quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Os Melhores de 2018



E 2018 chegou ao fim. Neste post, faço uma retrospectiva e um balanço do ano encerrado e conto pra vocês quais livros, filmes e séries mais me empolgaram.

LIVROS

Finalizei um total de 28 livros em 2018, dos quais 16 foram escritos por mulheres. Graças a essas leituras, risquei mais 4 países da listinha do desafio Volta ao Mundo em 80 Livros (ainda preciso resenhar 1 deles). Menção honrosa: Trilogia dos Brutos (Ana Paula Maia) – as duas primeiras novelas eu reli para poder, então, ler aquela que fecha a série (todas as histórias são excelentes e já quero ler tudo da autora). Sem mais delonga, aqui estão meus favoritos do ano (na ordem em que foram lidos):


1. Kindred: Laços de sangue (Octavia E. Butler)
Uma mulher negra que viaja no tempo e vai parar na Maryland do Século XIX – um péssimo lugar para se estar. Enquanto tenta descobrir como voltar para o Século XX e entender o que a arrasta para aquele passado, Dana vai tomando consciência do seu lugar no mundo e pensa em maneiras de alterar a história, mesmo que em pequena escala. Uma ficção científica que usa a História como pano de fundo e discute questões de gênero e raça. Primeiro livro da Octavia que li e já virei fã. Ainda preciso resenhar essa maravilha.

2. A casa dos espíritos (Isabel Allende)
Assim como o livro anterior, este também tem como pano de fundo a História e usa pessoas e fatos reais (ainda que não indicados nominalmente) para contar a saga de três gerações da família Trueba e revelar as transformações da sociedade chilena desde o início do Século XX até o começo da década de 70. Tudo isso com um toque de fantástico. Esse é um livro que estava na fila havia muuuuito tempo. A escrita da Allende é sempre uma delícia, e as personagens são muito bem delineadas. Virou um dos favoritos da vida. Tem resenha aqui.

3. A vegetariana (Han Kang)
Três novelas independentes, mas interligadas. Na primeira, que dá nome ao livro, uma mulher começa a ter sonhos estranhos e decide virar vegetariana. Essa simples mudança em sua alimentação afeta toda a sua família. Um livro incrível que fala de frustrações, expectativas alheias e do papel da mulher. Falei dele (e de sua adaptação cinematográfica) aqui.

4. Canção de ninar (Leïla Slimani)
A história é banal: uma mulher que decide voltar a trabalhar após o nascimento do segundo filho e, para tanto, contrata uma babá. Mas o livro já começa dando soco na boca do estômago ao descrever a morte de uma criança no primeiro parágrafo. Daí em diante, a autora explora as diversas nuances da violência cotidiana, aquela que ninguém se dá conta do quanto é pesada. Mais uma vez, o assunto discutido é o papel da mulher dentro e fora de casa, as diferenças sociais e a solidão. Outro que preciso resenhar.

5. A cor púrpura (Alice Walker)
Duas irmãs separadas devido ao casamento forçado de uma delas, ainda na adolescência, com um homem muito mais velho. Uma rotina de abusos físicos e psicológicos que é interrompida com a chegada da amante do marido, que, contra todas as probabilidades, transforma completamente a visão de mundo da esposa subalterna. Sim, como todos os demais títulos desta lista, esse livro também fala sobre o papel da mulher na sociedade, mas trata ainda da fé (em contraposição à religião) e da capacidade das pessoas de se adaptarem, de mudarem de mentalidade, de perdoarem e de, acima de tudo, viverem o amor em todas as suas formas. Apaixonante. Falei dele aqui.

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FILMES

Em 2018, vi 243 filmes no total. Apesar de eu não ter conseguido postar todos que assisti para o #vejamaismulheres, cumpri com folga o desafio de ver 52 filmes no ano: conferi 68 trabalhos de diretoras. Maaaaaaas... para montar este top 5 (que eu já tinha postado no blog Bagulhos Sinistros), tive que me impor alguns critérios. O principal deles, para facilitar um pouco a minha vida, era que o filme tivesse sido lançado no Brasil em 2018 no circuito comercial ou na Mostra de Cinema de SP. O resultado é esse aí (na ordem em que assisti):


1. Um lugar silencioso (A quiet place, John Krasinski)
Um cenário pós-apocalíptico. O silêncio como regra de sobrevivência. E crianças. Bem, silêncio e crianças são duas coisas impossíveis de conciliar. Com uma premissa simples, o filme conseguiu manter o suspense até o final e fez todo mundo no cinema segurar a respiração e, milagrosamente, calar a boca. Um dos raros casos em que eu tinha altas expectativas e elas foram plenamente atendidas.

2. O animal cordial (O animal cordial, Gabriela Amaral Almeida)
Mais um ótimo representante do terror que chegou às telas em 2018. Um filme que usa um restaurante decadente como um microcosmo da sociedade urbana brasileira e aborda questões pungentes sob o manto do horror. De quebra, ainda tem uma das protagonistas mais interessantes em filmes do gênero. Tem crítica do filme no blog Bagulhos Sinistros.

3. Deslembro (Deslembro, Flávia Castro)
Um filme de memórias que trata de um tema que, infelizmente, é bastante atual: a ditadura no Brasil. Embora o tema abordado seja pesado, a história é contada do ponto de vista de uma adolescente, que tenta fazer as pazes com o passado ao mesmo tempo em que vivencia novas experiências típicas de sua idade, imersa na literatura e ao som de rock. Essencial. Já falei dele aqui no blog.

4. Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman, Spike Lee)
Baseado na história real de um policial negro que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan nos anos 70, o filme usa o humor para fazer pesadas críticas à hipocrisia e ao racismo nos Estados Unidos (vigentes tanto na época em que se desenrola a trama quanto nos dias atuais). Toda a operação é tão surreal que é difícil acreditar que tenha mesmo acontecido, o que, neste caso, é um ponto a favor do filme. As referências cinematográficas e a trilha sonora são outros aspectos positivos que colocam esta obra um degrau acima das outras que tratam do mesmo tema.

5. Culpa (Den skyldige, Gustav Möller)
Nesse thriller angustiante, a trama se desenrola em um único e claustrofóbico ambiente e tudo que vemos é o rosto do protagonista durante 90% do tempo. Parece pouco, mas essa produção de baixo orçamento dinamarquesa consegue prender o espectador durante todos os seus 85 minutos de duração, graças ao seu ótimo roteiro e à atuação inspirada do ator que vive o atendente de ligações de uma central de emergência. O filme que mais me marcou este ano. Tem crítica dele no Bagulhos Sinistros também.

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SÉRIES

Encerrei o ano com um total de 19 séries vistas. Selecionei 5 que comecei a ver em 2018. Além dessas, duas das minhas séries favoritas de vida acabaram, então deixo aqui a menção honrosa a Mozart in the jungle (que terminou após 4 temporadas) e The middle (que disse adeus após 9 temporadas de muitas risadas).


1. Dark
Duas crianças desaparecidas. Mentiras que arruínam famílias. Uma comunidade lidando com segredos do passado. E tramas que se desenrolam em tempos diferentes porém simultaneamente. Curti a piração, mas acho que já dava para terem encerrado a história ali mesmo, bastava incluir mais uns 2-3 episódios. Estou num misto de ansiedade e medo de tudo desandar na próxima temporada.

2. Westworld
Um parque temático para pessoas ricas se divertirem encarnando novas personalidades e fazendo tudo que sempre tiveram vontade de fazer (mas que as regras sociais, o bom senso e a moral as impediam de realizar). Além de trabalhar essas questões, outro questionamento é “o que nos faz humanos”? Uma série incrível.

3. Good girls
Três mulheres que enfrentam problemas financeiros (uma tem um filho doente que precisa de um tratamento carésimo; outra está enfrentando uma batalha judicial com ex-marido pela guarda da filha; a terceira acaba de descobrir que o marido gastou todas as economias da família e que agora eles podem perder a casa) de repente têm uma ideia simples, porém inusitada: assaltar o mercadinho onde uma delas trabalha e usar a grana para ajeitar suas vidas. O mais legal nessa série é a relação entre as três protagonistas e como elas se apoiam sempre, mesmo tendo estilos bem diferentes e opiniões divergentes. E a mistura de drama e comédia é bem equilibrada.

4. Castle Rock
História de suspense que se passa no universo criado por Stephen King, com a participação de vários personagens já conhecidos de outros carnavais para quem acompanha o trabalho do autor. Gostei demais.

5. My brilliant friend
Adaptação de ‘A amiga genial’, primeiro livro da quadrilogia napolitana da Elena Ferrante. A expectativa para a estreia da série foi crescendo ao longo do ano conforme iam divulgando os atores escolhidos e algumas cenas. Contrariando meu hábito de só começar a assistir assim que a temporada toda é liberada, vi o primeiro episódio assim que foi disponibilizado. E foi amor à primeira vista. Gostei de cada detalhe. Simplesmente perfeita.

E é isso. Que venha 2019!

Um comentário:

Lulu disse...

Das suas melhores leituras tenho vontade de ler “Kindred: Laços de sangue”, “A casa dos espíritos” e “A cor púrpura”. Sei que é sentimental, mas eu fiquei feliz que o livro que te dei de presente entrou na sua lista (^_^).
Também li “Canção de Ninar” em 2018. Achei o romance interessante e a escrita ótima, mas para mim faltou algo para ser sensacional.
Se eu fosse fazer uma lista de filmes e séries preferidas de 2018, com certeza incluiria:
- Filmes: “Um lugar silencioso” (*criativo e fantástico*) e “Infiltrado na Klan” (*filme crítico, mas ao mesmo tempo divertido. Igualmente fantástico*).
- Séries: “Westworld”, “Castle Rock” e obviamente “My brilliant friend” (*-* Amei!). Mas incluiria também, mesmo com os pontos negativos, a segunda temporada de “The Handmaid’s Tale”.
Feliz 1964... Ops, 2019! Beijos, Michelle!