quarta-feira, 15 de maio de 2013

Filme: My Fair Lady



Eliza Doolittle (Audrey Hepburn) é uma florista muito pobre que tenta descolar uns trocados nas ruas de Londres. Um dia, sua pronúncia sofrível chama a atenção de Henry Higgins (Rex Harrison), estudioso da fonética que consegue identificar no sotaque das pessoas não apenas seu país de origem, mas também o bairro em que moram e suas viagens pelo mundo. Indignado não apenas com a pronúncia horrorosa de Eliza, mas também com o tom estridente de sua voz e sua falta de modos, ele faz uma aposta com o amigo Coronel Pickering (Wilfrid Hyde-White): ensiná-la, durante seis meses, a ser uma verdadeira dama, capaz de se apresentar como tal no baile da embaixada no Palácio de Buckingham sem despertar suspeitas quanto à sua origem humilde, em troca de dinheiro para financiar suas pesquisas.


Eliza, que havia ido até a casa de Higgins disposta a gastar seu suado dinheiro em aulas de pronúncia, vê na aposta dos cavalheiros a oportunidade de melhorar sua apresentação e conseguir um emprego melhor, sonhando até mesmo com uma floricultura própria.


Mas as coisas não são assim tão simples, é claro. Eliza é uma aluna teimosa e rebelde, e as discussões com Higgins são frequentes. Ele, por sua vez, também é grosseiro e a trata como se ela não tivesse sentimentos. Cabe ao Coronel e à governanta da casa acalmar os ânimos e manter a ordem.


O filme vale a pena porque mostra, com muito humor, a importância da educação e da fala correta e clara para conseguir sucesso na vida, seja aumentando as chances de um bom emprego ou de agarrar um bom partido. Interessante ver como o jeito de falar (geralmente demonstrando baixo nível de instrução) é apresentado como uma forma de exclusão social (embora muita gente ainda hoje ache que é frescura).


Além disso, há algumas cenas memoráveis, como aquela em que Higgins faz piadas com o uso incorreto do inglês e com a pronúncia medonha irlandeses, escoceses e, claro, americanos. E outra em que Eliza finalmente consegue pronunciar corretamente a frase "The rain in Spain stays mainly in the plain"


Também merece destaque a cena do primeiro “teste” de Eliza na alta sociedade, quando ela chega à corrida de cavalos usando um vestido fabuloso e tenta puxar conversa usando frases das lições de pronúncia, mas acaba chocando as damas e os cavalheiros com as histórias de sua família disfuncional. Também gostei bastante das geringonças usadas por Higgins no treinamento de Eliza.


No entanto, não gostei muito dos números musicais. Achei as coreografias e músicas fracas, em geral. Exceção para “I could have danced all night” (minha preferida) e “Wouldn’t it be loverly?”. A dublagem foi outro ponto problemático, pois a voz da moça que canta efetivamente nas cenas musicais é bem diferente da voz de Hepburn.


Outra coisa que me incomodou foi o discurso altamente machista de Higgins. Entendo que ele era um solteirão convicto que se mantinha longe das mulheres por achá-las todas fúteis e burras (e isso até colabora para suas discussões com Eliza), mas acho que passou um pouco do ponto.


Enfim... o filme é divertido (embora longo demais) e destaca a importância do uso correto do idioma nas relações sociais e profissionais. E ainda me fez lembrar das aulas de fonética da faculdade e do meu professor que deixava todo mundo doido com sua exigência de pronúncia britânica, mas que nos alegrava com suas interpretações de músicas inesquecíveis (até hoje lembro dele cantando "Rudolph, the red-nosed reindeer" com uma empolgação de dar inveja).

“A diferença entre uma dama e uma florista não está em como ela se comporta, e sim em como é tratada” - Eliza Doolittle

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“My Fair Lady” levou 8 estatuetas do Oscar 1965, entre elas: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Rex Harrison) e Melhor Figurino - colorido.


Este post faz parte do Projeto Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos os agraciados com o Oscar de Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE AQUI ou no banner na barra lateral do blog.


5 comentários:

Melissa Padilha disse...

Eu adoro os filmes da Audrey Hepburn, acho que ela era uma dona de uma leveza de atuação impressionante, além de ser linda!
Adoro Bonequinha de Luxo, apesar de que já ouvi que o livro é muitooooo diferente do filme, que o Capote tinha uma outra intenção ao escrever o livro, enfim para comparar de verdade só lendo :)
bjos
Melissa Padilha
De Coisas por Aí

Eve Fowl disse...

Eu tive que vir comentar pq sou apaixonada por este filme. Ele tem todos esses pontos negativos que você levantou, mas é lindo ver como a Audrey consegue fazer a mesma personagem em momentos diferentes, sem que a transformação a faça perder sua essência.

Pena que não falou do pai da Eliza, os musicais dele são os que tem mais sentido em todo o filme, e é interessante também sua filosofia de vida. huasauhsuahusa

Adorei seu texto!

Michelle disse...

Melissa,
Ela é linda e talentosa!
Já ouvi essa história sobre o Bonequinha. Mais um livro que está na minha lista interminável...rs

Eve,
Verdade. A transformação da Eliza é incrível. Acabei não falando do pai porque não gostei muito dos números musicais dele, mas a filosofia que ele prega é bem interessante. Até me lembrou um pouco a filosofia das "bolsa qualquer coisa" que temos no Brasil. É melhor ser pobre e não ter preocupações e responsabilidades, né?

Michelle Borges disse...

Michelle,

"My Fair Lady" está na minha lista de filmes para assistir antes de morrer faz muito tempo. Desconfio que até hoje não assisti por conta da duração. Sempre que vejo que passa das suas horas me desanimo; principalmente por ser um musical...

Mas um dia eu ainda assisto. É filme obrigatório, né? E tem Audrey Hepburn que é sempre divertida :)

Beijos

Michelle disse...

Michas,
A duração é realmente desanimadora, mas o filme é legal. E a atuação da Audrey é ótima!