quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Série: The Middle


Os Heck são uma família de gente simples que mora em uma cidadezinha no estado de Indiana, no Meio-Oeste americano. À primeira vista, essa é apenas uma família típica americana: a mãe amorosa, o pai trabalhador, o filho esportista, a filha estudiosa e o caçula não planejado. No entanto, ao olharmos mais de perto, podemos notar que a faceta “família de comercial de margarina” é só a mais superficial e sem graça dos Heck. Eles são bons mesmo em... comer porcaria, ver TV e se meter em todo tipo de confusão!


“The Middle” é o tipo de seriado que você tem que assistir de coração aberto, sem esperar uma narrativa inovadora, histórias com tramas mirabolantes ou muitas indicações em premiações (embora a série tenha conquistado alguns prêmios). Como eu disse ali no parágrafo introdutório, é um programa sobre pessoas comuns e, por isso mesmo, é impossível não se identificar em algum nível com a bagunça dessa família. Sabem como é... de perto, ninguém é normal.


A protagonista e narradora da série é Frankie (Patricia Heaton), a mãe. Ou como ela mesma costuma dizer, “a pior mãe do mundo”. Não, ela não é má pessoa. Pelo contrário, Frankie ama os filhos e faz tudo o que pode por eles, mas ela é um tanto preguiçosa e desorganizada (em uma casa em que o caos impera e ninguém colabora). Sua desculpa é ser uma mãe que trabalha fora. Na verdade, ela apenas não gosta de serviços domésticos (e quem gosta?), mas, ao contrário das demais pessoas, Frankie não se esforça para manter as aparências. Ela simplesmente assume sua falha e pronto. Para que perder tempo fazendo comida? Fast food está aí para isso, não é mesmo? Gastar horas limpando a casa? Não... tem coisa muito mais importante na vida, como, por exemplo, os programas de TV.


E é isso que torna Frankie tão legal. Ela é humana. Ela sabe que não se empenha em ser uma boa dona de casa e vive questionando sua performance como mãe (ah... a eterna culpa), não deixa de pensar em como teria sido se não tivesse tido filhos (ou se tivesse 1 ou 2). Frankie é o tipo de mãe que parece ideal às vezes (quando ajuda com os trabalhos escolares do caçula, quando se vira para conseguir dinheiro para dar um presente legal à filha), enquanto em outras ocasiões faz coisas que não gostaríamos que nossas mães fizessem (ela vive esquecendo de buscar/levar os filhos, acha todos os artesanatos escolares uma porcaria - e de fato são mesmo). Resumindo... ela é ótima!


Mike (Neil Flynn) é o pai que passa o dia todo trabalhando e, quando chega em casa à noite, só quer ficar no seu canto vendo TV. Sempre é visto como o mais legal, pois deixa para Frankie as broncas e castigos. Paciente e caladão, ele um pai típico (pelo menos para mim). Uma das poucas coisas que irritam Mike são reuniões familiares. Os feriados e outras datas comemorativas em que ele tem que aturar os seus parentes e os de Frankie o deixam maluco (e quem é que não fica irritado nessas ocasiões?).


Já os filhos, não poderiam ser mais diversos. Axl (Charlie McDermotté o mais velho, o astro do esporte, bonitão, popular e um tanto tapado. Sim, é um personagem bem estereotipado e às vezes meio irritante, com seu jeito de falar alto demais e de se sentir o ser mais injustiçado do mundo (adolescentes!). No entanto, em momentos de crise vemos que é um garoto inteligente e com um grande coração, que só faz pose de mau para manter sua reputação escolar. Está sempre na companhia de seus dois melhores amigos da equipe de futebol americano que são tão ou mais descerebrados que o próprio Axl.


Sue (Eden Sher) é a típica Pollyanna: nada abala seu otimismo. Como toda filha do meio, ela é invisível, pois não tem as mesmas dificuldades do irmão mais novo e tampouco tem a mesma rebeldia ou o mesmo brilhantismo nos esportes que o mais velho. Aliás, atividades físicas são um problema para ela. Apesar de ser a pessoa mais descoordenada e desprovida de talentos atléticos, ela está sempre se inscrevendo nas mais diversas modalidades esportivas e, claro, falha miseravelmente em tudo, mas não desiste nunca. É o tipo de aluna zoada na escola, que anda com uma turma de esquisitos e participa de um grupo de jovens da igreja local. Ela é capaz de tudo para ser aceita. Sua ingenuidade é algo que desperta raiva, pena e amor em mim. Meu segundo personagem favorito da série.


Por fim, temos Brick (Atticus Shaffer), o filho que nasceu "por descuido". Sim, Frankie e Mike não escondem que só planejaram 2 filhos, tanto que até hoje, uns 9-10 anos depois de seu nascimento, Brick ainda usa uma cadeira de praia para sentar-se à mesa (é... os Heck são campeões da procrastinação). O membro mais novo da família tem problemas para se relacionar com outras pessoas e prefere livros aos amigos (já falei um pouco sobre o Brick no post de leitores vorazes em séries). Além disso, tem umas manias esquisitas, como lamber coisas e repetir a última palavra das frases para si mesmo. Também é incapaz de manter algum animal vivo (ou qualquer outra coisa viva deixada sob seus cuidados). Por isso, faz terapia com outras crianças especiais na escola. O mais legal é que seus argumentos para suas atitudes excepcionais sempre desbancam e enlouquecem os terapeutas e conselheiros. É muito divertido!


Enfim... “The Middle” é uma série que comecei a ver sem expectativa nenhuma, quando estreou para tapar buraco entre duas temporadas de uma outra série qualquer que eu acompanhava na Warner, e me conquistou justamente por sua simplicidade, seu humor leve, seus personagens tão amáveis e desajustados quanto qualquer ente querido de qualquer família. 


E eu estava me sentindo órfã porque a quarta (e supostamente última) temporada acabou, mas eis que esta semana descubro que os Heck estão de volta para mais episódios divertidos e causadores de vergonha alheia. Yessss!!


Para todos aqueles que conhecem as dores e as alegrias da convivência familiar.

6 comentários:

mm amarelo disse...

Nossa, estou tão precisada de indicações de séries... Vi a primeira temporada de The Office, gostei, mas não levei adiante, mas fora ela não tenho ideia do tem rolado de bom. Preciso me atualizar, rs.
beijos,
Maira

Anônimo disse...

Acho a Sue de morrer de rir de de morrer de ter vergonha alheia!!

Michelle disse...

Maira,
Eu adoro The Office, mas depois que soube da saída do Steve Carell, não me animei para continuar assistindo. Acho que vou voltar um dia, só não sei se agora.

Julia,
A Sue é tão sem noção e tão ingênua... sério. Eu rio muito com ela, mas fico com muita vergonha alheia.

Unknown disse...

Eu comecei a assistir sem nenhuma pretensão,estava assistindo the big bang de madrugada e começou a passar the middle. Fiquei muito viciado.
Sempre começa com tudo dando errado e no fim acaba tudo dando certo.
Mas sempre com lição de vida.
Comecei a seguir a Patrícia no Instagram e ela me seguiu de volta.
Eu já era apaixonado pela série,
Agora é que estou mais ainda. ganhou um lugar cativo em meus sentimentos com Friends e the big bang.

Fran Jardim disse...

Olá.. Estou aqui em 2017 e descubro este post tão lindo e tão verdadeiro sobre esta série. The Midle me conquistou igual foi com você. No começo vc não da nada pela série,mas acaba se apaixonando! Particularmente eu amo a frank e o brick. Ela é maravilhosa!como você disse.. Que não se espelha em algum deles? Quem não se espelha nesta mãe! O que acho em the midle é que eles com sua simplicidade tocam cada vez mai meu coração. Para mim é uma série encantadora.

Michelle disse...

Nino,
Que bacana sua interação com a Patricia! The Middle é assim mesmo: despretensiosa, mas cativante.

Fran,
É uma série que sempre indico e que ganha o espectador pela simplicidade, né? Bom saber que você gostou do post :)