quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Leia o Livro, Veja o Filme: Vidas Sem Rumo

O LIVRO: THE OUTSIDERS / VIDAS SEM RUMO

Nos anos 60, em Oklahoma, uma cidade é o cenário de brigas constantes entre dois grupos distintos: os “Socs” – garotada rica que usa suéteres e desfila para cima e para baixo em seus carrões; e os “Greasers” – jovens pobres que têm orgulho de seus cabelos cheios de gel e de suas jaquetas e que encontram no grupo o verdadeiro senso de família. Apesar das aparentes diferenças, Socs e Greasers em breve descobrirão que são mais parecidos do que imaginam.

A história é narrada por Ponyboy Curtis, de 14 anos, membro mais jovem da gangue dos Greasers, aceito apenas pela boa reputação de seus irmãos: Sodapop – irmão do meio, bonito e brincalhão (o ídolo de Ponyboy) e Darrel - o mais velho, alto, forte, durão e inteligente (mas com quem Ponyboy tem algumas desavenças). A eles se juntam Steve Randle – melhor amigo de Soda, esperto e petulante; Metido Matthews - corpulento, falastrão, que rouba por lazer e adora enganar a polícia; Dallas - casca-grossa, tem uma vasta ficha criminal, morou em NY e participava de brigas de gangue, sem pudor e sem moral; e Johnny - o segundo mais novo da turma e melhor amigo de Ponyboy, franzino, sempre tenso e desconfiado.

Como fica claro desde o início, Socs e Greasers se odeiam apenas por pertencerem a classes sociais diferentes. O tédio e a sensação de pertencimento fazem com que as lutas sejam a única válvula de escape desses jovens. No entanto, para os Greasers as brigas têm ainda mais importância, pois representam a única ocasião em que estão em pé de igualdade com os Socs; apenas por alguns minutos eles se esquecem de suas vidas miseráveis e da total falta de perspectiva de um futuro melhor. Para os garotos pobres, a bando também supre o amor carinho e a atenção que eles não recebem em casa, uns porque vêm de lares violentos, outros porque não têm mais os pais (que é o caso dos irmãos Curtis).

O que eu mais gostei em “Vidas Sem Rumo” é a forma com as delicadas relações de amizade entre os Greasers são mostradas. Jovens que se unem na desgraça, que superam suas diferenças com respeito, que apoiam uns aos outros em qualquer tipo de situação. A dinâmica entre os irmãos Curtis é muito crível, inclusive as birras infantis de Ponyboy com o irmão mais velho, que levam involuntariamente ao evento trágico que muda o destino de alguns e afeta a todos, forçando o amadurecimento dos garotos.  Mais uma vez, Susan E. Hinton conseguiu me conquistar com sua escrita simples e ágil e provou ser capaz de retratar os anseios da juventude de qualquer época.

"Fiquei imaginando aquilo, pelo menos tentei. Talvez Cherry ficasse parada, olhando o sol se pôr na hora em que devia estar levando o lixo para fora. Ficava lá olhando e se esquecia de tudo o mais, até o irmão mais velho gritar para ela andar logo. Balancei a cabeça. Achava aquilo gozado ela ver do quintal da casa dela o mesmo pôr do sol que eu via dos degraus de trás do meu prédio. Talvez os dois mundos diferentes em que vivíamos não fossem tão diferentes assim. Víamos o mesmo pôr do sol."

Divertido, violento, triste... Imperdível!

Este post faz parte do Desafio Literário 2013 - Mês de Novembro: Livros Banidos. Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do DL2013, clique AQUI. 

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O FILME: THE OUTSIDERS / VIDAS SEM RUMO

Mais uma obra de Susan E. Hinton adaptada por Francis Ford Coppola e, desta vez, cheia de atores talentosos que ficariam famosos anos depois: Patrick Swayze, Matt Dillon, Emilio Estévez, Rob Lowe, Ralph Macchio, Tom Cruise. Ainda conta com Diane Lane, linda, ruiva e jovenzinha, como o pivô de uma briga (não que os confrontos precisassem de um motivo).

Ponyboy e Cherry curtindo um filminho

Ao contrário do que aconteceu comigo quando assisti a "O Selvagem da Motocicleta" (e me decepcionei com o motoqueiro, que em nada lembrava a imagem que eu havia erroneamente criado do personagem), aprovei o visual bad boy à la James Dean que eu tinha idealizado anteriormente. Aliás, foi uma ótima surpresa ter Matt Dillon encarnando Dallas, já que no livro ele é descrito como um “duende/lince” de atitudes repugnantes, mas que, mesmo assim, arrasa corações. Não conseguia imaginar como um cara com feições de duende e ainda por cima grosso e mal-humorado poderia chamar a atenção de uma garota como Cherry. Já a atração da menina Soc pelo Dallas de Coppola é compreensível. Um upgrade e tanto!

Johnny, Ponyboy e Dallas fazendo cara de maus

Sobre o visual do filme como um todo, gostei bastante, especialmente das cenas de leituras de poema e do livro "... E o vento levou" e da briga final, em que a chuva aumentou a carga dramática. E, para melhorar ainda mais, a trama se passa nos anos 60, ou seja, tem todo aquele apelo dos carrões, drive-ins e brilhantina iniciado na década anterior e que perdurava na primeira metade da seguinte. Adoro! O resultado não é tão bonito nem tão impactante quanto o de "O Selvagem...", mas me agradou.

Ponyboy e Johnny em fuga

Embora eu considere uma boa adaptação, senti falta dos dramas dos irmãos Curtis e dos detalhes que tornavam cada um deles único e importante, da admiração de Ponyboy por Sodapop, do histórico de amadurecimento precoce de Darrel ao assumir os cuidados dos mais novos.

Reunião familiar dos Curtis

Ah... a trilha sonora é bem melhor que a de “O Selvagem...”. \o/
E descobri que existe uma série também, da qual Coppola é produtor executivo. Dá para assistir aos episódios pelo YouTube. Os atores são diferentes, mas parece que o clima da história original é mantido. Nem preciso dizer que estou louca para ver!

Está longe de ser perfeito (eu daria 3 estrelas e meia), mas é um filme bonito, que consegue captar a essência do livro. Recomendo!

Trailer (sem legenda)


Veredicto: Leia o livro, veja o filme e ouça a trilha sonora, especialmente a do relançamento, que substituiu as músicas instrumentais por rock dos anos 50/60, com direito a muito Elvis.

9 comentários:

Anônimo disse...

Aee, finalmente! rs Legal que você fez o contrário de mim, leu o Selvagem antes. Como já disse lá no blog, adoro esse filme do Coppola porque o vi na adolescência e me marcou. Ah, trilha sonora BEM melhor, hehehe.

Sarah disse...

Noooosa Mi, túnel do tempo total agora! Não li o livro, mas lembro que esse filme alegrava minha sessão da tarde, com essa chuva de bonitões. O "karatê kid" ralph macchio é o mais feinho deles, coitado. Mas o Matt Dillon é o perfeito cara de duende-esquisito-badboy-gatinho!!
bjos

Melissa Padilha disse...

Uma das coisas que mais gosto neste seus posts, é que em vários deles não fazia a menor ideia que o filme era baseado em um livro ou vice-versa. Fico aqui anotando tudo para ver/ler :)
bjos

Rê Lima disse...

Como não amar??? Eu fiz o caminho inverso, primeiro vi o filme, depois me interessei pelo livro. E apesar da riqueza do livro, eu curti demais o filme porque foi através dele que eu descobri esses meninos tão incríveis, com dramas tão reais, com vidas tão complicadas.
Preciso reler!!!
Adorei ler seu post,
Michelle!!!
Beijos grandes!

Maura C. disse...

Adorei a postagem, Michelle! :)

Não conhecia o livro nem o filme, já anotei o título!
Quero ler e assistir em breve o/
Acredito que gostarei bastante só por ler seus comentários sobre ambos, e eu adoro os anos 60: "carrões, drive-ins e brilhantina" é comigo mesma, rs.

Beigos!

Jacqueline Braga disse...

Oie Mi
eu ia morrer e não saberia que tinha livro desse filme. Eu assisti ao filme já faz tanto tempo, que nem me lembro direito. Mas agora quero ler o livro para relembrar tudo
bjos
www.mybooklit.com

Michelle disse...

Lua,
Queria ler esse logo que você postou, mas acabou não encaixando nos outros temas. Agora deu certo! E sem comparação essa trilha com a de O Selvagem, né?

Sarah,
O Macchio é mesmo o mais feinho, as o personagem dele é tão fofo... E acredita que eu nunca tinha visto o filme?

Mel,
Eu adoro fazer essas comparações. Pura curiosidade mesmo. Que bom que você curte também ;)

Renata,
A história é muito bonita mesmo. E eu gosto do estilo da escrita. Devorei o livro em 2 dias.

Maura,
São bons, viu? E se você gosta dos carrões e do estilo anos 50-60, vai gostar da história, certeza!

Michelle disse...

Jacque,
O livro é ótimo. Achei ainda mais emocionante que o filme. Se puder, leia sim.

Claudia Leonardi disse...

Amei o livro!
Assisti o filme quando lançou e ainda me lembro bem dele.
Vou assistir de novo
Adoro os atores e agora vou prestar mais atenção ainda
Querida, obrigada mais uma vez pelo empréstimo!
Bjks mil