quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Resenha: Pétala



Bruna está nervosa. Ela sabe que Pétala a aguarda numa esquina movimentada, no bar em que tiveram seu primeiro encontro, dois anos atrás. Ela está atrasada. Perde um ônibus, dois... precisa organizar as ideias e tomar coragem para falar de seus sentimentos. Quando finalmente chega, Pétala sorri – e isso acalma um pouco o coração de Bruna. Ela adora aquele sorriso. Ela ama aquela garota. Sente que chegou a hora de dar um passo a mais no relacionamento, mas... e se Pétala não quiser?

A história se passa em Belo Horizonte. Bruna, caloura de química, conhece Pétala, estudante de arquitetura, em uma festa de um amigo em comum, e elas estabelecem uma conexão imediata. Durante horas as duas conversam sobre todo tipo de assunto, se adicionam em redes sociais dias depois e se aproximam cada vez mais. Engatam um relacionamento amoroso, que levam de forma leve e sem cobranças. Apesar da surpresa por parte dos pais de Bruna e da reação negativa seguida pelo deliberado fingimento de inexistência da situação na casa de Pétala, ambas as famílias sabem que as garotas estão juntas. Mesmo assim, elas não assumem o namoro.

O fato é que Bruna, que admira a determinação e a ousadia de Pétala, não se sente à altura da amada e sempre a coloca num pedestal. Além disso, Bruna é insegura e não gosta de mudanças. Ela tem medo de sugerir a oficialização do relacionamento porque não quer "aprisionar" a garota que ama, tem receio de forçar a outra a assumir uma responsabilidade, mas a grande questão é que ela sofre por ter que tomar, sozinha, uma decisão que deveria ser conjunta.

“Pétala” é um conto curtinho (34 páginas) que consegue transmitir toda a angústia de uma pessoa apaixonada que quer viver seu amor plenamente, mas que sofre por estar cheia de dúvidas sobre o que a outra pessoa quer – um caso que parece ser muito mais complicado do que de fato é. Ao contrário do que se poderia esperar de uma história que tem um casal de garotas bissexuais como protagonistas, os obstáculos que elas enfrentam são pessoais e internos e, felizmente, tudo de que elas precisam para superá-los é uma boa conversa.

Eu não conhecia o trabalho da Olívia Pilar e escolhi este conto porque precisava de uma trama com protagonistas LGBT+ para ler para o “Bingo da Literatura Negra”. Peguei a dica com outros participantes e gostei muito de como a autora conduziu esta história de amor. Recomendo para quem está à procura de novos autores nacionais. Os seis e-books da Olívia estão disponíveis no site da Amazon por um precinho camarada, viu?

“Pétala tinha aquele sorriso. Sabe? Um sorriso que poderia acabar com uma guerra. Era como se só sua presença mudasse todo um ambiente, mas, quando ela sorria, a transformação era ainda maior. Pétala era luz e eu gostava de me sentir em um ambiente iluminado”.

Nota: 4/5


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