Diana
é uma garota que enfrenta problemas na escola e em casa: no primeiro caso, tem
dificuldade com as matérias e não consegue se enturmar; no segundo, tem que
lidar com o pai violento e machista. Meio que por acaso e contra todas as
expectativas, ela acaba encontrando no boxe um estímulo para continuar vivendo.
Histórias
de boxe têm um desenrolar sempre igual: o personagem principal tem uma vida
dura e sem perspectivas, vê no boxe uma saída, consegue vencer algumas lutas,
perde a cabeça com alguma bobagem, arruína seu relacionamento com a
namorada/esposa/filho(a) e se redime no final. Isso se o protagonista for
homem. Quando falamos de boxeadoras, a coisa muda um pouco de figura: a maior
dificuldade é sempre começar a treinar porque... bem, esse não é um esporte
para mulheres. A desculpa é sempre essa. Daí a moça precisa se esforçar para
provar que é tão boa quanto qualquer marmanjo. E, no fim, consegue (embora o
final da história nem sempre seja feliz, como no caso de "Menina de Ouro").
Mas
voltando ao filme de hoje... Diana (Michelle Rodriguez) vive com o pai e
o irmão num bairro pobre e violento. Depois da morte da mãe (que descobrimos
depois ter sido causada pelo pai), sobrou para Diana a função de dona de casa.
Já ao irmão, que quer cursar faculdade de artes, coube o papel de esperança da
família – o pai cobra dele bons resultados na escola e paga aulas de boxe para
que ele seja macho (mesmo que ele não tenha nenhum talento ou interesse por
essa atividade). Quando Diana diz ao pai que gostaria de treinar também, ele ri
da cara dela e diz que não vai desperdiçar dinheiro com isso e que já faz muito
bancando suas futilidades femininas (o detalhe é que ela é do tipo sem vaidade
nenhuma, ou seja, ele simplesmente achava que boxe não era coisa de mulher e
pronto).
O irmão aceita dar o dinheiro das aulas dele a ela e a menina começa a treinar.
E aí é aquela coisa: ninguém bota fé na garota, zombam dela, os rapazes e
alguns treinadores não querem treinar com ela e por aí vai. Para piorar, ela
acaba se envolvendo com um dos boxeadores da academia, que faz aquele joguinho
de dizer que ela é maravilhosa, inteligente, decidida, talentosa e blábláblá, mas que na hora de
circular pelas festinhas prefere ser visto com uma moça que atenda ao
estereótipo de bonita e burra. Nem preciso dizer que quando Diana começa a disputar campeonatos e chamar atenção de patrocinadores o bonitão se dói e
culpa a garota por seus fracassos.
O
filme não é sensacional, mas considerando que é um filme independente de baixo
orçamento (que levou os Prêmios de Direção e do Júri no Festival de Sundance do ano 2000),
que foi a estreia da diretora Karyn
Kusama e o primeiro papel de Michelle
Rodriguez, “Boa de Briga” merece
crédito. E um filme escrito, dirigido e estrelado por mulheres e que se passa em
um mundo quase que totalmente masculino tem, sim, grande valor.
Nota: 3,5/5
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Sobre
a diretora:
Karyn Kusama nasceu em Los Angeles ,
Califórnia, em 1968. Seu primeiro filme foi “Boa de Briga”, e depois disso já dirigiu mais três, cada um de um
gênero diferente, mas todos tratando do papel da mulher na sociedade. “Garota Infernal” (Jennifer’s Body) é outro trabalho dela que já vi e do qual,
inclusive, gosto muito. Ela também dirigiu um episódio da série “The L World”.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
2 comentários:
Não é bem o género de filme que gosto, mas a indicação vale muito a pena por se passar num mundo dito masculino. Boa dica :)
Claudia,
Sim! Adoro histórias de mulheres que se infiltram no mundo masculino!
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