Ed Kennedy é um garoto de 19 anos que
trabalha como taxista (porque não sabia o que fazer da vida), mora com seu
cachorro velho, fedorento e viciado em café, gosta de jogar cartas com os
amigos uma vez por semana e está apaixonado por sua melhor amiga (que obviamente
não dá bola para ele). Sua rotina monótona é quebrada quando,
involuntariamente, ele se torna herói ao evitar um assalto ao banco da
cidadezinha onde vive e começa a receber por correspondência misteriosas cartas
de baralho que lhe atribuem missões.
Me
rendi à prosa encantadora do Markus Zusak mais uma vez. Anos
atrás, quando li “A menina que roubava
livros”, fiquei fascinada com a escrita do autor, com seus personagens, sua
forma de contar história. Achei improvável que fosse acontecer novamente, ainda
mais com um livro chamado ‘Eu sou o mensageiro’ e com uma capa
meio autoajuda, meio livro espírita. Sim, estou sendo preconceituosa e julgando
o livro pela capa e pelo título, mas foi exatamente isso que pensei. Comprei
meu exemplar só por curiosidade e porque estava em promoção no sebo. E
comprovei que o tal julgamento prévio pode realmente roubar das pessoas a
chance de conhecer uma obra incrível.
Ed e
seus amigos são o que se pode chamar de bando de losers. Jovens sem perspectiva que se contentam em trabalhar em um
emprego qualquer ou em viver de seguro-desemprego e em jogar baralho, beber uma
cervejinha e ficar de bobeira. Assim como Ed, todos têm problema de
autoestima, vêm de famílias problemáticas e apresentam dificuldade para lidar
com os próprios sentimentos e para demonstrá-los. Curiosamente, o personagem
com melhores habilidades sociais é o cachorro de Ed, Porteiro. É um animal muito perspicaz, que sabe como os seres
humanos funcionam, e suas ‘conversas’ são as mais divertidas do livro!
As
cartas que começam a aparecer na caixa de correspondência de Ed são sempre ases
e contêm inscrições enigmáticas que levam a pessoas que precisam da ajuda do
protagonista (primeiro aparecem 3 endereços, depois 3 nomes de pessoas
desconhecidas, 3 títulos de livro e 3 nomes de filme). Assim que Ed descobre de
quem as cartas falam, tem que quebrar a cabeça para perceber do que tais
pessoas precisam. Às vezes é algo simples, porém significativo, como dar
atenção a uma senhora idosa e solitária; outras vezes é algo realmente
perigoso, como ajudar uma mulher que é espancada e estuprada pelo marido todas
as noites. De um jeito ou de outro, Ed, com sua sensibilidade, sempre faz a
coisa certa, ainda que não racionalize como chegou a tal conclusão.
Ao
longo da trama, pessoas invisíveis vão saindo das sombras e ganham nova
motivação graças às atitudes de Ed. E, ao mesmo tempo em que muda a vida dos
outros, Ed também passa por uma transformação. Ao conhecer melhor os estranhos,
ele acaba descobrindo a si mesmo. O mais legal de tudo isso é que, embora os
questionamentos do livro sejam profundos, a história é bem leve e o
coloquialismo e o bom humor dão o tom.
Em
suma, um livro divertido e simples, mas que leva a reflexões e deixa uma ótima
mensagem. Recomendo muitíssimo.
Este post faz parte do projeto Volta ao Mundo em 12 Livros - Mês de Janeiro: Markus Zusak. Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do #VAM12L, clique AQUI.
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6 comentários:
Zusak sempre impressionando com seu jeito delicioso de escrever! Eu quero muito ler esse, já que só li A Menina que roubava livros. Bom saber um pouco desse! Adorei. Um beijo, querida!
Eu pretendia ler esse livro também, mas quem disse que deu tempo?
Agora TEREI que arrumar tempo, kkkkkk.
Resenha perfeita! Tenho até vergonha das minhas perto das suas :)
Eu consegui este livro numa troca e pensei o mesmo que vc: será que vou gostar tanto quanto de A menina que roubava livros? Mesmo se não atingir o mesmo nível, o fato de vc ter curtido e recomendar já é uma ótima referência! (agora falta encaixar a leitura na minha fila rs!)
Oi, Michele!
Já faz bastante tempo que li esse livro - creio que foi em 2009 - então já não me lembro muito da história. O que gravou na minha mente foi justamente esse coloqualismo e a facilidade com que lemos a história de Ed. Por exemplo, não me lembrava de Porteiro, mas me lembrava da senhora idosa que precisava de atenção. Enfim, Zusak é, para mim, um autor ótimo, e sei que, independente do gênero, seus livros vão me conquistar.
Tem um novo dele, "A Garota que eu quero", lançado no final de 2013, que eu não consegui ler ainda. E a Intrínseca sempre diz que ele está escrevendo uma nova história há anos e, quando perguntado sobre ela, ele só responde: "é sobre um menino que está construindo uma ponte". Hahaha!
Obs: também tenho a mania de julgar um livro pela capa, sempre faço isso, mas não me sinto culpada: a culpa é da profissão que escolhi, haha!
Beijo!
Um livro fofo, ainda que eu tivesse um pouco de raiva do personagem principal de vez em quando...
Rachel,
A escrita do Zusak é uma delícia mesmo! Acho que você vai gostar desse ;)
Hannah,
Quando arranjar um tempinho, leia! Vale a pena!
Sarah,
'A menina que roubava livros' sempre vai ter um lugarzinho especial no meu coração, mas esse conseguiu me conquistar também.
Gabi,
Quero muito ler essa trilogia! E essa história que está sendo escrita há anos eu não conhecia...hahaha
Acho que todo mundo julga, né? O que importa é não se deixar levar pela primeira impressão.
Julia,
Sério que você ficou com raiva do Ed? É, pensando bem, às vezes ele era meio irritante...rs
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