Oi, pessoal!
Carnaval
chegando e, para muita gente que não curte a folia, é o momento ideal para
descansar e botar em dia a leitura. No post de hoje, indico 5 livrinhos
daqueles para se ler em 1 dia. E tem para todo gosto: infantil, terror
adolescente, romance, thriller e peça de teatro.
Os Livros que Devoraram Meu Pai (Afonso
Cruz) [Portugal]
Esta história delicinha é narrada por Elias Bonfim, um garoto que herda uma biblioteca e inicia uma busca pelo pai, que sumiu nas páginas de um livro enquanto lia escondido do chefe. Em sua aventura, Elias vai coletando pistas do paradeiro do pai nos grandes clássicos da literatura, tendo como fiel escudeiro o cão Prendick.
Como
não gostar de uma história que fala sobre livros? E ainda é contada com a
imaginação, perspicácia e curiosidade típicas da infância! Foi meu primeiro
contato com a escrita do português Afonso Cruz e fiquei encantada. Um livro
para ler e reler sempre. Em qualquer idade.
“Para uns, a raiz é a parte invisível que permite à árvore crescer. Para mim, raiz é a parte invisível que a impede de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro defeituoso”.
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Garota Infernal (Audrey Nixon – com base no roteiro de Diablo Cody) [Estados Unidos]
Depois de sobreviver ao incêndio da noite anterior, que arrasou o bar onde a banda indie “Low Shoulder” se apresentava, Anita/ "Needy" chega em casa cansada, ferida e preocupada com a melhor amiga, Jennifer, que escapou da tragédia, mas se enfiou no macabro furgão da banda e desapareceu. Quando, horas mais tarde, Needy dá de cara com Jennifer coberta de sangue em sua própria cozinha, fica aliviada por ver que a amiga estava viva, mas nem faz ideia do quanto sua BFF estava diferente.
Decidi
conferir o livro, baseado no filme de 2009, por pura curiosidade. A história mostra
como a relação entre duas melhores amigas com personalidade opostas (Needy – a
CDF, sem graça, madura, que vive tirando a outra de enrascadas e não percebe
que é usada; e Jenny – a gostosona, cheerleader,
popular, que morre de inveja da BFF) se deteriora quando o tal evento do
parágrafo acima acontece. Não posso falar muito porque não quero dar spoilers, mas achei um bom passatempo,
embora não chegue aos pés do filme (que tem como ponto forte a excelente trilha
sonora). Indico para fãs de YA sobrenatural.
“O
amor que se sela na caixa de areia nunca morre”.
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Acabadora (Michela Murgia) [Itália]
Na
Sardenha dos anos 50, época de recursos escassos, era comum que as famílias
mais pobres e com muitos filhos doassem os caçulas a quem tivesse interesse e
melhores condições de criá-los. Maria Listru é uma dessas crianças que, aos
seis anos, vira “filha d’alma” da solitária costureira Bonaria Urrai. Desde
muito pequena, Maria aprende a lidar com os segredos e com a constante presença
da morte, mas descobrir que a mulher que a criara era uma “acabadora” gera muitas
dúvidas e acusações à mãe adotiva. Como lidar com tantas emoções conflitantes?
Acompanhamos
a história da garotinha que era apenas mais uma criança de uma grande e
miserável família e se transforma na única filha de uma senhora misteriosa,
trabalhadora e muito respeitada por um dom que Maria não entende. Ao mesmo
tempo em que tenta compreender sua relação com a mulher a quem continua
chamando de ‘tia’, Maria experimenta novas sensações e transformações da
adolescência. Para ela, nada mais é como costumava ser. Uma narrativa simples e
delicada, que fala das dificuldades para se colocar no lugar do outro e aceitar
o desconhecido, além do desabrochar de sentimentos novos. Recomendo muito.
“Para
um homem que aspira ao respeito dos outros, as coisas boas podem até ser
gratuitas, mas as ruins devem ser sempre necessárias”.
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O Invasor (Marçal Aquino) [Brasil]
Estevão
é sócio majoritário de uma construtora onde trabalham Ivan e Alaor, seus amigos
desde os tempos da faculdade e sócios da empresa. Desgostosos com
o rumo que os negócios estavam tomando graças à administração excessivamente
metódica de Estevão, os outros dois decidem contratar um matador profissional
para eliminá-lo. Quem assume o serviço sujo é Anísio, sujeito observador e
persuasivo que, aos poucos, começa e se infiltrar na empresa e na vida da dupla
que o contratou.
Eu
adoro o filme e foi uma grata surpresa descobrir que o livro que serviu de base
para a adaptação já trazia em suas páginas as mesmas características que fazem
da versão cinematográfica uma ótima história: a linguagem simples e coloquial,
a paranoia desenvolvida por Ivan, as intrigas e mistérios, a ganância, a
inveja, a traição. O Anísio do livro é fisicamente bem diferente daquele
encarnado por Paulo Miklos (que, aliás, foi o que continuei imaginando durante
toda a leitura), mas a personalidade marcante é a mesma. Para quem curte thrillers psicológicos, indico esse ótimo representante brasuca.
“O
sinal de pedestres abriu e ele me olhou uma última vez, antes de atravessar a
Paulista, desviando-se das pessoas que caminhavam apressadas em sentido
contrário. Cada um com suas tatuagens e suas histórias para contar ou
esconder”.
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Anjo Negro (Nelson Rodrigues) [Brasil]
Ismael
é um negro que tem vergonha e raiva de sua própria cor. Por isso, se casa com a
linda Virgínia, branca. Só que o casal vive sob a influência de uma maldição:
todos os filhos que nascem morrem ainda crianças. No dia do enterro do terceiro
filho, aparece na propriedade do casal o meio-irmão (branco e cego) de Ismael,
que faz revelações assombrosas sobre o passado de ambos e desencadeia um ciúme
doentio do já violento marido de Virgínia.
Como
todo texto de Nelson Rodrigues, este também trata de assuntos polêmicos:
racismo, estupro, incesto, traição e, por meio de personagens peculiares e suas
ações extremadas, o autor faz duras críticas à hipócrita sociedade brasileira.
Escrito em 1946, “Anjo Negro” sofreu com a censura por 2 anos antes de ser
finalmente publicado. Pesado, tenso, provocante. Uma daquelas histórias que
causam indignação e repulsa durante a leitura, exaurem suas forças, ficam
martelando na memória por dias depois que a última página é virada. Muito bom.
“Meu
corpo é teu, já foi teu, será teu mil vezes. Mas, pelo amor de Deus, não faça
perguntas!... Esquece o que houve, tudo o que houve, tudo. Porque hoje – você
não vê, não sente? – eu estou amorosa ou quase...”.
Bom
feriado! ;)
7 comentários:
Já li A Acabadora. É ótimooooooooo!
Bom Carnaval!
Da sua lista eu tenho O Invasor e Acabadora, mas ainda não li. Quem sabe não aproveito a oportunidade do carnaval, né? Esse do Afonso Cruz ainda não consegui encontrar para comprar, mas estou com dois outros dele aqui para ler.
Obrigada pelas dicas!
beijo e bom carnaval!
Pipa
MiG, eu tb gostei muito de Acabadora, mais ainda da escrita da Michela. Tenho essa edição de O Invasor, mas não sei o que fazer, pois veio faltando um monte de páginas... ;( E quero muito ler os livros que devoraram meu pai, acho que vou adorar a história! ;o) Vou ver se termino hoje Dentro de ti ver o mar, da Inês Pedrosa e programar leituras mais levinhas pra sair da ressaca que durou todo esse mês! ;)
Xerinhos, lindeza! ♥
Não vai ter feriado para mim, Michelle, mas adorei suas indicações. Essa coleção "Má companhia" está chamando minha atenção ultimamente, é tão fofinha e baratinha, he he. Agora o do Afonso Cruz acabou de virar uma obsessão - adoro livros que falam de livros <3
beijo grande,
Maira
Ah, Mi
Quero ler todos...rsrsrs
Estao na lista, adorei!
Bjks mil e um otimo carnaval
Gostei das dicas! Tenho muita vontade de ler Os livros que devoraram meu pai, gosto de livros sobre livros. Nunca tinha ouvido falar de Acabadora, parece muito interessante.
Ouseviver,
A Acabadora foi uma escolha aleatória muito feliz.
Pipa,
Esse do Afonso Cruz comprei em uma daquelas promoções doidas do Submarino ou da Saraiva. É muito fofo!
Paty,
Verdade. A escrita da Michela é uma delícia. Sobre a falta de páginas, você já entrou em contato com a editora? Geralmente, elas trocam. E ainda não li nada da Ines Pedrosa. Preciso corrigir isso.
Maira,
Foi o primeiro que li dessa coleção, mas gostei. Adoro livros pocket! E livro sobre livros é tentação demais para os amantes de literatura, né?
Clau,
Se quiser algum, me fala que eu te levo, OK?
Lígia,
Se você é apaixonada por livros, não tem como não adorar o livro do Afonso Cruz.
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