É o
dia do 18º aniversário de India, mas ela não tem nada a comemorar: seu pai
acaba de morrer. Desolada e perdida, ela tem que lidar com o comportamento
distante e falso da mãe e com a chegada de um tio que nem sabia que existia e
que parece observá-la intensamente o tempo todo. Mesmo que o final tenha sido
previsível, o diretor coreano Chan-wook
Park conseguiu me conquistar mais uma vez com esse suspense que mistura
cenas sombrias com outras de extrema delicadeza.
Eu
sou fã de filmes orientais. Acho que já deu para perceber. Um outro assunto de que
eu gosto muito, mas sobre o qual quase não falo aqui, são vampiros. “Drácula”
é um dos meus livros preferidos e, para mim, a versão cinematográfica
do Coppola é a definitiva. Também adoro
os dentuços sensuais de “True Blood”, embora tenha me
irritado com a profusão de seres fantásticos a certa altura do seriado. Os
sanguessugas mais bestiais de “30 Dias de Noite” me agradam
muitíssimo, mas também aprecio versões mais singelas dos mortos-vivos, como a
apresentada em “Deixa Ela Entrar”.
Por
que estou falando de vampiros? Porque quando decidi assistir a "Segredos de Sangue" eu
equivocadamente achei que fosse um filme dessa temática. Sei lá. O “sangue” do
título em português somado ao “Stoker” do título em inglês e ao cartaz meio
macabro me induziram ao erro. Sem contar o fato do diretor já ter realizado um
filme muito bom sobre o assunto (“Sede de Sangue”). Misturei tudo
isso na minha cabeça e deduzi qual era o tema. Errei. Mas o filme foi uma boa
surpresa, de qualquer forma.
Mia
Wasikowska está angelicalmente perturbadora no papel de India, garota tímida
e sonhadora que luta para aceitar a si mesma (um dos segredos do título). Ela
é o que se pode chamar de “estranha” (tem uma audição absurda, enxerga detalhes
que ninguém mais vê, não tem amigos, está sempre calada e imersa em seus
pensamentos). Embora o pai estivesse sempre viajando, quando estava em casa
dedicava toda a atenção à filha. E isso, claro, despertou o ciúme da mãe (que depois
vemos que não era apenas ciúme, e sim medo).
A
chegada de Charlie (Matthew Goode), o tio desconhecido, piora ainda mais a relação
entre mãe e filha. Enquanto India se sente incomodada pela presença do estranho
e ao mesmo tempo assustada pela atração que sente por ele, Evelyn (Nicole Kidman) vê
o parente como um remédio para seus dias de tédio de mulher finamente educada,
mas que acabou como uma dona de casa invisível. Assim, ela começa a dar em cima
de Charlie sem dó e se sente ofendida quando ele demonstra claramente seu
interesse pela sobrinha. Em vez do instinto materno de proteger a filha, o que
o visitante desperta nela é a competitividade.
Apesar
de eu ter afirmado no primeiro parágrafo que o final é previsível, isso só
ficou claro lá pela metade do filme. Até então, eu ainda estava iludida por
minhas expectativas vampirescas. Quando ficou evidente que eu tinha me
enganado, comecei a prestar atenção nas outras pistas espalhadas pela trama e,
enfim, compreendi qual era o grande segredo. Mesmo antecipando o que viria pela
frente, não consegui desviar os olhos da tela. Incrível como alguns
comportamentos humanos são igualmente fascinantes e assustadores...
Um suspense
com ritmo mais calmo e linda fotografia. Recomendo!
Trailer legendado:
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