Deodato é aprendiz de coveiro, mas não
pode ver um defunto que desmaia. Como dizem seus companheiros de trabalho, “ele
é sensível demais”. De fato, o moço tem veia artística e sempre dá um jeitinho
de escapar às tarefas do cargo para tocar órgão escondido na capela, ou para
escrever poemas sentado entre os túmulos. Um dia, chega ao cemitério Jaqueline, a moça enviada pelo Serviço
Funerário que vira a necrópole e a vida de Deodato de cabeça para baixo.
Musical
é um tipo de filme que as pessoas amam ou odeiam sem meio-termo. Entre as
produções brasileiras então... coisa raríssima. Como não ficar curiosa com um
representante brasuca do gênero que ainda tem um tema funesto e clima de humor
negro?
Particularmente,
achei bem divertido. Não só pelo fato insólito de um aprendiz de coveiro ter
medo de mortos, mas também pelos personagens secundários, como a florista que
flerta como o amigo de Deodato e que inova as frases das coroas fúnebres e o
padre glutão que é perseguido pelo velhinho que todo dia quer se confessar
porque tem certeza que aqueles são seus minutos finais na Terra.
Outro
ponto positivo é a crítica que a diretora faz à especulação mobiliária, essa
praga das grandes cidades. O diretor do cemitério enfrenta o problema de falta
de espaço para enterrar novos mortos. Sua solução visionária, então, é fazer um
levantamento dos jazigos abandonados e desapropriar alguns túmulos para lançar
um grande empreendimento que vende sepulturas verticais – e é para fazer tal
levantamento que chega Jaqueline.
O
romance previsível que acaba acontecendo entre Deodato e Jaqueline não chega a
incomodar e inverte os clichês de moça romântica que sonha com o príncipe no
cavalo branco ao apresentar um protagonista masculino delicado e que se apega
fácil, e uma mocinha decidida que chega de moto para resgatar o rapaz – e que
com quem só quer um relacionamento efêmero e nada mais.
Foi
uma boa surpresa. Recomendo para quem gosta de variar os estilos na hora de
escolher um filme.
Nota:
3,5/5
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Sobre
a diretora:
Juliana Rojas é uma brasileira nascida na cidade de
Campinas em 1981. É diretora, roteirista e montadora. Junto com o diretor Marco
Dutra, que conheceu na Escola de Comunicação e Arte da USP e com quem
estabeleceu uma parceria duradoura, dirigiu seu primeiro filme, o
curta-metragem "O lençol
branco", em 2004. De lá para cá, assumiu a direção de mais 5 curtas, e
em 2011 dividiu a cadeira de diretora com Dutra novamente no longa "Trabalhar Cansa". “Sinfonia da Necrópole” é seu
primeiro longa-metragem solo como diretora.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
3 comentários:
Achei o filme bem inusitado e divertido. É sempre bom ver filmes um pouco mais atípicos surgindo no cinema nacional. :)
Boa tardeeee!!
Eu assisti uma das pré-estreia aqui em SP (cinemateca),e achei o filme simplesmente incrível. Gostei muito da historia, da trilha sonora e os personagens eram hilários.Gostei tanto que assistiria novamente!
:D
bjos
Lígia,
Sim! O filme tem lá seus problemas, mas acho válido pela inovação proposta.
Andreia,
Achei bem inusitado e divertido. E mostra que dá para filmar uma história diferente e sem orçamento milionário.
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