A
policial Jane Rizzoli e seu parceiro Thomas Moore enfrentam um pesadelo: novos
ataques de um serial killer conhecido como “O Cirurgião”. O problema é que o
assassino foi morto anos atrás. Seria um imitador? Ou um comparsa que até então
havia passado despercebido? E como o criminoso conhece tantos detalhes do caso?
Poderia ser alguém infiltrado na polícia ou nos hospitais?
Faz
tempo que estava curiosa para ler algo da Tess
Gerritsen. Até já tinha alguns livros dela em casa, mas por um motivo ou
outro acabava adiando... No mês passado, recebi o "empurrãozinho" que
faltava para finalmente começar a ler essa série incrível: a escolha do
primeiro livro da autora como tema das leituras de novembro do Fórum Entre Pontos e Vírgulas.
A
história é contada a partir de dois pontos de vista: na maior parte do livro, por um
narrador em terceira pessoa; em alguns capítulos, pelo próprio assassino, que
apresenta suas reflexões sobre as vítimas e também fala da morte e
do sacrifício humano em diversas culturas.
O foco
da investigação desse instigante thriller médico são as mulheres vítimas do “Cirurgião”, que são estupradas e
mortas e, ainda por cima, têm o útero removido, a assinatura do criminoso que
sinaliza a humilhação final dos alvos com o roubo da feminilidade delas. A
autora trabalha muito bem a questão das mulheres como "sobreviventes"
em um mundo dominado pelo pensamento masculino: elas têm sempre que se impor,
provar duplamente que são tão boas quanto os homens (principalmente no caso da
detetive Rizzoli, que trabalha em um ambiente majoritariamente masculino e
ainda compete, em casa, com o irmão, para provar sua capacidade) e ainda lutam
contra suas fragilidades (mulheres estupradas que não conseguem contar a
ninguém o que viveram por medo e vergonha, condenadas a viver eternamente em
alerta).
Eu
gosto muito de histórias policiais e o filão de suspense médico me agrada
bastante. Adoro programas do estilo "CSI"
e "Criminal Minds". Aliás,
os livros da Tess Gerritsen foram adaptados para a TV e viraram a série “Rizzoli and Isles”. Alguém já viu? Eu assisti só aos primeiros episódios e por enquanto tive uma boa impressão mas não recomendo que vejam antes de terminar "O Cirurgião", pois há revelações importantes da trama logo nos primeiros minutos. Em breve falo mais do programa para vocês.
Mas
voltando ao livro... além do meu interesse pela investigação e pelos
procedimentos médicos, outra coisa que me conquistou na escrita da autora foram
os personagens bem construídos. Rizzoli é
descrita como uma mulher de 33 anos, baixinha, de olhos e cabelos negros e sem
grandes atributos físicos. É uma pessoa de personalidade forte, teimosa, grossa
e rabugenta (usa esse escudo para afastar as pessoas e se posicionar de igual
para igual com os colegas do sexo masculino no trabalho). É detestada por quase
todos os policiais, com exceção de Barry
Frost, seu parceiro oficial, calmo e com jeito de moleque, e Thomas Moore, designado para o caso do
Cirurgião, e com quem desenvolve uma relação cheia de altos e baixos.
Outra
personagem fundamental nesta trama é a médica Catherine Cordell, a única sobrevivente a um ataque do Cirurgião
anos atrás e que, pouco a pouco e com muito esforço, conseguiu superar parte do
trauma e se tornou uma profissional bem-sucedida (embora no campo das relações
pessoais ainda não consiga se abrir). E é justamente quando se vê novamente
arrastada para seu pior pesadelo que começa a confiar em outra pessoa e se
envolve emocionalmente com o policial Moore, o que gera os conflitos com
Rizzoli. A dinâmica entre Cordell-Moore-Rizzoli é bem bacana. Eles admiram uns
aos outros, mas também se detestam em certas ocasiões. Na verdade, o estilo e
os personagens lembram bastante os de outra autora consagrada dos romances
policiais médicos: Patricia Cornwell
(falei de um de seus livros AQUI).
Enfim...
“O Cirurgião” foi uma ótima experiência. A escrita é fluida, os personagens são
cativantes e o mistério é mantido até quase o fim do livro. Apesar de ter sido
muito doloroso pensar no sofrimento das vítimas, foi uma leitura tensa e
emocionante. Já quero ler os outros da série.
“O
mal não morre. Nunca morre. Ele apenas adota um novo rosto, um novo nome. Só
porque nós fomos tocadas por ele uma vez, não significa que estamos imunes a
sermos feridas de novo. Um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar”.
Suspense
policial de primeira! Indispensável para os fãs do gênero.
Leitura feita para a discussão do Fórum Entre Pontos e Vírgulas.
10 comentários:
Oi, Michelle :) Eu já ouvi falar bem dessa série. E estava aguardando sua resenha (vi que você estava lendo...), para saber sua opinião.
Também gosto de suspense e tramas investigativas. E essa chama mais atenção por se tratar de um thriller médico. Ainda não li nada com essa combinação.
Bjs ;)
OIE Mi
Essa resenha em lembra que preciso urgentemente atualizar meu repertório de romances policiais.
São tantos bons, que eu não dou conta de ler tudo.
Conheci a autora depois de saber que seus livros deram origem a série Rizzoli and Isles, que eu queria muito assistir, mas por falta de tempo nunca consigo.
Vou atrás da coleção de livros, não sabia que a bestbolso também tinha lançado livros dessa série, pois eu vi um que saiu pela Record.
bjos
www.mybooklit.com
Oi, Michelle! :)
Não conhecia a autora, lembro de já ter visto um livro dela (acho que até foi "O cirurgião") na livraria mas não me interessara...
Nunca li nada do tipo romance policial médico, mas acredito que me agradará por que gostava bastante de "CSI" e Law & Order: SVU, durante uns bons anos eu vivia assistindo séries policiais e preferia essas, ultimamente é que não vejo mais nada :\
Bom, voltando a resenha... Gostei mesmo tendo ficado mal ao imaginar o sofrimento das vítimas.
Se chegar a ler o livro, em breve, te digo o que achei :D
Beigos!
Ei Michelle,
fiquei feliz que você gostou! Acho que o grande diferencial da Tess nesse livro é justamente dar voz às vítimas e esse é o elemento que puxa o enredo: o sofrimento é duplo, a violência física, emocional e etc e o estigma social apoiado também em uma violência de gênero. Como você, também achei bem feita a trama entre Cordell-Moore-Rizolli! ;)
Beijos!
MiG, esse foi meu primeiro policial, meu primeiro Tess e fiquei bastante tensa e gostei muito. Ainda mais da capacidade descritiva da autora e do jogo de dubiedade que ela fez com as 3 principais personagens. ;o)
Xêros
Esse é bem meu estilo! Papai Noel, pode me dar esse livro..rsrs
MiG, você já foi lá no fórum ver as discussões? Está bem legal, depois dá uma passadinha lá. Beijão! =)
Oi Michelle !
Só vim comentar aqui depois que terminei o livro!
Gostei bastante, mas achei que a figura central seria mais a Rizzoli e não, a trama central envolve na minha opinião muito mais a Cordell do que a Rizzoli.
Como não tenho muita intimidade com livros policiais, não tenho muita base de comparação, mas adorei a história, me prendeu, me deixou tensa e gostei demais da narrativa da Tess, quero continuar a ler a série.
bjos
Gostei muito da sua resenha, atualmente sou viciada na serie Rizzoli & Isles. Tenho uma pergunta, estou lendo o livro O cirurgião, mas em nenhum momento é citado a participação da DR. Isles, gostaria que me informasse se ela está neste livro ou em que livro sua presença é adicionada. Valeu!!!
Jaciara,
Eu só li o primeiro livro da série e, de fato, a Dra. Isles não aparece nele. Mas, segundo uns amigos que já estão mais avançados na leitura, ela aparece a partir do segundo livro ;)
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