“Ocean Heaven” é a história de um pai
que descobre ter poucos meses de vida e, então, decide ensinar ao filho autista
tudo o que puder para que ele seja independente e possa continuar seu caminho
sozinho.
A
história é bem simples, mas não por isso desinteressante. A força do filme está
justamente em focar em uma situação trivial de relacionamento entre pai e filho
para mostrar a importância de se estimular a independência de pessoas com algum
tipo de deficiência cognitiva, respeitando suas limitações, é claro.
No
filme, o pai, Wang, é interpretado
por Jet
Li, mostrando que, além de lutar muito bem, também é capaz de
emocionar. Foi ele quem criou o filho desde pequeno, após a morte da esposa.
Eles têm um bom relacionamento e Wang é um pai dedicado, mas às vezes trata Dafu, o filho de 21 anos, como criança.
É um erro compreensível, fruto da intenção de ajudar. No entanto, quando
descobre que vai morrer, Wang se dá conta de que Dafu ficará sozinho no mundo,
e que, portanto, precisa saber fazer as coisas por si mesmo.
É
então que vemos o desespero de um pai aflorar. A angústia é tão grande que,
logo nas primeiras cenas, ele se joga no mar amarrado ao filho e a uma pedra,
tentando pôr um fim rápido à sua dor. Como seu plano falha, ele começa a buscar
instituições que possam acolher o filho após sua morte, se esforça em ensinar Dafu a cuidar
da própria higiene e alimentação, insiste em ensinar ao rapaz o conceito
abstrato de dinheiro, treina o moço para que saiba usar o ônibus, procura
ensinar a ele um ofício simples no aquário em que trabalha.
Em
algumas tarefas Dafu se sai melhor do que em outras. O pai, embora
amoroso, às vezes se frustra e explode, só para se arrepender segundos depois.
Entre erros e acertos, lágrimas e abraços, eles tentam de novo. E de novo. E de
novo.
Diante
de tanto empenho de pai e filho, outras pessoas são envolvidas em uma rede de
proteção a Dafu: a vizinha prestativa que usa as habilidades de organização do
moço e faz dele seu ajudante na mercearia; o chefe de Wang que emprega o rapaz
como faxineiro e o deixa nadar nos tanques, já que dentro da água parece ser
seu habitat natural; a moça que chega com o circo e se encanta com o jeito
simples de Dafu.
Sim,
tanta solicitude soa artificial e faz pensar que é realmente triste que as
coisas provavelmente não sejam assim no mundo real. É evidente que a diretora
manipula nossas emoções com doses maciças de ternura e trilha sonora que entra
nos momentos exatos para fazer chorar. Mesmo assim, gostei do filme. É como
contos de fadas. Sabemos que são apenas histórias, mas a mensagem final nos
enche de esperança.
Nota:
3,5/5
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Sobre
a diretora:
Xue Xiaolu nasceu em Pequim, China, em 1970. É roteirista, diretora e
professora na Academia de Cinema de Pequim. Seu maior sucesso é justamente sua
estreia, “Ocean Heaven”, filme de
2010 que ganhou vários prêmios em seu país natal e foi inspirado nos 14 anos de
experiência da diretora como voluntária em uma ONG de educação de crianças autistas. O
projeto chamou a atenção de Jet Li, que nem cobrou cachê, e o filme foi
realizado com apenas 1 milhão de dólares. Depois de “Ocean Heaven”, a diretora
lançou “Finding Mr. Right” em 2013 e “Book of Love” em 2016.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
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