sábado, 6 de julho de 2013

Resenha: A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça


O pacato lugarejo de Sleepy Hollow (ou Vale Sonolento) é um local cheio de crendices e misticismo, onde é costume reunir familiares e amigos perto da lareira para contar histórias de fantasmas. Uma das lendas mais conhecidas é a do Cavaleiro Sem Cabeça, que, segundo dizem, teve a cabeça arrancada por uma bola de canhão durante a Guerra da Independência e o corpo enterrado na igreja, e cuja assombração vaga pela noite buscando o crânio faltante e fazendo vítimas pelo caminho.

Decidi ler o livro graças ao filme do Tim Burton, que levou às telas a história de Ichabod Crane (vivido pelo sempre maravilhoso Johnny Depp), inspetor que vai até Sleepy Hollow para solucionar o caso de uma série de assassinatos envolvendo decapitação. Ao chegar lá, conhece a destemida Katrina Von Tassel (Christina Ricci), que o ajuda na investigação e conquista seu coração (rimou!).

E qual não é a minha surpresa ao descobrir que o livro que serviu de base para o filme tem pouco em comum com a sua adaptação. Tirando a tal lenda do cavaleiro sem cabeça, o resto é completamente diferente! A começar por Ichabod, que não tem nada de herói. Ele é, na verdade, um professor rígido, porém amado pelos alunos. Trabalha muito e ganha mal, então mora uma semana na casa de cada estudante, para economizar uns trocados. Embora faça certo sucesso com as moças devido aos seus dons artísticos, de galã também não tem nada: é magro, alto, com braços longos e desproporcionais, além de ser medroso.

Seu interesse por Katrina se deve mais à promessa de um futuro próspero e sem fome do que ao amor. No entanto, para concretizar o casamento, Ichabod deve superar um adversário dificílimo: o fanfarrão Brom Bones, conhecido por tocar o terror na região com seus comparsas. A chance de resolver a questão surge em uma festa promovida pelos Van Tassel, evento com um desfecho que ficou guardado para sempre na memória dos habitantes de Sleepy Hollow.

Tirando o fato de livro e filme serem histórias completamente distintas, eu gosto de ambos, cada um à sua maneira. Na tela, a trama é mais sombria e sangrenta, cheia de ação e romance. No texto, embora o tom também seja soturno, há espaço para ironia. As observações e intromissões do narrador também são divertidas.

A edição lindíssima faz parte da Coleção Eternamente Clássicos, da já finada Barba Negra em conjunto com a Leya. Gosto da capa e das ilustrações em preto e branco que recheiam o livro. O único senão é a ausência de indicação em um local visível, na capa, sobre se o texto é integral ou adaptado. Creio eu que seja texto integral, pois o original é um conto, aqui vendido como romance. Mas não custa deixar claro, né?

Com apenas 72 páginas, incluindo as ilustrações, é uma história fácil e rápida de ler. Indico para aqueles momentos em que a leitura de outras obras está meio empacada, sabe? Ou para ler nas filas e salas de espera. Um bom entretenimento e um respiro relaxante.

“E Ichabod Crane teria passado uma vida agradável assim, apesar do Diabo e de todas as suas artimanhas, se seu caminho não tivesse sido cruzado por um ser que causa mais perplexidade para mortais do que fantasmas, monstros e toda raça de bruxas colocadas juntas... Uma mulher”.

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Esta postagem faz parte do Desafio Realmente Desafiante 2013 - Item 9. Ler um livro cujo título tenha mais de 5 palavras. Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do DRD2013, clique AQUI




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