quarta-feira, 17 de abril de 2013

Filme: Sete Psicopatas e um Shih Tzu


Marty (Colin Ferrell) é um roteirista de Hollywood prestes a escrever uma história sensacional, mas a única coisa que conseguiu criar até o momento é o título: "Os Sete Psicopatas". Billy (Sam Rockwell) é o melhor amigo de Marty, um ator que não consegue um papel, mas que decide ajudar Marty a elaborar o roteiro. Hans (Christopher Walken) é um ladrão pé de chinelo que, juntamente com Billy, participa de um esquema de sequestro de cães. Três sujeitos pacatos que se metem em uma grande enrascada quando raptam o Shih Tzu do mafioso Charlie (Woody Harrelson).


Marty é o mais “normal” do grupo: tem uma carreira de sucesso, é bem casado, mora em uma casa bacana... mas tem problemas com a bebida. Não consegue manter a rotina, perde prazos e, para piorar, está sofrendo um bloqueio criativo. Billy é um cara sem trabalho fixo, não consegue manter um relacionamento, vive de picaretagem, ou seja, é um loser... mas é um amigo fiel e quer mesmo dar uma força para Marty. Hans já teve dias melhores, mas, na atual situação, faz o que pode para pagar as contas nem um pouco baratas da esposa que enfrenta um câncer de mama.


No entanto, nada nesse filme é o que parece (OK, exceto por Marty, que realmente é um livro aberto). A história dos sujeitos simples que querem apenas viver suas vidinhas medíocres não é bem assim. Vou parar por aqui para não estragar as surpresas, mas adianto que esta não é uma comédia óbvia para se assistir despretensiosamente enquanto bate papo com os amigos. Apesar das situações inusitadas e do tom cômico, é preciso prestar atenção aos detalhes e aos inúmeros personagens que vão surgindo no desenrolar da trama. Um estilo assim meio Guy Ritchie em “Snatch” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes".


A edição é bem rápida, os diálogos são afiados e engraçados, as atuações são perfeitas. Nem dá para escolher um personagem favorito. Além disso, há uma generosa dose de humor negro, violência e comentários politicamente incorretos.


Um exemplo para vocês sentirem o tom do filme: Hans vai ao hospital visitar a esposa recém-operada. Entra no quarto, lhe dá um beijo e um maço de dinheiro. A seguinte conversa tem início:

Ela: Quando você vai arranjar um emprego e parar de roubar as pessoas?
Ele: Eu tenho 63 anos e não trabalho há 20. Onde vou arranjar um emprego?
Ela: No governo.
Ele. No governo? Um emprego onde eu não roube as pessoas? No governo?

Como não amar?


O último terço do filme dá uma reduzida na velocidade, o que acaba comprometendo um pouco o resultado final, mas ainda assim é uma ótima opção para quem está cansado de histórias batidas, clichês a rodo e piadas vazias. Uma aula de metalinguagem e um bom exemplo de como fazer cinema!


2 comentários:

O Neto do Herculano disse...

O trabalho dos irmãos Martin e John Michael McDonagh merece ser observado.

Michelle disse...

Eu não conhecia o trabalho deles, mas gostei bastante :)