Katarina é uma jovem de vinte e poucos
anos que vive em um bairro afastado da capital sueca com um namorado acomodado
e a mãe alcoólatra, e que tem dificuldade de se manter em um emprego, graças a
um vídeo que a difamou na internet. Suas expectativas em relação ao futuro eram
nulas, até topar por acaso com um vídeo de Mozart
no YouTube, quando então passa a ver a música clássica como uma forma de escapar da
dura realidade que a cerca e uma chance de deixar para trás sua vida miserável.
É o
acaso que faz Katarina descobrir Mozart, e também é a casualidade que a faz
estar no auditório no exato momento em que a diretora aguardava uma candidata
para a vaga de recepcionista, oportunidade que a protagonista agarra com unhas e dentes, inventando umas mentiras sobre o destino trágico de sua mãe e
expressando todo seu encantamento e interesse pela música.
Ocupando
o novo cargo, Katarina parece finalmente ter encontrado um rumo num emprego que
lhe permitia aprender e ainda respirar música todos os dias. Um dia, ela se
aproxima do maestro Adam, que se
mostra admirado com a dedicação da jovem e a estimula com livros de poesia e
filosofia e apresentando novos músicos. Os dois vão se tornando cada vez mais
próximos e acabam virando amantes. Não preciso nem dizer quem leva a pior quando
o relacionamento termina, certo?
Katarina
é uma pessoa incompreendida. Ela acredita que a vida é mais do que apenas
trabalhar e se jogar no sofá no fim do dia para assistir programas de TV
alienantes, como fazem seu namorado e amigos. Ela sente que não deve se
acomodar com o que tem por medo de arriscar, como a mãe que sugeriu que ela
agarrasse o namorado enquanto ainda era nova e bonita, mesmo que ela não
gostasse tanto assim dele. Ela é julgada por seu passado sexual e vista como
louca e agressiva por não conseguir escutar desaforos calada, e não faltam
aqueles que sugerem a ela que tome uns remédios para se acalmar ou se interne.
Tudo o que ela quer é viver intensamente, se entregar de verdade às suas
paixões e crenças, ainda que de modo um tanto inconsequente, afinal, ela está
começando a viver. Mas quem se atreve a pensar diferente paga caro.
Lisa Langseth usa a peça Den älskade
(‘Beloved’/‘The loved one’), escrita por ela e encenada na Suécia anos antes
por Noomi Rapace, como base de seu
primeiro filme para falar de diferenças sociais, conformismo, machismo e
coragem. Se a vida de Katarina começou a mudar sem querer, é só com muito
empenho e ousadia que ela consegue superar tudo que tentava arrastá-la de volta
para a vida medíocre da qual ela quer fugir. E ela aprendeu direitinho a lição do
filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard:
"Coragem é a única medida da
vida".
Estreia
da diretora Lisa Langseth nos longas e primeiro trabalho como protagonista da
atriz Alicia Vikander – que dupla!
Nota:
4/5
******************
Sobre
a diretora:
Lisa Langseth é sueca e atua como roteirista, diretora de teatro e cineasta. Ganhou
o prêmio sueco de melhor roteiro em 2010 (Guldbagge
Award) com “Pura”. Seu segundo
longa-metragem, “Hotel Terapêutico” (Hotell),
também conta com a participação de Alicia Vikander.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário