quarta-feira, 4 de junho de 2014

Filme: Vivir es fácil con los ojos cerrados


Antonio (Javier Cámara) é um professor de inglês apaixonado pelos Beatles. Um dia, ele fica sabendo que John Lennon, seu Beatle favorito, está na cidadezinha de Almería gravando um filme, e não pensa duas vezes antes de embarcar em uma viagem para conhecer seu ídolo e fazer um pedido muito especial a ele. Pelo caminho, Antonio faz amigos inesperados e improváveis.


Quem é fã do quarteto de Liverpool já deve ter percebido que o título do filme faz referência a um verso da canção “Strawberry Fields Forever”. A música não poderia ser mais perfeita para ilustrar as experiências de Antonio e seus companheiros de viagem, Belén (Natalia de Molina) e Juanjo (Francesc Colomer). A primeira é uma jovem grávida que foge da instituição em que foi internada pelos pais para, secretamente, dar à luz ao bebê indesejado, que seria a marca da vergonha para ela e sua família. O segundo caroneiro é um garoto de 16 anos que tenta escapar à rigidez e à intolerância do pai policial.


À primeira vista, o trio de protagonistas parece totalmente estranho, mas, como logo se vê, são unidos pela sensação de não-pertencimento. O professor é um cara simples de 30 e poucos anos que se dedica de corpo e alma ao ensino da língua inglesa aos seus alunos. É um sujeito solitário, embora tenha um grande coração. Mais do que conduzir os estudantes no aprendizado de um novo idioma, ele faz de tudo para que encontrem seus caminhos na vida.


Belén está totalmente perdida e amedrontada pelo futuro incerto que a aguarda. Não sabe se deve ter o bebê e dá-lo para adoção ou se prefere ficar com o filho e enfrentar as dificuldades e o preconceito que sua condição de mãe solteira lhe trarão. Já Juanjo só queria poder se expressar livremente, fazer suas próprias escolhas e tê-las respeitada pelo pai.


Como em todo road movie que se preze, neste também há o amadurecimento dos protagonistas. Os olhos se abrem no trajeto, não sem trazer dor. No final, todos aprendem alguma coisa e, se o medo do desconhecido não desaparece, pelo menos não os petrifica.


Escolhi esse filme para ver simplesmente pelo título e porque é uma produção espanhola. Ao longo da sessão, fui ficando cada vez mais apaixonada por aquelas pessoas da tela e pela aura de nostalgia de uma época que não vivi (a história se passa na Espanha, nos anos 60). E, como descobri só depois que o filme terminou e as legendas começaram a subir, Antonio foi inspirado em Juan Carrión, o verdadeiro professor que inglês que, de fato, foi falar com John Lennon para fazer um pedido aparentemente simples, mas que teve um importante papel no ensino de língua estrangeira e na forma de apresentação dos discos em geral.


O filme é uma delícia e ganhou o prêmio Goya 2014 nas categorias de melhor filme, diretor, ator, atriz revelação, roteiro original e canção original. 

Indico para quem está procurando uma história bonita, que tem drama, aventura, romance e ainda deixa aquela sensação de leveza no final.

Trailer (sem legenda):

2 comentários:

Lígia disse...

Não conhecia esse filme, parece interessante. Gosto desse tipo de história que reúne um grupo improvável de pessoas. E se tem algo a ver com Beatles, melhor ainda. ;)

Michelle disse...

Lígia,
Eu achei lindo. Se você assistir, conte o que achou, tá? :)