Para
comemorar o Dia Internacional da Mulher,
nada de flores, bombons e príncipes encantados. Não que essas coisas não sejam
válidas. Mas o foco aqui não são os pequenos agrados, e sim algo que o sexo
feminino busca há muito tempo e que, infelizmente, parece sempre tão distante:
a igualdade. Hoje falo de uma área em que supostamente as mulheres encontrariam
condições igualitárias, mas que, se observarmos direito, veremos que não é bem
assim. Por isso, fiz uma seleção de 5 livros que são escritos por mulheres e com protagonistas mulheres.
Acho
que todo mundo já ouviu falar do teste de Bechdel, não? Aquele que estabelece 3 regrinhas para que uma história seja
considerada realmente feminista:
2. Essas personagens devem conversar entre
si;
3. E elas devem falar sobre qualquer outra
coisa que não seja 'homens'.
Encontrar
histórias que atendam a essas três regrinhas é mais difícil do que parece. E
esse teste é destinado a filmes.
Mas... e se quiséssemos aplicar o mesmo tipo de regras aos livros?
Pensando
nisso, a Gizelli, do blog ‘A maior digressão do mundo’,
estabeleceu o seguinte:
1. O livro deve ser escrito por mulher
3. E o interesse romântico, se houver, deve
ficar em segundo plano
E
foi com isso na cabeça que selecionei 5 livros que atendessem às exigências.
Todos eles já foram resenhados aqui. Para ler as resenha completas, basta
clicar nos respectivos links.
1. Persépolis (Marjane Satrapi) [Irã]
Nesta graphic novel, a autora iraniana conta suas
experiências de infância e adolescência vividas em sua terra natal e na
Áustria. Além dos conflitos políticos e religiosos do Irã, ela fala ainda como
se sentiu ao ser obrigada a usar o véu, ao ser separada dos amigos de um
dia para o outro só porque eles eram do sexo oposto, ao enfrentar hábitos tão
diferentes dos seus em outro país e ao ser julgada por não se encaixar nos
padrões e por ser mulher. Tudo isso por meio de imagens simples e de um texto
que consegue falar de forma leve sobre assuntos sérios.
2. Do Outro Lado (Natsuo Kirino) [Japão]
É em um cenário desolador e
opressivo, no Japão, que se passa a história. Quatro mulheres de personalidades
totalmente diferentes que têm em comum apenas a fábrica de refeições prontas em
que trabalham. Bem, pelo menos no início. Aos poucos, vamos conhecendo melhor a rotina de cada uma dessas personagens infelizes que sofrem em
silêncio em um mundo em que devem se contentar com seu lugar sem questionar. Um
incidente acaba unindo Yayoi, Masako, Yoshie
e Kuniko
em uma história de suspense incrível. Impossível não se identificar um pouco
com cada uma dessas mulheres.
A protagonista deste livro
altamente angustiante é Mãe, que vive ao lado de seu filho
de cinco anos, Jack, no Quarto. Não posso falar muito sobre a história, já que
um dos pontos fortes da trama são as descobertas que fazemos conforme avançamos
na leitura. Só o que posso dizer é que Mãe é aquele tipo de personagem forte,
sofredora, que passa por todo tipo de humilhação e que resolve dar a volta por
cima por amor. Amor de mãe.
Livro
que fala sobre a solidão e as aparências em uma história emocionante e delicada,
narrada por duas personagens que, aparentemente não têm nada em comum: uma zeladora
de 54 anos e uma garota de 12 anos que mora no mesmo
edifício. Conforme elas se aproximam, vão se desfazendo as máscaras construídas
por elas mesmas para que se encaixassem nos perfis esperados pela sociedade.
Uma trama de amizade com pitadas filosóficas.
5. A Mulher do Meio-Dia (Julia Franck) [Alemanha]
Duas histórias que se passam durante a Segunda Guerra Mundial e que estão interligadas: a de Alice, mulher com infância problemática, juventude cheia de decepções amorosas e uma vida atual infeliz ao lado do marido violento e nazista, e que, um dia, em desespero, abandona o filho em uma estação de trem; e das irmãs Helene e Martha, que também tiveram uma infância sofrida ao lado da mãe doente e que vislumbram a possibilidade de uma vida nova e feliz em Berlim. O drama de pessoas comuns que, mais do que apenas sobreviver, fazem o que for possível para manter a sanidade em meio ao caos.
Bônus
Menciono aqui mais dois livros
que têm como protagonistas mulheres fortes e que certamente mereciam fazer parte
da lista, mas que ficaram de fora só porque foram escritos por homens:
- Ratos, e as corajosas Shelley e Elizabeth
- Trilogia Millennium, e a
sensacional Lisbeth (minha protagonista favorita)
*****************
E para quem está a fim de ler
mais obras escritas por mulheres, dá uma espiada no projeto “Um Quarto Só Seu”*, uma iniciativa
superbacana da Juliana Brina, do
blog / vlog “O Pintassilgo”, na qual ela se propõe a ler pelo menos uma autora
desconhecida por mês. Lá no blog dá para ver a lista de títulos lidos, de
resenhas e de autoras. Conhece alguma escritora que ainda não consta na lista?
É só enviar sua sugestão para a Juliana!
*O projeto foi inspirado no “Leia Mulheres 2014” , um tumblr
brasileiro que tem como objetivo incentivar a leitura de livros escritos por
mulheres, ideia originalmente lançada pela escritora Joanna Walsh.
;)
5 comentários:
Gostei muito do seu post, e vou passar acompanhar seu lindo blog que parece tão interessante.
Espero que tenha ótimas leituras!
Beijos,
Jéssica do blog O Feminino dos Livros (http://ofemininodoslivros.blogspot.com.br/)
Olá, Michelle!
Adorei a postagem e conhecer dois livros que não conhecia (o da Natsuo Kirino e o da Julia Franck) Quero ler todos os outros citados e espero fazer isso em breve :)
Bom, esse ano quero ler bem mais mulheres do que nos anos anteriores, incentivo não falta com esses projetos bacanas e posts como o seu que me deixam curiosas para conhecer essas histórias :)
Beijos!
Oi, Michelle! :) No geral, eu gosto de livros escritos por mulheres, porque elas conhecem a alma feminina e passam aquela sensibilidade, quase palpável.
Minha preferida é a Catherine Linton, de "O Morro dos Ventos Uivantes.
Mas Lisbeth é Lisbeth. <3
Bjs ;)
Gostei da ideia de aplicar o teste de Bechdel aos livros. Dei uma olhada na minha estante e achei razoavelmente fácil encontrar livros assim nos infanto-juvenis. Nos outros gêneros é mais raro eu ler autoras. :(
Das suas recomendações, gosto muito de Persépolis e de Quarto e tenho muita vontade de ler A elegância do ouriço e Do outro lado.
Oi, Jéssica!
Obrigada. Seja bem-vinda!
Maura,
Também me quero ler mais mulheres. E é ainda mais bacana quando tem um monte de gente dando dicas e estimulando, né?
Ana,
Olha, tenho sérios problemas com "O vento dos morros uivantes", então nem vou falar nada sobre ele. Quanto à Lisbeth, acho difícil alguma outra personagem conseguir roubar o lugar dela no meu coração.
Lígia,
Pois é, em infantojuvenis é mais fácil, principalmente porque as mocinhas não estão apenas interessadas nos mocinhos. Depois, a coisa fica mais complicada.
Se puder, leia sim. São ótimas histórias!
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