Maycomb, Alabama. No começo dos anos
30, época da Grande Depressão Americana,
o empobrecimento dos brancos conservadores dos estados sulistas americanos
agrava a tensão racial. Tom Robinson,
negro, é acusado de ter estuprado uma garota branca. Atticus Finch, respeitável advogado branco, é designado para
defendê-lo e não mede esforços para provar que o acusado é inocente, virando,
assim, alvo de comentários maldosos e intimidações. Os filhos de Atticus, Jem e Scout, que até então só pensavam em se divertir nas férias de verão
com o amigo Dill, também são
envolvidos nas ameaças, e acabam entrando nos jogos adultos, deixando para trás
a inocência e as brincadeiras infantis.
“As
pessoas moviam-se devagar naquela época. Passeavam pela praça, percorrendo sem
pressa as lojas que as rodeavam; faziam tudo com calma, não se afobavam por
coisa alguma. O dia tinha vinte e quatro horas, mas parecia mais longo. Não havia
pressa, pois não havia aonde ir, nada para comprar, nem dinheiro para tal, nada
para ver fora dos limites do município de Maycomb. Contudo, aquela era uma época
de vago otimismo para boa parte da população: o município fora avisado
recentemente de que nada tinha a temer a não ser seu próprio medo”.
O
livro é dividido em duas partes. Na
primeira, conhecemos brevemente o histórico dos Finch, uma das famílias mais
tradicionais do Alabama, vinda da Filadélfia. Também é nessa fase que ficamos
sabendo um pouco mais sobre a população sulista, seus hábitos, sua hierarquia e
seus preconceitos. Além dos personagens principais, também são apresentados
alguns vizinhos e conhecidos da família. O tom de Sessão da Tarde é inegável, com Scout, a narradora, contando suas
aventuras ao lado do irmão mais velho e do amigo Dill, que sempre ia passar as
férias na casa da tia, vizinha dos Finch.
Entre
os diversos passatempos das crianças, um era o mais frequentemente escolhido:
tentar descobrir os fatos reais por trás da história do recluso “Boo” Radley, vizinho que nunca saía de
casa e sobre o qual circulava uma série de boatos. Além de tentar fazer
contato com Boo, a garotada também passava boas horas encenando as passagens
mais marcantes de suas lendas preferidas sobre o vizinho que jamais tinham
visto.
No
entanto, na segunda parte, a trama
fica mais séria e sombria. A narrativa se transforma em uma intrigante história
de tribunal, com praticamente toda a cidade se mobilizando para assistir ao
julgamento. É nesse trecho que compreendemos um pouco mais do estilo “livre e descuidado” de Atticus
ao tratar de assuntos domésticos: ele permitia que Scout vestisse macacão (um
pecado para as finas damas da sociedade de Maycomb!), que os filhos
conversassem com adultos de igual para igual, que a empregada negra soubesse de
todos os assuntos da casa. Todas essas “liberdades” escandalizavam os vizinhos,
exceto Ms. Maudie, uma das raras pessoas a pensar da mesma forma que Atticus.
Ao
longo dos 3 anos de história apresentados no livro, pude acompanhar o
amadurecimento de Scout e Jem e, sobretudo, os esforços de Atticus para fazer o
certo e mudar as coisas, apesar do universo conspirar contra ele. Sua
integridade é admirável e ele passa com louvor pelo teste final, que toma a forma de uma confusão
envolvendo seus próprios filhos, um de seus desafetos, e, quem diria, o sumido
Boo Radley.
Fazia
tempo que eu não pegava para ler algo que prendesse tanto a atenção, que
tivesse personagens tão encantadores e que contasse tão bem uma história
universal sobre preconceito, respeito ao próximo, aceitação das diferenças e
luta pelos ideais, tudo isso com uma linguagem simples e um estilo envolvente.
Não é à toa que virou clássico, né?
“O Sol é para Todos” é o único livro da
escritora Harper Lee, foi publicado
em 1960, ganhou o Pulitzer, foi traduzido para 40 idiomas, vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo todo,
ganhou uma adaptação cinematográfica em
1962 (da qual falarei em breve ATUALIZADO: o post está AQUI) e se tornou um dos livros mais influentes da literatura americana, entrando
para a lista da Times Magazine como um dos Cem
Melhores Romances de Todos os Tempos.
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Esta postagem faz parte das leituras do Charlie's Booklist - Janeiro.
Esta postagem também faz parte do Desafio Realmente Desafiante 2013 - Item 18: Ler um livro com letras amarelas na capa. Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do DRD2013, clique AQUI.
14 comentários:
Meu comentario sumiu o.O
Enfim, eu n lembro tudo q escrevi mas era algo como: 'n vi o filme, apesar de ter vontade e adorei a resenha, ela é bem esclarecedora'
Bjinhos
Esse é um dos meus livros preferidos, lindo demais! =)
Hummm, bom saber, é um dos meus livros no Desafio Literário 2013, livros que aparecem em filmes. Desde que eu assisti Capote fiquei interessada e agora surgiu a oportunidade de ser "obrigada" a ler!
Beijo,
Tati
Oie
Eu já queria ler o livro por conta do desafio, mas fiquei com mais vontade ainda após ter lido sobre ele no livro O lado bom da vida, onde o protagonista o cita como sendo o um livro positivo em meio a tantos livros com finais pessimistas na literatura americana.
Preciso desse livro pra ontem!!
bjos
Nedina,
Eu me surpreendi com esse livro. Não espera nada e me apaixonei.
Lua,
Lindo mesmo!
Tati,
Às vezes é bom ler coisas por "obrigação", né?
Jacque,
Não sabia que o livro também era citado em O Lado Bom da Vida. Prova de que é mesmo um clássico!
Tava só esperando ler o livro pra vir aqui ver a sua resenha. Quando eu terminei não tive muita ideia do que falar... foi estranho. Eu gostei do livro o tempo inteiro, mas não sabia definir muito bem. Seu penúltimo parágrafo consegue colocar boa parte disso em palavras, gostei bastante.
Eu não tinha feito a relação com Sessão da Tarde, mas é isso mesmo. HUAHA E é tão simples e cativante...
Agora eu entendo por que tanto falam do livro. Acho que merece mesmo todo esse destaque que tem.
(e também não sabia da referência em O Lado Bom da Vida, mais um pra lista! HAUH)
~Dana
Oi, Dana!
Muitas vezes a gente ouve muitos comentários elogiosos sobre algo e se decepciona. Felizmente, esse não foi o caso aqui. E olha que estamos só no começo das leituras, hein?
Gostei da resenha!
Estou com vontade de ler "O Sol é para todos" desde que vi um vídeo da Tati Feltrin sobre o livro.
Se der, talvez leia algum livro para o Charlie's Books List (se entrar no desafio e tal, rs).
Beijos!
Puxa, já ouvi falar muito do filme (sempre perdia as exibições no TCM), mas nunca vi, nem ouvi nada sobre o livro. Gostei bastante da história e agora quero ler. :)
Concordo com o que você disse pra Dana, realmente às vezes a gente ouve comentários supervalorizando alguma coisa, e qdo vê, não é tudo isso... Bom saber que o livro é realmente um bom livro, e com ótimas personagens (fator que já me faz ficar com vontade de ler). Tá na lista!
bjs!
Vou ler este livro para o DL2013, na categoria livros citados em filmes pq ele é lido pela Mandy Moore em Um Amor para Recordar, inclusive este é um dos motivos de eu ter rodado as livrarias da Flórida á caça deste livro ahahhahh. Nem li muito sua resenha pq não gosto de saber NADA sobre a história rsss. Assim que eu ler volto aqui para conferir direitinho sua opinião.
Beijocas
Mariana,
Mesmo que vc não leia para o desafio, vale a pena conhecer quando tiver uma oportunidade, viu?
Raíssa,
Eu ainda não consegui ver o filme. Essa maratona do Oscar está tomando todo o meu tempo. Mas leia sim! Juro que os elogios, desta vez, não são propaganda enganosa!
Vivi,
Olha aí... mais uma citação que eu não conhecia. Estou descobrindo várias ultimamente. Depois que você tiver lido, a gente conversa mais sobre ele então.
Amo este livro e recomendo a todos. Adoro a maneira como ele é narrado.
Beijos!
Parabéns pela resenha, adorei!!!!
Acabei de conhecer seu blog e já estou seguindo, te espero no meu blog: leituras,vida e paixões!!!!
Tambem estou participando desse desafio da clícia.
Adorei a ressenha! Tanto do livro quanto do filme! Fiquei com muita vontade de ver o filme!
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