Jerry e Adam são dois americanos pobretões que moram no mesmo edifício em
Paris. O primeiro é um pintor que nunca fez uma exposição; o segundo é um
pianista que nunca apresentou um concerto. Um dia, parece que a sorte de ambos
começa a mudar quando um cantor famoso, amigo de Adam, surge com uma proposta
de negócio e, ao mesmo tempo, Jerry conhece uma mulher que quer sua
patrocinadora. Mas então Jerry encontra uma garota encantadora e, claro, ela
pode arruinar os planos dos amigos.
Henri, Jerry e Adam em um momento de descontração |
“Sinfonia em Paris” é um musical com
uma trama de comédia romântica bem previsível (mocinha namora mocinho X, mas
não resiste ao charme do mocinho Y, a quem odeia no início, mas com quem fica
invariavelmente no final) em uma versão de Paris que faz parte do inconsciente
coletivo: uma cidade linda, que respira artes e inspira romance, onde os
apaixonados podem sair cantando e dançando pelas ruas enquanto cruzam com
personagens adoráveis. E todos esses clichês funcionam que é uma beleza!
Jerry cai na armadilha de Milo |
Aqui
temos Gene Kelly interpretando Jerry,
um típico americano, querido entre a criançada devido ao seu jeito engraçado e
aos chicletes que distribui, um cara que não é exatamente bonitão, mas que
conquista com seus galanteios e bom humor. Já seu amigo e vizinho Adam, vivido por Oscar Levant, é seu oposto:
mal-humorado e sem jeito com as mulheres. Fazendo a ponte entre os dois temos Henri (Georges Guétary), o
cantor famoso que namora Lise (Leslie Caron), a garota que
desestabiliza a equação. Para fechar, temos Milo (Nina Foch), a
benfeitora de Jerry que decide fazer dele um artista renomado, mas que espera do pintor muito mais que reconhecimento em troca.
Lise na imaginação de Adam |
Para
mim, as coisas acontecem rápido demais. Milo vê as pinturas de Jerry na rua e
já o convida para uma festa no mesmo dia. Ele, por sua vez, esbarra em Lise no
bar e já se apaixona perdidamente. OK, sei que é um filme romântico, mas isso
me incomodou. Eu até relevaria tudo isso se o diretor tivesse tido a ousadia
que encerrar o filme 1 minuto e pouco antes, com um desfecho nada romântico que
apenas insinuou, mas que, com certeza, chocaria todos os espectadores dos anos
50 ávidos por um "foram felizes para sempre".
E Lisa arrasando corações no número final |
Embora
o filme não tenha números musicais tão marcantes ou divertidos quanto "Cantando na Chuva", por
exemplo, há muitos bons momentos, geralmente envolvendo o sempre carismático
Gene Kelly (adoro o número com as crianças!) e não há como negar que o musical
final de mais de 15 minutos impressiona, com sua coreografia superelaborada e
diversas mudanças de cenários e de figurino. Outra cena que me agradou foi
a primeira aparição de Lise em várias versões de si mesma, conforme imaginada
por Adam e descrita por Henri. O passeio da câmera pelo minúsculo apartamento multifuncional
de Jerry também é muito bacana.
A escada problemática |
Mais uma cena muito legal e que merece destaque é aquela em que Henri canta enquanto sobe e desce uma
escadaria enorme, cercada por bailarinas que enfeitam até os lustres. A equipe
de produção teve grandes dificuldades para acender e apagar os degraus no
momento exato em que o ator pisava neles ou tirava os pés. Hoje pode parecer
algo simples de se fazer, mas na época gerou muita preocupação.
Jerry saindo do quadro |
Soluções
criativas para questões como a apresentada acima, um número musical de 18
minutos com dezenas de bailarinos, figurinos luxuosos, cenários muito bem
feitos (apenas 2 cenas foram de fato rodadas em Paris) e uma técnica narrativa
inovadora que incluía a entrada e saída dos personagens de pinturas famosas em um
momento de divagação fizeram com que “Sinfonia de Paris” abocanhasse 6 estatuetas do Oscar: “Melhor Filme”, “Melhor Roteiro”, “Melhor
Direção de Arte e Cenários”, “Melhor
Trilha Sonora”, “Melhor Fotografia”
e “Melhor Figurino”, sendo o segundo
longa-metragem colorido a ganhar um Oscar da categoria principal, em 1952.
Musical romântico gostoso de assistir. Um prato cheio para quem gosta. E tem o Gene Kelly, que, sozinho, já faz o filme valer a pena.
Vou deixar aqui o link de um trechinho de "Our Love is Here to Stay", o número mais romântico ever! Lindo ver Gene e Leslie nessa dança.
Este post faz parte do Projeto Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos os agraciados com o Oscar de Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE AQUI ou no banner na barra lateral do blog.
2 comentários:
OI MIchele, eu adoro musicais mesmo sendo com histórias previsíveis. Melhor ainda cquando todos os clichês.
Adorei as dicas dos filmes.
beijos
Chris
Inventando com a Mamãe
Oi, Michelle! Eu não assisti o filme ainda, mas só o título já é convidativo.
Paris é um sonho... Apesar de somente duas cenas terem sido feitas na cidade, a fotografia compensa. *_____*
E mesmo clichê, o filme tem aquele charme das produções antigas.
Bjs ;)
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