sexta-feira, 14 de junho de 2013

Resenha: Peter Pan (Peter e Wendy + Peter Pan em Kensington Gardens)


“Peter Pan” é a história dos irmãos Wendy, John e Michael, que, numa noite, deixam suas camas e saem voando pela janela, acompanhando o personagem-título até a Terra do Nunca. Lá, John, Michael e os Garotos Perdidos vivem livres do controle dos adultos, embora Peter e Wendy assumam, respectivamente, os papéis de “pai” e “mãe”. No entanto, esse mundo de fantasia é também um lugar perigoso, e as ameaças vêm tanto de uma tribo indígena quanto de um navio cheio de piratas, comandado pelo assustador Capitão Gancho.

De todas as animações da Disney, sempre considerei "Peter Pan" uma das mais chatas. Tanto que devo ter visto só 1 vez e nem me interessei por comprar o DVD para a minha coleção. Embora não me lembre com detalhes da adaptação da Disney, posso dizer que a história não difere muito do livro. O mais importante, para mim, nessa leitura, foi observar aspectos que eu não tinha idade para entender quando vi o filme.

Peter Pan é um personagem que age, de fato, como uma criança: é divertido, destemido e despreocupado, se irrita facilmente quando contrariado, é presunçoso, egocêntrico e bem cruel, às vezes. Ele e os outros meninos formam um grupinho bem bagunceiro e estão sempre dispostos a participar de desafios e brincadeiras (violentas, na maioria das vezes).

Wendy, por sua vez, é apenas uma coadjuvante. Embora Peter a elogie constantemente e exalte suas qualidades femininas, ela não serve para grande coisa, não participa das aventuras: é apenas uma dona de casa, levada à Terra do Nunca para servir como substituta da mãe para os irmãos, para os Garotos Perdidos e para o próprio Peter. Resumindo: como sempre, ser menino é muito melhor. Até no mundo da imaginação eles podem fazer coisas mais bacanas que as meninas, que, desde cedo, só são ensinadas a brincar de casinha.

O que mais me agradou no livro foi a escrita do autor, que se utiliza da figura do narrador intrometido para contar a história. Mais do que apenas nos guiar pelo texto, o narrador faz observações sobre os personagens, dá sua opinião, adianta alguns fatos para, em seguida, retomar a narrativa, como se, de fato, estivéssemos ouvindo alguém contando uma história. Achei esse recurso incrível.

De resto, o livro é cheio de simbologia e camadas que fazem a alegria dos psicanalistas, mas essa não é minha área e não tenho a pretensão de falar disso aqui. No entanto, acho válido lembrar que "Peter Pan" não é uma fábula ou conto de fadas, já que não prega o “bom comportamento” nem traz uma lição de moral no final.

Em suma, gostei muito do estilo do autor, de sua narrativa divertida e envolvente. Entretanto, como mera leitora que já passou da idade de acreditar em fadas e que não tem interesse em analisar a fundo o comportamento dos personagens segundo a psicanálise, considero a história apenas razoável.

“... em geral, porém as Terras do Nunca possuem uma aparência meio semelhante, familiar, e se elas se parassem uma do lado da outra você poderia dizer que todas têm o mesmo nariz e assim por diante. Para todo o sempre, crianças imaginativas chegarão a essas praias mágicas em seus barquinhos. Nós também já estivemos lá; ainda podemos ouvir a rebentação das ondas, mas nunca mais desembarcaremos”.

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Esta postagem faz parte das leituras do Charlie's Booklist - Maio.

4 comentários:

Eve Fowl disse...

Eu lembro que sempre achei a Wendy uma molenga. Nunca tive curiosidade em ler o livro, o que é bem estranho para mim.

A única coisa que me deixou curiosa em relação a este livro é como ele será representado em Once Upon a Time. haushuahusha

Jacqueline Braga disse...

Oie Mi
sabe que dos personagens que viraram desenho pela disney, Peter Pan é o único que eu nunca me interessei de fato, assim como você. Ao contrário do que ele desejava no filme, quando eu era criança sempre quis ser adulta, acho que por este motivo não me identifiquei com ele rs
Mas é um livro que eu quero muito para colocar na coleção dos meus filhos.
bjos

Clara Gianni disse...

Quando li The Perks, fiquei muito interessada na lista de livros lidos por Charlie ao longo da estória, sobretudo para tentar entender suas atitudes e pensamentos demonstrados. Me encorajou ainda mais o fato de romances como O Grande Gatsby e O Apanhador no Campo de Centeio estarem na lista.

Sobre Peter Pan, devo confessar: foi um dos principais filmes que assisti quando era criança. Sempre tive uma certa esperança que Peter Pan ficasse com Wendy no final (ok, exagerei XD). Ainda não li o livro, mas depois de sua resenha, estou curiosa para saber o que realmente acontece.

Beijos!
Clara
labsandtags.blogspot.com

Michelle disse...

Eve,
Você me entende! Também acho a Wendy paradona. Estou desatualizada nos episódios de Once Upon a Time, mas quero ver esse, com certeza!

Jacque,
Entendo. Eu também queria crescer logo, ir para a escola e aprender a ler. Mas é uma história lúdica. As crianças tendem a gostar.

Clara,
É bem interessante ler os livros citados pelo Charlie. Dá para ficar imaginando como essas leituras afetaram a personalidade dele.
Jura que você torcia para a Wendy ficar com o Peter? Acho que nunca vi os 2 como um casal romântico. Eu só focava na aventura dos Garotos Perdidos...hehe