Mark O’Brien (John Hawkes) é um poeta e escritor que, graças à poliomielite
contraída aos 6 anos de idade, perdeu o movimento de todos os músculos do
corpo, exceto os da cabeça. Sua frágil condição o obriga a passar as noites e a
maior parte do dia confinado em uma enorme máquina de respiração artificial,
conhecida como "pulmão de aço".
Embora leve uma vida “normal”, na medida do possível, Mark se sente incomodado
por estar na casa dos trinta anos e nunca ter feito sexo. É por meio da jornada
de Mark em busca de experiência sexual que assuntos tabus são apresentados com sutileza
pelo diretor Ben Lewin.
Mark
é um cara comum: trabalha, gosta de sair, tem um gato de estimação, é fã de
beisebol, frequenta a igreja e se interessa por sexo. Romântico, ele sonha em
encontrar a mulher perfeita que o complete. Religioso, ele adoraria que o sexo
acontecesse dentro de um casamento, mas o tempo está passando e não há muitas
opções em vista. Assim, ele divide suas dúvidas e angústias com o padre Brendan (William
H. Macy), seu amigo e confidente. E aí está o primeiro conflito:
deveria um servo do Senhor aconselhar que Mark se resignasse e contasse com a
Providência? Ou deveria se compadecer da aflição alheia e tentar ajudar essa
alma atormentada que só queria resolver um problema de ordem prática, sem
causar nenhum mal a terceiros? O lado humanitário de Brendan fala mais alto que
seu lado religioso, e ele decide apoiar o amigo em suas decisões, fazendo
recomendações e ouvindo, com uma mente aberta, o que o outro tem a dizer.
A
terapeuta sexual de Mark recomenda a ele uma 'substituta sexual', alguém que poderia despertar sua consciência
corporal para o sexo, em complementação ao trabalho psicológico que já estava
sendo feito. Então entra em cena Cheryl (Helen Hunt), que deixa claro desde
o início que a duração máxima da terapia era de 6 sessões. Durante os
encontros, Mark conhece melhor o próprio corpo e o de outra pessoa e aprende a
lidar com sensações e emoções totalmente novas em seu repertório.
O
ponto forte do filme é justamente esse: apresentar essas descobertas de forma
delicada e sincera, sem glamorização ou fantasias romantizadas. Tudo é mostrado
de forma natural, desde o dia a dia do protagonista e seus afazeres até as
cenas de sexo. E, ao contrário do que poderíamos supor, o filme não é melodramático; pelo contrário, utiliza o humor para mostrar a superação das dificuldades e das estranhezas.
Helen Hunt está muito bem na pele da terapeuta empenhada e
sensível. William H. Macy comove com o padre que deixa de lado os dogmas da igreja em prol do bem-estar do próximo. Mas o destaque, sem dúvida, é o John Hawkes, em um papel
dificílimo, que exigiu que o ator ficasse em uma posição claramente
desconfortável por horas, contando apenas com sua expressão facial e entonação
vocal para passar as emoções de Mark. A falta de sua indicação como Melhor Ator é mais um caso claro de Injustiça do Oscar .
Em tempo: Mark O’Brien foi um jornalista,
poeta e ferrenho ativista dos direitos dos portadores de necessidades especiais
nos Estados Unidos. O roteiro de "As
Sessões” tem por base um artigo escrito por O’Brien e publicado na revista Sun,
em 1990. O escritor também foi a fonte de inspiração de "Lições de Respiração: A Vida e a Obra de Mark O'Brien",
vencedor do Oscar 1997 na categoria
de Melhor Curta-Metragem Documental.
5 comentários:
Esse filme parece ser muito sensível, e me lembra "O Escafandro e a Borboleta", que eu assisti e adorei.
Ambos tratam de pessoas confinadas ao próprio corpo devido uma doença e os desafios para se adaptar a sua condição.
Mas este parece ser mais interessante já que nele o protagonista está numa busca, e no outro, o protagonista só está relembrando a sua vida.
Eu tomei conhecimento desse filme ontem enquanto folheava uma revista. Passou desapercebida por mim a indicação da Helen mas gostei muito da temática, parece ser bem interessante.
Beijo!
Bruna,
"O escafandro e a borboleta" é lindo, mas altamente depressivo (eu achei). Este está mais para "Intocáveis", sabe? Apesar das grandes dificuldades do protagonista, ele é bem-humorado e faz piadas com sua condição. Daqueles que você nem espera, mas acaba rindo bastante das situações.
Tati,
A indicação da Helen Hunt não foi muito comentada (eu, pelo menos, não vi muita coisa sobre isso). O filme em si nem foi muito divulgado. Mas gostei bastante e recomendo.
Gente, fiquei sabendo na premiação que Helen Hunt tava concorrendo ao Oscar... Gostei deste filme, bastante, parece realmente bem delicado e sem enfeite demais dos assuntos! Tá na lista! :)
bjs bjs!
Raíssa,
Eu gostei da atuação da Helen Hunt e do filme em geral. Vale uma espiada ;)
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