Alice Howland (Julianne Moore) é uma linguista renomada que começa a ter
lapsos de memória. Para seu desespero, é diagnosticada com uma forma rara e
agressiva de Mal de Alzheimer, que
acomete pessoas jovens. O que
acompanhamos no filme é sua luta para tentar manter as memórias que a
constituem como indivíduo, enquanto observamos os efeitos da doença sobre Alice
e sua família.
Alzheimer
é uma doença assustadora que devasta não só o doente como todos que o cercam.
Se a perda das funções cognitivas já é aterrorizante em idosos, imaginem em uma
pessoa adulta, no auge da carreira e, para piorar, uma pessoa que é definida
justamente por sua capacidade intelectual... Para Alice, as memórias perdidas
representam pedaços dela que vão desaparecendo pouco a pouco, sua identidade
pessoal e profissional que se desintegra a cada dia.
A
luta da protagonista contra a doença é um esforço para continuar a existir, mas
ela sabe desde o início que é uma batalha perdida. Se debatendo para manter a
cabeça fora do mar de esquecimento, Alice começa a anotar tudo o que considera
importante, programa alertas para coisas corriqueiras no celular, envia
lembretes para si mesma por e-mail, grava um vídeo com instruções para sua
versão desmemoriada do futuro. Triste. Para mim, uma cena que marcou muito e
que representa a degradação e humilhação da protagonista é uma em que Alice faz xixi nas
calças porque não consegue encontrar o banheiro em sua própria casa.
Paralelamente
às dificuldades pessoais de Alice, temos as consequências da doença sobre os
familiares. O primeiro abalo vem logo após o diagnóstico de Alice, quando ela
conta aos seus três filhos adultos que eles podem desenvolver a doença também.
Um faz o teste e tem resultado negativo, a moça que tentava engravidar fica
arrasada ao receber o resultado positivo e a mais jovem prefere não saber e
recusa o teste. Outro momento tenso ocorre quando o marido, pesquisador que
batalhava havia tempos por um novo avanço na carreira, finalmente consegue uma
promoção, mas, para tanto, precisa mudar para outra cidade, o que obviamente
aflige Alice, que se apega fortemente às poucas lembranças que ainda tem e que
estão na casa em que moram.
O
maior conflito, contudo, e também a maior fonte de carga dramática e emocional,
é a relação entre Alice e Lydia (Kristen Stewart), a caçula que foge
aos padrões de vida regrada e acadêmica tão prezada pelos Howland. Sem ter
cursado uma faculdade e vivendo de bicos e pequenos papéis, Lydia é atriz
iniciante e mora do outro lado do país. Suas conversas com a mãe sempre acabam
em discussão por causa de suas escolhas profissionais e os irmãos também não a
levam a sério. No entanto, quando a situação fica realmente feia, é a rejeitada
Lydia que se mostra mais aberta a fazer sacrifícios pelo bem-estar da mãe.
“Para Sempre Alice” é baseado no
romance “Still Alice”, de Lisa
Genova, e foi exibido pela primeira vez no Festival de Toronto em 2014. Desde então, Julianna Moore foi
indicada a melhor atriz em várias premiações, das quais já ganhou os prêmios da
Associação de Críticos de Cinema de
Chicago, de San Francisco e de Washington. Enquanto o resultado de
outras premiações, como o Globo de Ouro, não sai, o filme segue como forte
candidato a indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz. E quero dizer que,
além da Julianne Moore arrasar (como sempre) nesse papel, a Kristen
Stewart finalmente entrega uma boa interpretação, sem fazer aquela cara
de tédio padrão de seus trabalhos anteriores.
Para
quem curte dramas e conflitos familiares. Recomendo e aguardo ansiosa pela lista
de indicações do Oscar 2015!
2 comentários:
Oi, Michelle!
Fiquei muito interessada nesse filme!
Gosto bastante da Julianne Moore.
E morro de medo dessa doença. Minha avó teve é uma coisa bem triste de se acompanhar (imagina de viver).
Você viu no cinema ou baixou?
Será que acho nos torrents da vida?
Resenha excelente! Obrigada!
Beijo!
Aline,
Também sou fã da Julianne Moore.
Alzheimer é bem assustador, não? É tão triste...
Te passei o link. Depois conta o que achou ;)
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