LIVRO: Mulherzinhas
"Adoráveis Mulheres”, o filme dos
anos 90 baseado na saga da família March,
é um clássico da Sessão da Tarde (ou
pelo menos era, na minha adolescência) e sempre ocupou um lugar especial no meu
coração. Obviamente, só fui saber do livro quando já era adulta, e apenas este
ano descobri que a história é uma série
("Mulherzinhas” (Little Women),
“Mulherzinhas Crescem/Boas Esposas" (Good Wives), “Um Colégio Diferente/Homenzinhos" (Little Men) e "A Rapaziada de Jo" (Jo’s Boys)). Decidi ler o primeiro livro há alguns meses e até
propus uma leitura compartilhada (que eu, vergonhosamente, não consegui
completar no prazo...rs). Enfim, agora terminei de ler e vim falar pra vocês o
que achei da história.
“Mulherzinhas” conta a história dos
March, outrora uma família de bom nível social que enfrenta muitas dificuldades
quando o chefe de família vai para a guerra. Assim, o que acompanhamos é a
rotina de muito trabalho e pequenas alegrias e descobertas de quatro irmãs (Meg, Jo, Beth e Amy), que são obrigadas a crescer antes
do tempo para ajudar nas tarefas e despesas do lar.
Cada
irmã tem uma personalidade diferente e é descrita em detalhes pela autora: Meg, a mais velha, é preceptora e
anseia por roupas e festas que sua atual condição financeira não permite; Jo é a protagonista desse primeiro
livro (e minha personagem predileta) e se destaca das demais por seu jeito atrapalhado,
modos de moleca e temperamento explosivo; Beth
é a favorita de Jo (e de quase todos que a conhecem), tem um humor dócil,
arredio e caseiro; Amy é a caçula um
tanto mimada e irritante, quer ser artista e gosta de ‘falar difícil’, mas frequentemente tropeça
em seu próprio esnobismo.
A
pobreza que afeta os March traz muitas alterações à vida da família, mas cada
uma delas assume sua parcela (não sem reclamação, é verdade) e se empenha em
fazer do lar um bom lugar para se viver. Mesmo cansadas dos trabalhos diários,
elas estão sempre dispostas a criar histórias e discuti-las em seu clube
literário, inventam constantemente peças de teatro para alegrar a mãe e não
dispensam um bom passeio ao ar livre – principalmente depois que fazem amizade com Laurie, o rapaz da casa ao lado.
Jo e
Laurie ficam amigos logo de cara; ele, encantado com o jeito direto e despojado
dela; ela, feliz por ter alguém com quem conversar que não estivesse sempre
preocupado com a aparência e a etiqueta. Como percebem a certa altura, a
frustração os une, pois o garoto queria ser músico, mas o avô exige que ele vá
para a universidade e assuma os negócios da família, enquanto a garota aspira a
ser escritora e adoraria estudar e conhecer o mundo, mas é impedida por ser
mulher.
O papel da mulher na sociedade, tudo o
que se espera dela e o que lhe permitem é um dos principais temas do livro. Jo
está lá para representar todas as moças que não se enquadram no estereótipo de
garota delicada que tem como principal objetivo da vida o casamento e que ousam
desafiar os padrões estabelecidos para abrir na marra seu caminho até a
felicidade (um caminho bem árduo, é claro).
A
mãe das garotas é a base fundamental do futuro das filhas, defende a liberdade
delas e a busca de seus sonhos da forma que quiserem, mas pondera as escolhas,
ajuda as filhas a verem o mundo como ele é, incentiva com palavras, mas também
acalma com gestos ternos. É sempre nela que Jo busca refúgio quando é tomada
pela raiva; é sempre ela que lhe dá apoio e conselhos que tranquilizam a garota e a
fazem usar a cabeça (e não a força) para driblar os obstáculos de seu caminho.
“Mulherzinhas”
foi o grande sucesso comercial de Louisa
May Alcott, e desde 1868 tem encantado gerações de leitores. A história é
uma espécie de autobiografia ficcional, inspirada na infância da própria autora
e de suas três irmãs. Seus ideais
feministas são retratados no livro, principalmente nas ações e
questionamentos de Jo. Assim como a protagonista, Louisa também enfrentou
preconceitos por ser mulher e chegou a publicar livros sob pseudônimo
masculino. Além de defender a liberdade feminina, Louisa também foi forte defensora do abolicionismo. Foi a
primeira mulher a se registrar para votar em Concord, Massachusetts.
Uma
leitura deliciosa, para leitores de todas as idades e de qualquer sexo.
Links relacionados:
A Aline, do Little Doll House, também leu e vez um vídeo falando do livro.
"A Invenção das Asas" é outro livro incrível que fala de mulheres que lutaram pelo feminismo e pelo abolicionismo.
Como
eu disse lá no começo do post, “Adoráveis
Mulheres” é um filme que me marcou muito. Fazia tempo desde minha última sessão, mas a
cena do cabelo jamais saiu da minha memória (e choro toda vez que vejo, assim
como engoli as lagriminhas teimosas que queriam escapar enquanto lia a
descrição do evento no livro).
Eu
só me lembrava da Winona Ryder como Jo
(aliás, Winona é ídolo da minha adolescência. Que garota crescida nos anos 90
não era louca por ela?) e da Susan
Sarandon no papel da mãe. Fui rever o filme depois que
terminei a leitura e me surpreendi com a presença da Claire Danes como a tímida Beth, Kirsten Dunst como a insuportável Amy (taí outra atriz
contemporânea que tem um lugar especial no meu coração por ter interpretado
papéis maravilhosos na minha juventude) e o Batman Christian Bale encarnando Laurie muito antes de virar Bruce
Wayne.
Passada
a surpresa com tantos nomes conhecidos que eu não me lembrava mais, desfrutei
da história com uma nostalgia que me fez torcer por Jo, rir de suas
confusões e brincadeiras com Laurie, sentir um aperto no peito nos momentos
mais tristes e ficar com vontade de ler os outros livros da série para conhecer
em detalhes os acontecimentos que são mostrados na tela (a primeira hora do
filme segue a trama de "Mulherzinhas",
mas a segunda metade da história se baseia nos outros livros).
Outro choque foi descobrir que existem várias adaptações famosas do livro. Uma de 1949, conhecida como "Quatro Destinos", que traz Elizabeth Taylor no papel de Amy, e uma mais antiga, de 1933, chamada "As Quatro Irmãs", com Katharine Hepburn interpretando Jo. Nem preciso dizer que estou louca para conferir essas versões! Além disso, há também uma adaptação britânica de 1917, um filme para TV, de 1958, e uma série de TV britânica em 6 episódios, também de 1958. Ufa!
O
filme envelheceu muito bem e continua lindo e tocante. Recomendo sempre!
Trailer:
7 comentários:
Mi, seu post ficou lindo, me deu vontade de correr e ver o filme, que ainda não revi depois de ler o livro pois queria ler as continuações. Apesar de algumas coisinhas meio didáticas demais no livro me incomodarem, gostaria que a Olívia lesse um dia também, algumas passagens são maravilhosas. E eu lembrava de todas as atrizes do filme, mas não lembrava quem tinha feito o Laurie! O Batman! Rs adorei. Beijinhos!
Own, que post mais fofo, Michele! *.*
Eu sempre tive vontade de assistir "Adoráveis Mulheres" na íntegra, mas nunca consigo! Winona Ryder <3
Quase comprei a edição em inglês, porque não acho a brasileira nas livrarias físicas. Esse livro está na minha lista há muito! Amo essas histórias que se passam em ambiente familiar, com personagens de personalidades diferentes, ousados e dotados de ideias a frente do seu tempo.
Bjs ;)
Li Mulherzinhas faz muito, muito tempo e já não lembro direito da história, só lembro que a Jo era a melhor personagem e que a Amy era chata :P. Lendo sua resenha fiquei com vontade de reler e de ver o filme.
Adorei a resenha, Michele!
Realmente, tivemos impressões parecidas!
E agora estou desesperada querendo ver essas adaptações mais antigas.
Não sabia delas!
Obrigada por indicar meu vídeo! Também gostei da indicação de "A Invenção das Asas". Que plot é intrigante! Vou procurar!
Beijo!
Não sabia que o livro tinha continuação - nem me lembrava dos atores do filme, tirando a Wynona, que era ídola na época (e depois ficou estranha....). Você vai se aventurar a ler os seguintes?
Gente, eu li sobri eo livro no livro Lições de Vida das Grandes Heroínas da Literatura e fiquei curiosa. Coloquei no carrinho, mas fiquei na duvida se comprava. Ai li tua resenha e fechei a compra logo em seguida. Mal posso esperar para ler ele! *-*
Obrigada pela ajuda!
bjs
www.queriaestarlendo.com.br
Mi,
Seu post ficou incrível.
Eu já tinha lido Sr March que é uma versão da Geraldine Brooks para o tempo em que o personagem fica na guerra e sempre quis ler Mulherzinhasm mas nunca tinha achado para comprar até que um dia eu "topei" com ele.
Aí descobri que se trata de uma série que inclusive contém o 8 primos!!!!!!
Vim procurar os demais livros e achei esse post incrível.
Também curti muito "adoráveis mulheres" mas nunca tinha feito a ligação. E as outras versões? Nunca descobriria.
Adorei todas as informações.
bjs
Luana Lima
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