Durante
sua ronda noturna, o policial Sam Wood (Warren Oates) descobre o corpo de
um homem branco em um beco. À procura do culpado, ele encontra o suspeito
ideal: um homem negro e bem vestido que aguardava o trem na estação. Levado
para a delegacia sem ter a chance de se explicar, Virgil Tibbs (Sidney Poitier)
suporta calmamente as acusações e desconfianças geradas por suas vestes e pela
grande soma de dinheiro que tinha na carteira. No entanto, a revelação é
arrasadora para o policial Sam e também para o xerife Bill Gillespie (Rod Steiger):
Virgil estava na cidade visitando a mãe e é, na verdade, um policial da Filadélfia,
especialista em homicídios. A contragosto, Gillespie e Tibbs são obrigados a
trabalhar em conjunto para solucionar o crime.
A
história se passa nos anos 60, na cidadezinha de Sparta, Mississipi, período em
que os conflitos raciais estavam em plena ebulição. Obviamente, a presença de
um negro estudado e com salário melhor que o dos demais policiais gera muita
indignação e raiva na corporação. Para piorar, a viúva do assassinado, que era
um rico empresário da região, percebe a incompetência da polícia local e faz
questão de utilizar os conhecimentos de especialista de Virgil.
O
filme, que começa como uma história policial tradicional, no seu desenrolar
passa a focar mais nas questões raciais e na transformação da relação entre
Gillespie e Tibbs. Se, no começo, o xerife estava claramente injuriado por ter
que trabalhar com negro com habilidades e técnicas investigativas muito
superiores às suas e fazia de tudo para tirá-lo da jogada, aos poucos começa a
admirá-lo, não só por seu talento profissional, mas pela humildade, pelo
empenho e pela coragem com que enfrenta todas as ameaças e dificuldades. Tibbs,
por sua vez, também passa a entender melhor as atitudes de Gillespie, conhece
seus problemas pessoais, e percebe que, no fundo, o xerife estava, de fato,
preocupado com a segurança do novo companheiro de trabalho.
“No Calor da Noite” é bem-sucedido
tanto como forma de denúncia de preconceitos quanto como filme policial,
mantendo o suspense até o fim. Aliás, é bem interessante ver Virgil aplicando
técnicas de investigação que nos acostumamos a ver em seriados como “CSI” em
seu estágio prematuro. Outro ponto positivo do filme é a trilha sonora maravilhosa
composta por Quincy Jones e Ray Charles. A atuação sempre
elegante de Sidney Poitier marca presença mais uma vez, fazendo grande
contraste com o jeito exagerado dos demais policiais.
Enquanto
procurava detalhes sobre os Oscar que a produção ganhou, descobri que Poitier
interpretou o policial Tibbs mais duas vezes: em “Noite sem fim”, de 1970, e em “A
organização”, de 1971. Embora eu saiba que provavelmente são filmes
menores, fiquei curiosa para ver outras aventuras do Virgil.
Excelente suspense que vai além da investigação policial.
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“No Calor da Noite” ganhou o Oscar 1968 em 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Rod Steiger), Melhor
Som, Melhor Edição e Melhor Roteiro Adaptado.
Este post faz parte do Projeto Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos os agraciados com o Oscar de Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE AQUI ou no banner na barra lateral do blog.
3 comentários:
Michelle :)
Adorei o seu post. Já tinha escutado alguns comentários sobre o filme, mas nunca me interessei, sabe? Parece-me ser muito interessante. Quero ver.
Abraços,
Igor Gouveia
http://www.diariodebordodeumleitor.com/
(Espero seu comentário lá)
Sempre leio os seus posts no ConversaCult, tô feliz de finalmente ter um blog e poder dizer que adoro a forma como você escreve! Sobre a resenha, nossa, eu me interessei muito por esse filme, sinto que tô perdendo meu tempo não vendo agora mesmo, hahaha. Obrigada por essa resenha!
http://literallypitseleh.blogspot.com.br/
Igor,
O filme é ótimo! Perfeito para quem curte um bom suspense policial.
Schrotz,
Legal saber que você curte meus posts por lá! Vou passar lá no seu cantinho ;)
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