A
história se passa na Estação Espacial
Internacional, cuja tripulação acaba de fazer a grande descoberta há tempos
esperada: evidência de vida em
Marte. O feito é televisionado, o mundo para para acompanhar
na tela mais esse passo da humanidade rumo à exploração dos confins do
universo, crianças escolhem em um concurso o nome do novo ser: Calvin. Tudo é festa, a criatura
ameboide cresce a uma velocidade espantosa e sua inteligência é ainda mais
surpreendente. Mas as comemorações são interrompidas quando o extraterrestre se
mostra incontrolável e letal.
Naves
espaciais e seus ambientes claustrofóbicos. Um alienígena com enorme poder de
adaptação, uma força descomunal e uma racionalidade inesperada. Desde que 'Alien' (1979), de Ridley Scott,
combinou esses elementos de forma magistral e aterrorizou plateias em todos os
cantos do mundo, o terror espacial virou um gênero (ou subgênero, não importa)
que em igual medida atrai e afasta parcelas do público e, de tempos em tempos,
alguém revisita a cartilha de 'Alien' para tentar seduzir e assustar mais uma
vez os espectadores.
Não
é segredo que sou fã alucinada do xenomorfo de Scott e que não resisto a filmes
que usam a combinação 'espaçonave + criatura do espaço', então, ao ver o
trailer de ‘Vida’, já fiquei toda empolgada
para conferir a produção. Entretanto, se o novo exemplar de terror espacial usa os
mesmos elementos da obra pioneira para criar o desconforto dos trajes dos
astronautas e do interior labiríntico da nave e um ser desconhecido e
sorrateiro para amedrontar, há diferenças significativas de visual que, para
mim, funcionaram muito bem.
Se
nos filmes da série ‘Alien’ as espaçonaves eram escuras e sucateadas (afinal,
eram cargueiros que levavam gente fazendo o trabalho sujo que ninguém mais
queria fazer), em ‘Vida’ a situação é totalmente oposta: é a elite formada
pelos melhores astronautas da Terra que é lançada para explorar um planeta
distante em uma embarcação com corredores iluminados e limpos (pelo menos na primeira parte da projeção) e que conta com
tecnologia de ponta. A tripulação e o alienígena não correm nem se esgueiram
por passagens escuras; eles flutuam pelas câmaras com gravidade zero. A câmera
acompanha o movimento deles, girando em vários ângulos, levando o espectador
junto para aquele ambiente de leveza em que se desenrola um balé mortal.
Para
combinar com um cenário tão clean e iluminado, a criatura é bonita (pelo menos
no início), uma espécie de ameba transparente. Seu corpo gelatinoso e fluido é
perfeito para deslizar pelas paredes e se infiltrar nas fendas mais discretas.
Em suas primeiras cenas, sua interação com o cientista é terna até. Mas é claro
que conforme o bicho cresce e ganha força, sua aparência deixa de ter fofa e
toda a sua maleabilidade se torna realmente assustadora.
O
extraterrestre de ‘Vida’ pode não ter uma baba corrosiva e uma aparência tão
medonha quanto seu parente mais velho, mas elimina suas vítimas com uma
violência parecida. A cena do ratinho de laboratório é espetacular. É triste, é
repugnante e é hipnotizante. Daquelas que te dão pena e nojo, mas que não te
deixam desviar os olhos. E a forma como a criatura dá fim aos tripulantes é
igualmente brutal e plástica. As mortes em gravidade zero dão um efeito muito
bacana.
No
fundo, não importa o quanto a nave seja mais moderna e o quanto a tecnologia
seja mais avançada; o erro é sempre humano. E é por isso que a história, que
tem um final previsível e um desenvolvimento em que os membros da equipe fazem
muita besteira, funciona. O ponto vulnerável de qualquer sistema são sempre as
pessoas. E sua arrogância. E suas mesquinharias. E sua falta de
atenção/cuidado.
Enfim...
adorei o filme. Não é para qualquer um, óbvio. Mas se você curte ficção
científica, terror e monstros do espaço, vá ver. Já aguardo a continuação.
Nota:
4/5
Trailer legendado em português:
Nenhum comentário:
Postar um comentário