Eliza Doolittle (Audrey Hepburn) é uma florista muito pobre que tenta descolar
uns trocados nas ruas de Londres. Um dia, sua pronúncia sofrível chama a
atenção de Henry Higgins (Rex Harrison), estudioso da
fonética que consegue identificar no sotaque das pessoas não apenas seu país de
origem, mas também o bairro em que moram e suas viagens pelo mundo. Indignado
não apenas com a pronúncia horrorosa de Eliza, mas também com o tom estridente
de sua voz e sua falta de modos, ele faz uma aposta com o amigo Coronel Pickering (Wilfrid Hyde-White):
ensiná-la, durante seis meses, a ser uma verdadeira dama, capaz de se apresentar como tal no baile da embaixada no Palácio de Buckingham sem
despertar suspeitas quanto à sua origem humilde, em troca de dinheiro para
financiar suas pesquisas.
Eliza,
que havia ido até a casa de Higgins disposta a gastar seu suado dinheiro em
aulas de pronúncia, vê na aposta dos cavalheiros a oportunidade de melhorar sua
apresentação e conseguir um emprego melhor, sonhando até mesmo com uma floricultura
própria.
Mas
as coisas não são assim tão simples, é claro. Eliza é uma aluna teimosa e
rebelde, e as discussões com Higgins são frequentes. Ele, por sua vez, também é
grosseiro e a trata como se ela não tivesse sentimentos. Cabe ao Coronel e à
governanta da casa acalmar os ânimos e manter a ordem.
O
filme vale a pena porque mostra, com muito humor, a importância da educação e
da fala correta e clara para conseguir sucesso na vida, seja aumentando as
chances de um bom emprego ou de agarrar um bom partido. Interessante ver como o
jeito de falar (geralmente demonstrando baixo nível de instrução) é apresentado
como uma forma de exclusão social (embora muita gente ainda hoje ache que é frescura).
Além
disso, há algumas cenas memoráveis, como aquela em que Higgins faz piadas com o
uso incorreto do inglês e com a pronúncia medonha irlandeses, escoceses e,
claro, americanos. E outra em que Eliza finalmente consegue pronunciar
corretamente a frase "The rain in
Spain stays mainly in the plain".
Também merece destaque a cena do primeiro
“teste” de Eliza na alta sociedade, quando ela chega à corrida de cavalos usando um vestido
fabuloso e tenta puxar conversa usando frases das lições de pronúncia, mas acaba
chocando as damas e os cavalheiros com as histórias de sua família
disfuncional. Também gostei bastante das geringonças usadas por Higgins no
treinamento de Eliza.
No
entanto, não gostei muito dos números musicais. Achei as coreografias e músicas
fracas, em geral. Exceção para
“I could have danced all night” (minha
preferida) e “Wouldn’t it be loverly?”.
A dublagem foi outro ponto problemático, pois a voz da moça que canta
efetivamente nas cenas musicais é bem diferente da voz de Hepburn.
Outra
coisa que me incomodou foi o discurso altamente machista de Higgins. Entendo
que ele era um solteirão convicto que se mantinha longe das mulheres por
achá-las todas fúteis e burras (e isso até colabora para suas discussões com
Eliza), mas acho que passou um pouco do ponto.
Enfim...
o filme é divertido (embora longo demais) e destaca a importância do uso
correto do idioma nas relações sociais e profissionais. E ainda me fez lembrar
das aulas de fonética da faculdade e do meu professor que deixava todo mundo doido com sua exigência de pronúncia britânica, mas que nos alegrava com suas interpretações de
músicas inesquecíveis (até hoje lembro dele cantando "Rudolph, the red-nosed reindeer" com uma empolgação de
dar inveja).
“A
diferença entre uma dama e uma florista não está em como ela se comporta, e sim
em como é tratada” - Eliza Doolittle
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“My Fair Lady” levou 8 estatuetas do Oscar 1965,
entre elas: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Rex Harrison) e Melhor
Figurino - colorido.
Este post faz parte do Projeto
Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos
os agraciados com o Oscar de
Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE
AQUI ou no banner na barra lateral do blog.
5 comentários:
Eu adoro os filmes da Audrey Hepburn, acho que ela era uma dona de uma leveza de atuação impressionante, além de ser linda!
Adoro Bonequinha de Luxo, apesar de que já ouvi que o livro é muitooooo diferente do filme, que o Capote tinha uma outra intenção ao escrever o livro, enfim para comparar de verdade só lendo :)
bjos
Melissa Padilha
De Coisas por Aí
Eu tive que vir comentar pq sou apaixonada por este filme. Ele tem todos esses pontos negativos que você levantou, mas é lindo ver como a Audrey consegue fazer a mesma personagem em momentos diferentes, sem que a transformação a faça perder sua essência.
Pena que não falou do pai da Eliza, os musicais dele são os que tem mais sentido em todo o filme, e é interessante também sua filosofia de vida. huasauhsuahusa
Adorei seu texto!
Melissa,
Ela é linda e talentosa!
Já ouvi essa história sobre o Bonequinha. Mais um livro que está na minha lista interminável...rs
Eve,
Verdade. A transformação da Eliza é incrível. Acabei não falando do pai porque não gostei muito dos números musicais dele, mas a filosofia que ele prega é bem interessante. Até me lembrou um pouco a filosofia das "bolsa qualquer coisa" que temos no Brasil. É melhor ser pobre e não ter preocupações e responsabilidades, né?
Michelle,
"My Fair Lady" está na minha lista de filmes para assistir antes de morrer faz muito tempo. Desconfio que até hoje não assisti por conta da duração. Sempre que vejo que passa das suas horas me desanimo; principalmente por ser um musical...
Mas um dia eu ainda assisto. É filme obrigatório, né? E tem Audrey Hepburn que é sempre divertida :)
Beijos
Michas,
A duração é realmente desanimadora, mas o filme é legal. E a atuação da Audrey é ótima!
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