A
história se passa na cidade marroquina de Casablanca, colônia francesa por onde
passavam inúmeros refugiados da Segunda Guerra que saíam de várias partes da Europa rumo a Lisboa para, de lá, seguir viagem até os Estados Unidos. O cínico e amargo
Rick Blaine gerenciava o Café do Rick, ponto de encontro dos imigrantes, onde
vistos ilegais eram negociados e apostas clandestinas eram feitas, tudo sob o
olhar atento do Capitão Renault, chefe da polícia francesa. Um dia, para
espanto de Rick, entra pela porta de seu estabelecimento sua grande paixão,
reabrindo feridas e envolvendo o ex-amante em um grande dilema.
“Casablanca” é um daqueles filmes que
todo mundo conhece mesmo sem ter visto. Há tempos eu queria ter assistido mas,
sabe-se lá porque, nunca o fiz. Aproveitei esses dias mais calmos de início de
ano para finalmente assistir ao DVD. Mesmo já sabendo o final (quem nunca ouviu
a icônica frase “Nós sempre teremos Paris"), o filme foi uma ótima
experiência e revelou uma trama que eu não imaginava.
No
começo, estava achando bem chatinho, com as tomadas mostrando um monte de
personagens sem importância que eram apenas clientes do Café. Demorou uns 10
minutos para Rick (Humpfrey Bogart) finalmente surgir na tela. A ação começa de
fato quando Ugarte (Peter Lorre), um sujeito que contrabandeava vistos, é
assassinado e deixa dois salvo-condutos em branco sob a responsabilidade de
Rick. Pouco tempo depois, Ilsa (Ingrid Bergman), a ex-paixão de Rick,
adentra o recinto atrás de vistos com o marido, Victor Lazlo (Paul Henreid),
um importante membro da resistência tcheca. Assim, o até então impassível e
apolítico Rick se vê diante de uma dúvida imensa: será que deve aproveitar a
chance de reviver o romance e sair do país com a amada usando os vistos que
recebeu de Ugarte ou deve ajudar o rival a fugir para que dê continuidade às
ações revolucionárias, vitais para um imenso número de pessoas?
Confesso
que não sou lá grande fã de romances e acho até engraçado o estilo de atuação
um tanto exagerada dos filmes de época. Mas a história de Ilsa e Rick é muito
bonita e triste. Aquela coisa... ninguém é culpado pelo desfecho infeliz, mas
todos saem perdendo de alguma forma. E achei que os atores principais foram
muito bem escalados. Dá para acreditar no envolvimento deles. Aliás, não tem
como não gostar da postura blasé de Rick, que se esforça para passar uma imagem de durão, mas que logo se revela um coração de manteiga e um romântico incorrigível.
Outro
personagem que adorei foi o Capitão Renault (Claude Rains), um tremendo
oportunista que fecha os olhos para diversas atividades ilícitas que ocorrem no
Café e que não se acanha de, ele mesmo, infringir a lei para obter certas
vantagens, mas que, no fundo, tem um coração bom. Além disso, é um amigo fiel
de Rick, embora nem sempre eu tivesse certeza de sua lealdade ao vê-lo agir
junto com o Major Strasser, líder do grupo de oficiais nazistas que também está
na cidade atrás de membros da resistência.
De
resto, vale dizer que as músicas são muito boas também. Aliás, li no livreto
que acompanha o DVD que o compositor da clássica “As Time Goes By” queria
substituir a canção por outra original sua (e assim ganhar mais), só que
algumas cenas teriam de ser rodadas novamente, já que o pianista do Café toca
essa música ao piano, e Ingrid Bergman já havia cortado os cabelos para seu
próximo trabalho (e nenhuma peruca adequada foi encontrada). Um “azar” muito
bem-vindo.
Houve
ainda diversas trocas de diretor e polêmicas envolvendo órgãos de censura por
causa do passado obscuro de Rick (em alguns países, o conteúdo de sua fala era
alterado na dublagem) e da insinuação de favores sexuais que o Capitão Renault
obtinha em troca de liberação de visto (inclusive com menores de idade).
Por
fim, o filme foi um sucesso e recebeu oito indicações ao Oscar em 1944, abocanhando três estatuetas (Melhor Filme, Melhor Diretor
e Melhor Roteiro Adaptado – era
originalmente uma peça). No entanto, a fama mundial de um dos melhores filmes
de todos os tempos só foi conquistada ao longo dos anos, já que sua
popularidade é maior atualmente do que na época de seu lançamento. Típico filme
que é como um bom vinho!
[Hungria]
[Hungria]
Para
fãs de uma história bem contada que envolve conflitos políticos e romance. Tudo
ao som de uma ótima trilha sonora!
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Este post faz parte do Projeto Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos os agraciados com o Oscar de Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE AQUI ou no banner na barra lateral do blog.
7 comentários:
Mi, eu gostei muito desse filme quando assisti. Vi num final/começo de ano também, há uns 3 anos e achei incrível, quero ver de novo um dia. =)
Michelle,...é covardia eu comentar qualquer coisa...porque eu sou fã do Bogart...esse filme é um daqueles que eu tenho em destaque na estante. Aproveito pra perguntar duas coias: Vc curte James Dean? E a série da BBC, Sherlock?
Beijos pra você, querida :)
Filme do Humpfrey Bogart! Adoro esse ator!
Eu nunca vi esse filme, conheço de nome e fama, mas ainda não consegui assistir: esse ano quero adquirir alguns dvd's e ele está na lista.
Adoro saber dessas 'curiosidades', com certeza o compositor da música se sentiu feliz por não ter dado certo a mudança da música :3
Beijos!
Ah Mi, sou tão suspeita! Sempre que alguém se atreve a fazer a difícil pergunta de qual é o meu filme favorito é Casablanca que me vem na cabeça. Acho que já vi umas 100 vezes (sem exageros) e sempre, sempre choro na cena da Marsellesa, nunca vi...
Amo o Boggie e a Ingrid nesse filme, acho linda a história deles e aquele final...
Adorei seu post!
Beijo!
Que lindo ler sobre esse filme aqui!
Eu tb demorei para vê-lo, até que há uns anos resolvi parar para assistir com calma e me apaixonei. Se tornou um dos meus filmes preferidos.
E eu adoro essas atuações "forçadas".
Meu projeto para filmes em 2014 é ver o máximo possível de "clássicos"
Beijos
Lua,
Achei que sabia de tudo, mas me surpreendi. Um clássico indiscutível.
Nice,
Preciso assistir a mais filmes do Bogart. E tenho que dar mais atenção ao James Dean e ao Sherlock. Comofas quando a gente quer ver tudo e o tempo é curto?
Maura,
Esse filme é um daqueles que vale a pena ter para ver quantas vezes quiser. E também adoro essas curiosidades!
Tati,
A cena da Marselhesa realmente dá um nó na garganta. É muito bonita. Acho que tudo funciona bem nesse filme. Incrível.
MiH,
Por que a gente faz essas coisas de demorar para conhecer obras tão lindas? Eu acho que essas atuações têm um toque de dramalhão mexicano, sabe? Não que seja ruim, mas é... intenso, exagerado. Acabo achando engraçado.
E vamos ver mais clássicos, MiH!
esse filme é incrível. Um dos meus preferidos... Ah, Bergman... <3
http://torporniilista.blogspot.com.br/
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