livro.
Os
poemas de García Lorca são, como o
próprio título diz, sonetos que apresentam o tema clássico do amor. Acho que
esse tipo de literatura deve ser um dos mais difíceis de produzir e, pelo pouco
que conheço do estilo, acredito que o trabalho de Lorca seja muito bom. Falando
com sinceridade (fãs de Lorca e de poesia, não me ataquem pedras!), o que eu
mais gostei no livro foi poder comparar o texto original em espanhol com sua
tradução para o português, além da apresentação do tradutor. Posso imaginar
perfeitamente a dificuldade de se traduzir textos abstratos, tentando manter o
ritmo e a sonoridade em línguas distintas. Com as agruras do tradutor, consegui
criar um vínculo imediato.
Mas
para não dizer que só reclamei, separei um dos poemas de que mais gostei:
Casida
II
DO
PRANTO
Fechei a minha sacada
porque não quero ouvir o pranto,
mas por detrás dos muros grises
não se ouve outra coisa que o pranto.
Há pouquíssimos anjos que cantem,
há pouquíssimos cães que ladrem,
mil violinos cabem na palma da minha mão.
Mas o pranto é um cão imenso,
o pranto é um anjo imenso,
o pranto é um violino imenso,
as lágrimas amordaçam o vento,
e não se ouve outra coisa que o pranto.
E
por enquanto é isso. O próximo poeta que encararei: Neruda. Aguardem.
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