E
2018 chegou ao fim. Neste post, faço uma retrospectiva e um balanço do ano
encerrado e conto pra vocês quais livros, filmes e séries mais me empolgaram.
LIVROS
Finalizei
um total de 28 livros em 2018, dos quais 16 foram escritos por
mulheres. Graças a essas leituras, risquei mais 4 países da listinha
do desafio Volta ao Mundo em 80 Livros (ainda preciso resenhar 1
deles). Menção honrosa: Trilogia dos Brutos (Ana Paula Maia) – as duas
primeiras novelas eu reli para poder, então, ler aquela que fecha a série
(todas as histórias são excelentes e já quero ler tudo da autora). Sem
mais delonga, aqui estão meus favoritos do ano (na ordem em que foram lidos):
1.
Kindred: Laços de sangue (Octavia E. Butler)
Uma
mulher negra que viaja no tempo e vai parar na Maryland do Século XIX – um
péssimo lugar para se estar. Enquanto tenta descobrir como voltar para o Século
XX e entender o que a arrasta para aquele passado, Dana vai tomando consciência
do seu lugar no mundo e pensa em maneiras de alterar a história, mesmo que em
pequena escala. Uma ficção científica que usa a História como pano de fundo e
discute questões de gênero e raça. Primeiro livro da Octavia que li e já virei fã. Ainda
preciso resenhar essa maravilha.
2.
A casa dos espíritos (Isabel Allende)
Assim
como o livro anterior, este também tem como pano de fundo a História e usa
pessoas e fatos reais (ainda que não indicados nominalmente) para contar a saga
de três gerações da família Trueba e revelar as transformações da sociedade
chilena desde o início do Século XX até o começo da década de 70. Tudo isso com
um toque de fantástico. Esse é um livro que estava na fila havia muuuuito
tempo. A escrita da Allende é sempre uma delícia, e as personagens são muito
bem delineadas. Virou um dos favoritos da vida. Tem resenha aqui.
3.
A vegetariana (Han Kang)
Três
novelas independentes, mas interligadas. Na primeira, que dá nome ao livro, uma
mulher começa a ter sonhos estranhos e decide virar vegetariana. Essa simples
mudança em sua alimentação afeta toda a sua família. Um livro incrível que fala
de frustrações, expectativas alheias e do papel da mulher. Falei dele (e de sua
adaptação cinematográfica) aqui.
4.
Canção de ninar (Leïla Slimani)
A
história é banal: uma mulher que decide voltar a trabalhar após o nascimento do
segundo filho e, para tanto, contrata uma babá. Mas o livro já começa dando
soco na boca do estômago ao descrever a morte de uma criança no primeiro
parágrafo. Daí em diante, a autora explora as diversas nuances da violência
cotidiana, aquela que ninguém se dá conta do quanto é pesada. Mais uma vez, o
assunto discutido é o papel da mulher dentro e fora de casa, as diferenças
sociais e a solidão. Outro que preciso resenhar.
5.
A cor púrpura (Alice Walker)
Duas
irmãs separadas devido ao casamento forçado de uma delas, ainda na
adolescência, com um homem muito mais velho. Uma rotina de abusos físicos e
psicológicos que é interrompida com a chegada da amante do marido, que, contra
todas as probabilidades, transforma completamente a visão de mundo da esposa
subalterna. Sim, como todos os demais títulos desta lista, esse livro também
fala sobre o papel da mulher na sociedade, mas trata ainda da fé (em
contraposição à religião) e da capacidade das pessoas de se adaptarem, de
mudarem de mentalidade, de perdoarem e de, acima de tudo, viverem o amor em
todas as suas formas. Apaixonante. Falei dele aqui.
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FILMES
Em
2018, vi 243 filmes no total. Apesar de eu não ter conseguido
postar todos que assisti para o #vejamaismulheres, cumpri com folga o
desafio de ver 52 filmes no ano: conferi 68 trabalhos de diretoras. Maaaaaaas... para montar este top 5 (que eu já tinha postado no blog Bagulhos Sinistros), tive que me impor alguns critérios. O principal deles, para
facilitar um pouco a minha vida, era que o filme tivesse sido lançado no Brasil
em 2018 no circuito comercial ou na Mostra de Cinema de SP. O resultado é esse
aí (na ordem em que assisti):
1.
Um lugar silencioso (A quiet place, John Krasinski)
Um
cenário pós-apocalíptico. O silêncio como regra de sobrevivência. E crianças.
Bem, silêncio e crianças são duas coisas impossíveis de conciliar. Com uma
premissa simples, o filme conseguiu manter o suspense até o final e fez todo
mundo no cinema segurar a respiração e, milagrosamente, calar a boca. Um dos
raros casos em que eu tinha altas expectativas e elas foram plenamente
atendidas.
2.
O animal cordial (O animal cordial, Gabriela Amaral Almeida)
Mais
um ótimo representante do terror que chegou às telas em 2018. Um filme que usa
um restaurante decadente como um microcosmo da sociedade urbana brasileira e
aborda questões pungentes sob o manto do horror. De quebra, ainda tem uma das
protagonistas mais interessantes em filmes do gênero. Tem crítica do filme no
blog Bagulhos Sinistros.
3.
Deslembro (Deslembro, Flávia Castro)
Um
filme de memórias que trata de um tema que, infelizmente, é bastante atual: a
ditadura no Brasil. Embora o tema abordado seja pesado, a história é contada do
ponto de vista de uma adolescente, que tenta fazer as pazes com o passado ao
mesmo tempo em que vivencia novas experiências típicas de sua idade, imersa na
literatura e ao som de rock. Essencial. Já falei dele aqui no blog.
4.
Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman, Spike Lee)
Baseado
na história real de um policial negro que conseguiu se infiltrar na Ku Klux
Klan nos anos 70, o filme usa o humor para fazer pesadas críticas à hipocrisia
e ao racismo nos Estados Unidos (vigentes tanto na época em que se desenrola a trama quanto nos dias atuais). Toda a operação é tão surreal que é difícil acreditar que
tenha mesmo acontecido, o que, neste caso, é um ponto a favor do filme. As
referências cinematográficas e a trilha sonora são outros aspectos positivos
que colocam esta obra um degrau acima das outras que tratam do mesmo tema.
5.
Culpa (Den skyldige, Gustav Möller)
Nesse
thriller angustiante, a trama se desenrola em um único e claustrofóbico ambiente
e tudo que vemos é o rosto do protagonista durante 90% do tempo. Parece pouco,
mas essa produção de baixo orçamento dinamarquesa consegue prender o espectador
durante todos os seus 85 minutos de duração, graças ao seu ótimo roteiro e à
atuação inspirada do ator que vive o atendente de ligações de uma central de
emergência. O filme que mais me marcou este ano. Tem crítica dele no Bagulhos
Sinistros também.
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SÉRIES
Encerrei
o ano com um total de 19 séries vistas. Selecionei 5 que comecei a ver
em 2018. Além dessas, duas das minhas séries favoritas de vida acabaram, então
deixo aqui a menção honrosa a Mozart in the jungle (que terminou após 4
temporadas) e The middle (que disse adeus após 9 temporadas de muitas
risadas).
1.
Dark
Duas
crianças desaparecidas. Mentiras que arruínam famílias. Uma comunidade lidando
com segredos do passado. E tramas que se desenrolam em tempos diferentes porém
simultaneamente. Curti a piração, mas acho que já dava para terem encerrado a
história ali mesmo, bastava incluir mais uns 2-3 episódios. Estou num misto de ansiedade e medo de tudo desandar
na próxima temporada.
2.
Westworld
Um
parque temático para pessoas ricas se divertirem encarnando novas
personalidades e fazendo tudo que sempre tiveram vontade de fazer (mas que as
regras sociais, o bom senso e a moral as impediam de realizar). Além de
trabalhar essas questões, outro questionamento é “o que nos faz humanos”? Uma
série incrível.
3.
Good girls
Três
mulheres que enfrentam problemas financeiros (uma tem um filho doente que
precisa de um tratamento carésimo; outra está enfrentando uma batalha judicial
com ex-marido pela guarda da filha; a terceira acaba de descobrir que o marido
gastou todas as economias da família e que agora eles podem perder a casa) de
repente têm uma ideia simples, porém inusitada: assaltar o mercadinho onde uma
delas trabalha e usar a grana para ajeitar suas vidas. O mais legal nessa série
é a relação entre as três protagonistas e como elas se apoiam sempre, mesmo
tendo estilos bem diferentes e opiniões divergentes. E a mistura de drama e
comédia é bem equilibrada.
4.
Castle Rock
História
de suspense que se passa no universo criado por Stephen King, com a
participação de vários personagens já conhecidos de outros carnavais para quem
acompanha o trabalho do autor. Gostei demais.
5.
My brilliant friend
Adaptação
de ‘A amiga genial’, primeiro livro da quadrilogia napolitana da Elena
Ferrante. A expectativa para a estreia da série foi crescendo ao longo do ano
conforme iam divulgando os atores escolhidos e algumas cenas. Contrariando meu
hábito de só começar a assistir assim que a temporada toda é liberada, vi o
primeiro episódio assim que foi disponibilizado. E foi amor à primeira vista.
Gostei de cada detalhe. Simplesmente perfeita.
E é
isso. Que venha 2019!
Um comentário:
Das suas melhores leituras tenho vontade de ler “Kindred: Laços de sangue”, “A casa dos espíritos” e “A cor púrpura”. Sei que é sentimental, mas eu fiquei feliz que o livro que te dei de presente entrou na sua lista (^_^).
Também li “Canção de Ninar” em 2018. Achei o romance interessante e a escrita ótima, mas para mim faltou algo para ser sensacional.
Se eu fosse fazer uma lista de filmes e séries preferidas de 2018, com certeza incluiria:
- Filmes: “Um lugar silencioso” (*criativo e fantástico*) e “Infiltrado na Klan” (*filme crítico, mas ao mesmo tempo divertido. Igualmente fantástico*).
- Séries: “Westworld”, “Castle Rock” e obviamente “My brilliant friend” (*-* Amei!). Mas incluiria também, mesmo com os pontos negativos, a segunda temporada de “The Handmaid’s Tale”.
Feliz 1964... Ops, 2019! Beijos, Michelle!
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