terça-feira, 21 de maio de 2013

Teatro: Edukators



“Edukators” conta a história de três jovens idealistas que realizam protestos pacíficos contra a desigualdade social invadindo as mansões dos ricaços para mudar os móveis de lugar e deixar bilhetes com mensagens de revolução. No entanto, em uma das invasões, eles são surpreendidos pelo proprietário e, sem muitas opções para escapar da prisão, acabam sequestrando o empresário, o que muda não só a dinâmica do trio no campo da militância, mas também da amizade.

Os Educadores brazucas
O filme do diretor Hans Weingartner, lançado em 2004, se passa em Berlim. A versão que chega aos palcos não especifica a cidade e faz pequenas alterações à história para torná-la mais atual e universal. É uma livre adaptação do filme que mantém a essência da trama: a inquietação e o inconformismo dos jovens com o abismo entre classes sociais criado pelo capitalismo.

Os originais
Eu assisti ao filme quando chegou aos cinemas brasileiros (não lembro se foi exibido em mostra ou no circuito comercial) e achei incrível. Assim, desde que fiquei sabendo que havia uma peça inspirada no filme sendo exibida no Brasil, fiquei louca para assistir. Quando a montagem veio para São Paulo, corri para comprar o ingresso e, no sábado passado, fui conferir a apresentação no Sesc Belenzinho.


A surpresa começa logo que entramos na sala, onde não havia um palco, e sim duas fileiras de cadeiras e banquinhos dispostas uma em frente à outra, formando um corredor. Em uma extremidade do corredor, uma pequena plataforma elevada; na outra, um telão apresentando as cenas externas. Em determinado momento, os atores saem correndo e chamando o público para trás de uma cortina, onde há cadeiras dispostas em uma arquibancada, de onde podemos acompanhar o restante da peça, agora sim encenada no palco.


Confesso que fiquei incomodada quando entrei na sala e dei de cara com essa organização. Não sou fã de peças com a participação ativa da plateia; gosto mesmo é de sentar e assistir, não de atuar. Mas depois do susto de ter que sair correndo atrás dos atores, entendi o que pretendiam com isso: fazer com que deixássemos de ser meros espectadores para sermos, nós também, invasores e protestantes.


O restante da história se deu mais ou menos como eu me lembro do filme, mostrando como as indignações e os protestos juvenis, embora inocentes demais às vezes, têm sua importância. No embate com o refém milionário, fica claro o quanto nossos ideais mudam ao longo da vida e o quanto deixamos nossos sonhos de lado para seguir vivendo (e sobrevivendo apenas). Aliás, "Edukators" não fala só de problemas sociais: fala de amizade, de amor, de felicidade, de como nos prendemos à rigidez das relações trabalhistas e pessoais... enfim, fala de como podemos reverter a ordem das coisas ou pelo menos tentar algo diferente (embora, como mostrado, algumas coisas nunca mudem).


Não vou falar mais da história. Só recomendo a todos que vejam a peça e/ou o filme.

“Edukators” – a peça – fica em cartaz até 26 de maio no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Para saber mais sobre a história, confira a entrevista com a atriz Natália Lage exibida no Metrópolis. E para obter informações fresquinhas, curta a página dos Edukators no Facebook.

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(Clique para ampliar)


Outra dica para quem for ao Sesc Belenzinho é aproveitar para visitar a exposição HQBR21 – O Quadrinho Brasileiro do Novo Século, em cartaz até 11 de agosto. Está bem bacana!

3 comentários:

Eve Fowl disse...

Nossa, fizeram uma peça do filme, que legal!
Eu assisti o filme a uns anos atrás e achei muito bom, me fez pensar muito sobre os ideais e que muitas vezes, eles não duram a vida inteira (ou nós não conseguimos fazer com que dure, não sei).

Eu gostaria de assistir a peça, mas ficaria incomodada com a idéia de sair correndo atrás dos atores.

Anônimo disse...

O filme é realmente muito bom e provocador. A peça deve ser curiosa.

Michelle disse...

Eve,
Eu levei um susto. Sabe quando a gente demora uns segundos até reagir? Foi assim. Mas a peça é bem bacana.

Julia,
Adorei a montagem (apesar do desconforto da interatividade).