Marty (Colin
Ferrell) é um roteirista de Hollywood prestes a escrever uma história
sensacional, mas a única coisa que conseguiu criar até o momento é o título:
"Os Sete Psicopatas". Billy (Sam
Rockwell) é o melhor amigo de Marty, um ator que não consegue um papel,
mas que decide ajudar Marty a elaborar o roteiro. Hans (Christopher Walken)
é um ladrão pé de chinelo que, juntamente com Billy, participa de um esquema de
sequestro de cães. Três sujeitos pacatos que se metem em uma grande enrascada
quando raptam o Shih Tzu do mafioso Charlie (Woody Harrelson).
Marty
é o mais “normal” do grupo: tem uma carreira de sucesso, é bem casado, mora em
uma casa bacana... mas tem problemas com a bebida. Não consegue manter a
rotina, perde prazos e, para piorar, está sofrendo um bloqueio criativo. Billy
é um cara sem trabalho fixo, não consegue manter um relacionamento, vive de
picaretagem, ou seja, é um loser... mas é um amigo fiel e quer mesmo dar uma
força para Marty. Hans já teve dias melhores, mas, na atual situação, faz o que
pode para pagar as contas nem um pouco baratas da esposa que enfrenta um câncer de
mama.
No
entanto, nada nesse filme é o que parece (OK, exceto por Marty, que realmente é
um livro aberto). A história dos sujeitos simples que querem apenas viver suas
vidinhas medíocres não é bem assim. Vou parar por aqui para não estragar
as surpresas, mas adianto que esta não é uma comédia óbvia para se assistir despretensiosamente
enquanto bate papo com os amigos. Apesar das situações inusitadas e do tom
cômico, é preciso prestar atenção aos detalhes e aos inúmeros personagens que
vão surgindo no desenrolar da trama. Um estilo assim meio Guy Ritchie em “Snatch” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes".
A
edição é bem rápida, os diálogos são afiados e engraçados, as atuações são perfeitas.
Nem dá para escolher um personagem favorito. Além disso, há uma generosa dose de
humor negro, violência e comentários politicamente incorretos.
Um
exemplo para vocês sentirem o tom do filme: Hans vai ao hospital visitar a
esposa recém-operada. Entra no quarto, lhe dá um beijo e um maço de dinheiro. A
seguinte conversa tem início:
Ela:
Quando você vai arranjar um emprego e parar de roubar as pessoas?
Ele:
Eu tenho 63 anos e não trabalho há 20. Onde vou arranjar um emprego?
Ela:
No governo.
Ele.
No governo? Um emprego onde eu não roube as pessoas? No governo?
Como
não amar?
O
último terço do filme dá uma reduzida na velocidade, o que acaba comprometendo
um pouco o resultado final, mas ainda assim é uma ótima opção para quem está
cansado de histórias batidas, clichês a rodo e piadas vazias. Uma aula de
metalinguagem e um bom exemplo de como fazer cinema!
2 comentários:
O trabalho dos irmãos Martin e John Michael McDonagh merece ser observado.
Eu não conhecia o trabalho deles, mas gostei bastante :)
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