Em algum
lugar não especificado do futuro, os bombeiros, em vez de apagarem o fogo, são
responsáveis por queimar todos os livros que encontrarem. Guy Montag é um desses bombeiros. Na profissão há 10 anos, tem
orgulho da função que exerce, acha que querosene é perfume e se contenta em
seguir ordens sem nunca questioná-las. No entanto, sua perspectiva de mundo
muda completamente quando ele conhece Clarisse
McClellan, sua nova vizinha de 17 anos. Considerada “doida” por sair para
andar sozinha à noite e por não gostar de frequentar os parques de diversões
nem de assistir à “parede de imagem”, a menina consegue fazer a conversa com
Montag fluir como se fossem velhos amigos. Um dia, ela faz a ele a pergunta que
coloca todas as crenças de Montag em xeque: Você é feliz?
“Ele
usava a felicidade como uma máscara, mas a garota tinha roubado e fugido com a
máscara e já não havia mais como pedi-la de volta”.
A
partir desse momento, Montag abre os olhos para o que se passa ao seu redor.
Consegue, finalmente, enxergar a triste situação da esposa, que tem constantes
overdoses e passa os dias alienada, conversando os “parentes” na “parede de
imagem”, uma espécie de TV gigantesca que ocupa todas as paredes do cômodo.
Começa a investigar o passado dos bombeiros (eles apagavam mesmo o fogo?), fica
incomodado com ações que até então considerava “ossos do ofício” (ele havia
queimado recentemente uma senhora que não quis abrir mão de seus livros). Se
alguém se dispõe a morrer por esses objetos, eles devem ser realmente importantes...
Durante
as investigações de Montag, ficamos sabendo como o emburrecimento e a alienação
das pessoas chegou ao ponto de transformar os livros em vilões. A massificação
das coisas, o nivelamento por baixo, a falta de envolvimento político, a
cultura de massa, a busca pela felicidade sem esforço e o tempo todo... tudo
isso partiu do próprio povo e, claro, o governo não só aprovou como passou a
incentivar. Afinal, nada mais perigoso que pessoas que pensam por si mesmas,
né?
"Fahrenheit 451" já estava na
minha lista há muito tempo e eu nem sabia da existência dessa versão graphic novel. Descobri por causa do Desafio Literário e consegui
emprestado. Ainda não tive tempo de ler o texto original, mas já vou programar essa
leitura para o ano que vem. Não tem como não gostar da história e das
ilustrações impressionantes. E não tem como não pensar que o futuro tenebroso
mostrado ali já está batendo à porta.
A graphic novel ainda conta com um
prefácio de Ray Bradbury, autor da versão
original da obra publicada em 1953. Ele conta que a inspiração para o livro
surgiu quando, em 1950, ele e um amigo voltavam a pé de um jantar e foram
abordados por um guarda, que achou “suspeito” eles caminharem à noite. Essa
afronta ao seu direito de cidadão e pedestre acabou se transformando na
personagem Clarisse McClellan, a jovem extremamente madura que tinha esse
“estranho” hábito de caminhar.
(Clique para ampliar) |
“Política? Uma coluna, duas frases. Mais esporte para todos,
espírito de grupo, alegria. E aí ninguém precisa pensar, certo?”
“Cada vez menos alimento para a mente. As estradas repletas
de multidões, indo para algum lugar, para lugar algum. Os refugiados da
gasolina”.
Hum... onde será que já vi isso acontecer?
3 comentários:
Oi Michelle!
Eu já ouvi falar sobre o texto original, mas até então não sabia que existia uma Graphic Novel. Eu não sou muito fã das graphics, acabam me restringindo muito quanto ao cenário e coisas assim.
Mas falando sobre o enredo, ele parece ser incrível. Não o considero um livro "futurístico" como muita gente poderia achar, e sim algo que está acontecendo no mundo atual. Tudo bem que não nessas proporções, mas é algo que serve de alerta. :)
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Olá! Adorei seu blog, muito criativo! Além de ler o livro original, sugiro que você veja o filme Fahrenheit 451, de 1966. Tem bem o clima dos anos 60 e é uma excelente adaptação.
Também tenho um blog e gostaria que vc desse uma olhada. O endereço é: http://www.criticaretro.blogspot.com Passe por lá! Lê ^_^
Pois é, Luara!
Eu acho que não descobriria a existência dessa versão se não fosse pelo Desafio Literário. Na verdade, por causa do Desafio, comecei a ler mais esse tipo de livro e tenho gostado bastante. Eu também acho que está bem presente no nosso cotidiano. Poderia parecer um futuro muito distante nos anos 50, quando o texto original foi escrito, mas infelizmente a humanidade caminha mesmo para o buraco.
Oi, Lê!
Obrigada pela visita! Já tenho o filme e o livro original guardadinhos aqui, só esperando uma oportunidade para saírem da fila...rs. Do ano que vem não passa!
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