terça-feira, 25 de abril de 2017

Filme: Vida


A história se passa na Estação Espacial Internacional, cuja tripulação acaba de fazer a grande descoberta há tempos esperada: evidência de vida em Marte. O feito é televisionado, o mundo para para acompanhar na tela mais esse passo da humanidade rumo à exploração dos confins do universo, crianças escolhem em um concurso o nome do novo ser: Calvin. Tudo é festa, a criatura ameboide cresce a uma velocidade espantosa e sua inteligência é ainda mais surpreendente. Mas as comemorações são interrompidas quando o extraterrestre se mostra incontrolável e letal.


Naves espaciais e seus ambientes claustrofóbicos. Um alienígena com enorme poder de adaptação, uma força descomunal e uma racionalidade inesperada. Desde que 'Alien' (1979), de Ridley Scott, combinou esses elementos de forma magistral e aterrorizou plateias em todos os cantos do mundo, o terror espacial virou um gênero (ou subgênero, não importa) que em igual medida atrai e afasta parcelas do público e, de tempos em tempos, alguém revisita a cartilha de 'Alien' para tentar seduzir e assustar mais uma vez os espectadores.


Não é segredo que sou fã alucinada do xenomorfo de Scott e que não resisto a filmes que usam a combinação 'espaçonave + criatura do espaço', então, ao ver o trailer de ‘Vida’, já fiquei toda empolgada para conferir a produção. Entretanto, se o novo exemplar de terror espacial usa os mesmos elementos da obra pioneira para criar o desconforto dos trajes dos astronautas e do interior labiríntico da nave e um ser desconhecido e sorrateiro para amedrontar, há diferenças significativas de visual que, para mim, funcionaram muito bem.


Se nos filmes da série ‘Alien’ as espaçonaves eram escuras e sucateadas (afinal, eram cargueiros que levavam gente fazendo o trabalho sujo que ninguém mais queria fazer), em ‘Vida’ a situação é totalmente oposta: é a elite formada pelos melhores astronautas da Terra que é lançada para explorar um planeta distante em uma embarcação com corredores iluminados e limpos (pelo menos na primeira parte da projeção) e que conta com tecnologia de ponta. A tripulação e o alienígena não correm nem se esgueiram por passagens escuras; eles flutuam pelas câmaras com gravidade zero. A câmera acompanha o movimento deles, girando em vários ângulos, levando o espectador junto para aquele ambiente de leveza em que se desenrola um balé mortal.


Para combinar com um cenário tão clean e iluminado, a criatura é bonita (pelo menos no início), uma espécie de ameba transparente. Seu corpo gelatinoso e fluido é perfeito para deslizar pelas paredes e se infiltrar nas fendas mais discretas. Em suas primeiras cenas, sua interação com o cientista é terna até. Mas é claro que conforme o bicho cresce e ganha força, sua aparência deixa de ter fofa e toda a sua maleabilidade se torna realmente assustadora.


O extraterrestre de ‘Vida’ pode não ter uma baba corrosiva e uma aparência tão medonha quanto seu parente mais velho, mas elimina suas vítimas com uma violência parecida. A cena do ratinho de laboratório é espetacular. É triste, é repugnante e é hipnotizante. Daquelas que te dão pena e nojo, mas que não te deixam desviar os olhos. E a forma como a criatura dá fim aos tripulantes é igualmente brutal e plástica. As mortes em gravidade zero dão um efeito muito bacana.


No fundo, não importa o quanto a nave seja mais moderna e o quanto a tecnologia seja mais avançada; o erro é sempre humano. E é por isso que a história, que tem um final previsível e um desenvolvimento em que os membros da equipe fazem muita besteira, funciona. O ponto vulnerável de qualquer sistema são sempre as pessoas. E sua arrogância. E suas mesquinharias. E sua falta de atenção/cuidado.

Enfim... adorei o filme. Não é para qualquer um, óbvio. Mas se você curte ficção científica, terror e monstros do espaço, vá ver. Já aguardo a continuação.

Nota: 4/5

Trailer legendado em português:

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