Um
garoto passa uma temporada na casa dos avós, em Porthsmouth, cidade litorânea da Inglaterra. Nesse período, faz descobertas sobre o passado de seu avô
e a doença misteriosa do tio, e conhece pessoas
interessantes, como a mulher que interpreta uma sereia e Swatchell, amigo
de seu avô e também “Professor” que
manipula os bonecos da encenação de Mister
Punch na praia.
A
história trata de memórias de infância
e perda da inocência. O garoto
relembra vários eventos e, exatamente como acontece quando tentamos contar uma
história há muito acontecida, vai juntando fragmentos de épocas distintas,
misturando, reorganizando e criando. Isso é bem trabalhado nas ilustrações da graphic novel, que usam fotografia,
montagem, desenho e pintura para apresentar as lembranças entrelaçadas à
realidade.
O
visual é bem escuro e assustador,
assim como a história encenada por Mr. Punch, o protagonista violento e de voz
aguda que não consegue cuidar do bebê e parte para cima da esposa e de quem
mais cruzar seu caminho. Aqui vale fazer um parêntese: para apreciar toda a
beleza da trama criada por Gaiman, é necessário ter um conhecimento mínimo
sobre a história de Mr. Punch e Judy,
uma tradição britânica apresentada
desde o Século XVI. Não vou detalhar aqui, mas, quem se interessar, pode ler
mais sobre o assunto na Wikipedia
(em inglês).
Não foi uma leitura muito fácil. Li duas vezes para conseguir captar todas as nuances. A pesquisa sobre a história original do teatro de bonecos foi essencial para entender melhor esse universo. Mesmo com o esforço exigido, gostei muito de mergulhar na história
saída da mente alucinada do Neil Gaiman
e primorosamente ilustrada por Dave
McKean.
“Perguntei
a meu avô o que o homem quis dizer quando mencionou o sabonete em Gales. Ele
disse que não era da minha conta, que se eu não fizesse perguntas, não ouviria
mentiras. queria perguntar se ouviria muitas mentiras, caso eu fizesse muitas
perguntas, mas segurei a língua. Os adultos fazem o que fazem. Vivem num mundo
maior, ao qual as crianças não têm acesso".
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5 comentários:
Não sabia que se tratava de uma graphic novel quando comecei a leitura da sua resenha, e gostei do fato. Acho que, pelo fato de o livro misturar lembranças de tempos tão distantes um do outro e ir juntando esse imenso quebra-cabeças, seria muito mais complicado entender o livro de outra forma. E, como designer gráfica, fiquei super curiosa pra ver as ilustrações. Não sou muito fã de misturar tantas coisas junto, mas a curiosidade falou mais alto e queria ver tantos pensamentos diferentes retratados numa coisa só =]
Beijos.
Gaiman é sempre incrível, e adoro graphic novels! muito boa a resenha
Gabi,
Acho que você ia gostar muito do visual do livro. Se tiver a chance, dê uma folheada.
Debora,
Gaiman é sempre incrível mesmo!
bjo
Nossa, meo, Neil Gaiman, COMO não amar, né? Essas histórias malucas dele, com tantas interpretações nas entrelinhas me fazem ficar mais deslumbrada por ele. *-*
Quero muito ler MR. Punch, a arte é muito bonita, né? Mas não sabia desta história de referência (*indo ler*)
adorei a dica!
bjs bjs!
Raíssa,
A arte é linda e conhecer a história original faz toda diferença para entender o livro. Fala aí se gostou depois.
bjo
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