Teatro: Atreva-se!

“Atreva-se” é uma comédia que usa o visual de filmes noir para apresentar tramas de mistério que têm como elemento em comum uma mansão amaldiçoada. A história se divide em 4 atos: “A Mansão”, “O Medo”, “O Pacto” e "De Volta à Mansão”, como se fossem tomadas de um filme. Os fragmentos são introduzidos pela lanterninha (interpretada por Mariana Santos), que interage com a platéia e levanta questões importantes para entender o desenrolar dos fatos.

No primeiro ato, um corretor tenta vender a mansão a uma mulher que parece muito interessada, apesar do histórico de tragédias do imóvel. O ano é 1963.

Em uma viagem no tempo, retornamos ao ano de 1920, quando um casal de irmãos vivia na casa. Ela é a personificação da mulher forte e independente, que assumiu os negócios da família e que está prestes a viajar. Ele é um homem inseguro preso à cadeira de rodas e que tenta impedir a viagem da irmã, pois tem medo de ficar sozinho na mansão.

Na terceira parte da história, que se passa em 1940, a mansão é ocupada por duas primas, que aguardam a chegada de um velho amigo, com quem fizeram um pacto na noite de formatura.

Na quarta e última parte, voltamos à mansão no ano de 1963, quando o corretor vai fazer uma visita de cortesia à mais nova moradora do imóvel e detalhes sobre o passado de ambos são revelados.

Achei sensacional a ideia de utilizar a estética noir na montagem da peça. O cenário e o figurino são totalmente em preto, branco e cinza, e, juntamente com o jogo de luzes, criam a ilusão de um filme em preto e branco. A interpretação propositalmente exagerada e cenas com dublagem intencionalmente mal feitas (como salienta logo de início a lanterninha) ajudam a criar o clima de filmes antigos.

No quesito comédia, a peça é bem-sucedida; já no que tange ao suspense, fica devendo. As situações nonsense são engraçadas, assim como a interação com a lanterninha, mas isso acaba quebrando o clima de suspense (que, no fundo, não têm muita lógica).

Enfim... vale pela forma inusitada de apresentação e pelos momentos divertidos, mas acaba deixando de lado o mistério prometido.

Serviço:

Texto: Maurício Guilherme

Direção: Jô Soares

Teatro das Artes (Shopping Eldorado)

Horários: quinta a sábado, às 21:30 / domingo, às 20:00

Ingressos: De R$ 50,00 a R$ 60,00