No interior do Ceará, nos anos 70, a chegada da TV rouba o público dos
cinemas e, assim, Francisgleydisson, o dono do pequeno Cine Holliúdy, é
obrigado a mudar com a família para outra cidade, onde enfrenta mais uma vez a
ameaça da televisão e a burocracia, mas faz de tudo transportar a pitoresca plateia
para dentro da fantasia das telas.
Como eu já tinha comentado no
último “Contando os Dias”, estava
louca para ver esse filme desde que assisti ao trailer e, como previsto,
escalaram o filme para poucos horários e em um número ridículo de salas aqui em
São Paulo. Sem contar que a estreia aconteceu no mesmo fim de semana de
"Em Chamas". E em tempos em que as distribuidoras querem enfiar
filmes dublados pela goela abaixo dos espectadores, jogar nas telas um filme
nacional com legendas é praticamente uma insanidade. Receita para o desastre.
Mas quem tiver espírito
aventureiro e a oportunidade de assistir “Cine
Holliúdy” não vai se arrepender. O filme é uma bela homenagem à sétima arte
e resgata ainda um pedaço da história do Brasil e do próprio cinema nacional.
De um jeito divertido e peculiar, acompanhamos a jornada do herói Francisgleydisson (Edmilson Filho), sua esposa (Miriam Freeland) e seu
filho (Joel Gomes), além do simpático mico-leão Montanha, bichinho de
estimação da família, ao chegarem a uma cidade nova em uma derradeira tentativa
de viver de exibição de filmes, a grande paixão de Francisgleydisson.
Os personagens são bem caricatos
e exagerados, mas é impossível não rir de suas presepadas. O sotaque, a fala
rápida e as gírias locais dão um tempero a mais à produção e as legendas
realmente foram úteis nos primeiros cinco minutos, tempo que meus ouvidos
demoraram para se acostumar às novidades. Depois disso, já não foram mais
necessárias para mim. Mesmo assim, achei o recurso bem interessante.
Outro ponto que agradou bastante
foi o resgate dos filmes antigos e clássicos de kung fu, que viram febre na cidadezinha em que o Cine Holliúdy se
instala. Imagens toscas, dublagem sem sincronia e com adaptações engraçadas
tiveram gostinho de infância e a performance ao vivo do próprio
Francisgleydisson foi impagável e arrancou risadas. A cena do pastor fazendo
milagre na igreja também foi de chorar de rir.
A mistura de “O Auto da Compadecida” com “Cinema
Paradiso” foi bem satisfatória para mim. Fazia tempo que eu não ria tanto
de situações tão ingênuas e bobas, mas com tanta naturalidade que é
praticamente impossível ficar imune. Acho que o filme tem tudo para ser um
sucesso quando exibido na tela da Globo. Pena que sua carreira no cinema tenha
sido tão mal planejada.
2 comentários:
Oie Mi
já disse que estou super afim de assistir esse filme? preciso assistir uma comédia engraçada, e cheia de presepada. Ótima indicação.
bjos
www.mybooklit.com
Jacque,
É um dos filmes nacionais de comédia de que mais gostei. Depois fala se gostou!
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