“Contos de lugares distantes” é um
livro peculiar, fácil de gostar, mas impossível de explicar. Então, vou dar a
palavra ao Neil Gaiman, responsável
pelo texto da quarta capa, e muito mais capacitado a falar sobre o mundo mágico
desta obra: ‘Shaun Tan é singular. É um artista de histórias curtas, mágicas e
perfeitas, muitas vezes sem palavras. São, na verdade, sonhos que se pode
trazer para o mundo da vigília, este em que vivemos, iluminando-o. São tramas
que Kafka poderia ter contado, caso gostasse um pouco mais da vida. Shaun Tan
cria beleza a partir das pequenas coisas e também daquilo que nunca existiu,
mas que nem por isso é menos real. Inventa enredos inesquecíveis que, acredite,
vão deixar sua vida um pouco mais mágica’.
As
pequenas histórias do livro trazem elementos fantásticos para o dia a dia e dão
vida a criaturas imaginárias. Realidade e fantasia convivem em harmonia e
transportam o leitor para dentro desse universo mágico e encantador. Das mãos
de Shaun Tan saíram contos que podem
parecer improváveis à primeira vista, mas que cativam e se tornam mais críveis
a cada página.
Uma
das histórias fala de um búfalo enorme que vivia em um terreno baldio e era
perito em indicar direções com sua pata; outra fala de um garoto que recebe em
sua casa um estudante de intercâmbio que parece ter hábitos inexplicáveis, mas
que conquista a todos; há aquela em que um mergulhador aparece com seu traje
antigo no jardim da vizinha rabugenta e a transforma; em outra, um gigantesco
animal marinho surge no gramado de uma casa que ficava a quilômetros do mar e
muda a vida de uma família; tem também a história de dois irmãos que saem em
uma aventura para descobrir o motivo do término abrupto de algumas ruas em um
mapa. Em todas, o tom é reconfortante e a mensagem é clara: acredite, não
apenas no que os olhos veem.
Sendo
Shaun Tan um renomado ilustrador, é
lógico que o livro é uma obra de arte. Misturando diversas técnicas (colagem,
canetinha, tintas de vários tipos), ele imprime aos desenhos uma delicadeza que
remete à atmosfera nebulosa dos sonhos e vai montando um enorme mosaico de
palavras e imagens que se complementam perfeitamente. Achei bem bacana o
formato de envelope e, nas últimas páginas, o cartão de biblioteca, como se
fôssemos mais um leitor a pegar emprestado o exemplar e a embarcar nessa viagem
ao redor do mundo.
A
habilidade de desenhista de Shaun Tan
fez com que ganhasse a admiração dos colegas de classe quando criança e foi
crucial na escolha de sua carreira. Ganhou diversos prêmios, dentre eles o Astrid
Lindgren Memorial Award, em reconhecimento à sua contribuição para a
literatura infantil. O artista também trabalha com animações, e transformou um
de seus livros, ‘A coisa perdida’,
em curta-metragem, vencedor o Oscar 2011 nessa categoria. Eu já tinha visto o filme, mas, agora
que tive contato um pouco maior com seu trabalho, consegui enxergar outras
características de suas obras e fiquei com vontade de conhecer outros trabalhos
do artista.
Contos
que misturam fantasia e realidade para criar mundos incríveis e encantadores. Recomendo!
Assista ao curta 'The Lost Thing' (legendado):
Um comentário:
Michelle, que bonito esse livro. Acho que livros assim aquecem o coração. E eu não conhecia esse curta! Vou assistir e depois conversamos!
Beijo grande
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