quinta-feira, 30 de abril de 2015

Resenha: Os Antiquários


Buenos Aires, anos 50. Santiago Lebrón é um rapaz que trabalha com conserto de máquinas de escrever e, por acaso, assume o cargo de um jornalista falecido, responsável pela seção de palavras-cruzadas e pelas mensagens esotéricas. Logo descobre que o cargo é uma fachada, e que trabalha, de fato, para o Ministério do Oculto, o órgão oficial que cuida de assuntos sobrenaturais. Mesmo sem acreditar em nada do que lhe mandam investigar, vai a um encontro de supersticiosos e lá entra em contato com os antiquários, seres estranhos e solitários que vivem cercados de objetos antigos, em sebos ou casas de antiguidades, e que sofrem com a sede primordial.

Nem lembro ao certo como tomei conhecimento desse livro, mas, quando fiquei sabendo que se passava em Buenos Aires e que envolvia mistério, livrarias e uma nova espécie de vampiros, me interessei imediatamente. Durante a adolescência, vivi a febre dos vampiros (no caso, os mais tradicionais: ‘Drácula’, Lestat e companhia). Desde então, os míticos seres passaram por várias atualizações (algumas me agradaram muito, como os dentuços de ‘True Blood’, ‘30 Dias de Noite’ e ‘Deixa Ela Entrar’; outras, como as feras criadas por Guillermo Del Toro, ainda estou digerindo; e algumas, como aqueles que brilham ao sol e se reproduzem, prefiro fingir que não existem). Enfim... o fato é que esses monstros amados e odiados continuam me atraindo e, vez ou outra, me arrisco a conhecer histórias novas com essa temática.

Voltando à trama, o protagonista é um cara simples, que só queria cumprir suas tarefas no jornal e seguir a rotina, mas é lançado em meio a uma convenção de gente bizarra que discute coisas que ele não compreende. Quando, por fim, descobre sobre os antiquários, fica chocado e deseja fugir, mas cai na armadilha de se apaixonar justamente por uma garota que estava envolvida na secreta sociedade que caçava esses seres. Então, Santiago vai se prendendo cada vez mais em uma teia de intrigas e conspirações entre os antiquários e seus exterminadores.

Gostei do livro justamente por inovar no aspecto motivacional dos vampiros: eles não são bestas sanguinárias que destroçam outros seres por simples prazer nem galantes sedutores que não resistem a um pescocinho tenro; são apenas criaturas reclusas que querem viver em paz em meio a livros e objetos antigos, já que a modernidade os assusta. A sede primordial que os atormenta, e que poderia levar à matança, já foi contornada pela invenção de um elixir, cuja fabricação é um mistério. Quando divergências entre grupos do submundo afloram e o suprimento do elixir acaba, as coisas saem do controle, e os pacatos sanguessugas são obrigados a deixar o aconchego para sobreviver. Mas tudo com muita elegância, afinal são os dourados anos 50 e o cenário é a estilosa Buenos Aires.

“Aprendi que uma livraria deve fugir tanto da ordem quando da desordem. Se a livraria for caótica demais e o freguês não puder se orientar sozinho, ele vai embora. Se a ordem for excessiva, o freguês sentirá que conhece a livraria por inteiro, e que nada mais haverá de surpreendê-lo. E vai embora também. Leve-se em conta que os sebos existem só para leitores que detestam fazer perguntas: querem conseguir tudo por si mesmos. Além disso, nunca sabem o que estão procurando, só sabem quando encontram."

Pela mistura inusitada de história policial, vampiros e livrarias antigas em um país sul-americano, recomendo a leitura.

3 comentários:

Angélica Roz disse...

Que bacana Michelle!
Haha! Eu também não aguento "vampiros que brilham". Mas adoro uma boa história de vampiro, principalmente as clássicas.
A sua resenha até me deixou com saudades de ler algum livro sobre vampiros... :)
"Deixa ela entrar" assisti ao filme, mas ainda li o livro.
Beijinhos!!

Eduarda Sampaio disse...

Vi suas respostas lá no blog ; )
Também compartilho da sua fascinação por vampiros. Vi True Blood até o finzinho, mesmo quando a série já estava mais para lá do que para cá. Risos. Mas ainda não li Anne Rice, acredita?
Vampiros em Buenos Aires também seria algo inédito para mim.
Beijo! ^_^

Anônimo disse...

Fiquei hiper curiosa! Vampiros em Buenos Aires! Oh!