Missão
dada é missão cumprida!
Neste
post, falo dos últimos 5 filmes do projeto para 2016. Foi uma ótima experiência
que repetirei no ano que vem. Sobre os filmes em questão: selecionei produções
de cinco países diferentes, quer dizer, trabalhos de cinco diretoras de nacionalidades
variadas. Com vocês, ‘Todos estão mortos’, ‘Suzanne’, ‘The Fits’,
‘O Astrágalo’ e ‘Into the forest’.
Filme #48: Todos Estão Mortos (Todos están muertos – Espanha, 2014)
Lupe já foi uma estrela do rock. Agora,
passa os dias preparando tortas que vende para sustentar a si mesma, ao filho
adolescente e à mãe que faz as entregas. Algo traumático aconteceu em seu
passado e a deixou aterrorizada demais para botar o nariz fora de casa. Em um Dia dos Mortos, sua mãe,
Paquita, vai ao cemitério prestar
homenagens ao filho morto e pede que ele volte para acertar algumas contas. O
que Paquita não esperava é que ele, de fato, voltasse e que seu retorno gerasse
tanta confusão.
A vibe anos 80 é maravilhosa e a história
mistura bem o drama e a comédia, acrescentando ainda uma pitada sobrenatural.
Gostei muito de como a relação conturbada entre Lupe, seu filho e sua mãe
evolui durante a trama, mas só um evento traumatizante do passado de Lupe é
abordado no filme – e a parte ignorada (ou tratada com naturalidade por todos)
me incomodou bastante.
Beatriz Sanchíz é uma diretora nascida
em Valencia, Espanha. Formada em Comunicação Audiovisual ,
concilia os trabalhos de publicidade com suas incursões pelo cinema. Já
realizou 4 curtas, 2 videoclipes, alguns trabalhos de vídeo-arte e o longa
metragem ‘Todos estão mortos’.
Filme #49: Suzanne (Suzanne – Costa do Marfim, 2013)
Nicolas é um caminhoneiro que cria as
duas filhas sozinho depois que sua esposa morre. A pequena família é bem unida,
e, apesar de terem personalidades diferentes, as irmãs Suzanne e Maria são bem
próximas. Embora a caçula, Maria, seja mais independente e extrovertida, é
Suzanne quem tem fama de rebelde. Quando essa última engravida, na
adolescência, o pai se ressente, é claro, principalmente depois que a filha
revela que quer ter o bebê e ficar com ele, mas com o passar do tempo a nova
configuração da família se acerta. Tudo vai bem até Suzanne conhecer Julien, um cara muito cativante, mas
que leva uma vida nada exemplar. Um dia, Suzanne simplesmente foge com ele,
deixando o filho pequeno, o pai e a irmã totalmente perdidos.
A
história do filme é bem simples, mas os personagens são cheios de nuances.
Senti vontade de abraçar e de socar todos eles em alguns momentos. O mais
bacana de tudo é a relação de cumplicidade entre as irmãs. E a trilha sonora
anos 90 é mais um ponto positivo (com direito até a música do Hole e pôster da
Love na parede).
Katell Quilévéré nasceu em 1980 na
Costa do Marfim e é roteirista e diretora. Seu primeiro longa, ‘Amor como veneno’, foi lançado em 2010 e
ganhou o Prêmio Jean Vigo.
Filme #50: The Fits (The Fits – Estados Unidos, 2015)
Toni é uma garota de 11 anos que ajuda
o irmão na organização do centro comunitário em que praticam boxe. No mesmo
local também há um grupo de dança formado só por garotas. Um dia, Toni decide
entrar no time de dança, sem abandonar o boxe. E então a sensação de falta de
pertencimento da protagonista vai ficando mais e mais evidente. A coisa piora
quando uma a uma as meninas começam a apresentar uma espécie de síndrome
envolvendo desmaios e convulsões. Sentindo que também será acometida pelo mesmo
mal, Toni tem que lidar com o medo, a expectativa e a exclusão.
Meu
filme favorito desta lista. O filme tem poucos diálogos, mas o que não é dito
em palavras é expresso pela música, pelas expressões faciais e pela linguagem
corporal dos personagens. E ainda tem um clima de suspense/sobrenatural
maravilhoso. Uma linda metáfora para as transformações que toda garota passa na
adolescência e o furacão que as envolve nesse período de busca por aceitação.
Anna Rose Holmer é uma roteirista e
diretora americana eleita pela Filmmaker
Magazine como um dos ‘25 novos nomes
mais importantes do cinema independente’ de 2015. ‘The fits’ foi seu primeiro longa-metragem e estreou em 2015 no
Festival de Veneza, sendo exibido posteriormente no Festival Sundance de 2016 e
então adquirido para exibição no circuito comercial.
Filme #51: O Astrágalo (L’astragale – França, 2015)
Em
uma noite chuvosa de 1957, Albertine
foge da prisão pulando o muro, mas ao aterrissar acaba quebrando um osso do pé:
o astrágalo. Julien é o cara que a
ajuda com carona e abrigo. Mesmo que ele tenha dito que ela não lhe devia nada,
Albertine se apaixona pelo moço, que também vive de roubos e golpes e coleciona
amantes. Em retrospectiva, ficamos sabendo da origem da protagonista: nascida
na Argélia, adotada por pais franceses, enviada a um internato onde conhece Marie, sua parceira no amor e no crime
– o que as havia colocado na prisão e separado durante anos. Mas quando Marie é
libertada e volta para a amada e cúmplice, tem que enfrentar uma nova situação
e um novo candidato a dono do coração de Albertine.
Adaptação
do livro homônimo escrito pela Albertine real. A fotografia em preto e branco
enfatiza a dramaticidade das imagens. E a veia literária da protagonista também
ajuda, dando um toque poético à história.
Brigitte Sy é uma atriz e diretora
francesa. Com 21 filmes no currículo como atriz, em 2010 dirigiu seu primeiro
longa, ‘Les mains libres’.
Filme #52: Into the Forest (Into the forest – Canadá, 2015)
Eva e Nell vivem com o pai em uma casa na floresta. Embora a residência
esteja em reforma e fique no meio do nada, é um local moderno. Após um dia sem
eletricidade, os ânimos das irmãs se exaltam quando Eva quer usar o gerador
para ligar o som e ensaiar para um importante teste que se aproxima e Nell
precisa da energia elétrica para utilizar os recursos do seu computador e
continuar estudando para um exame igualmente significativo. As coisas só pioram
quando se descobre que o que parecia uma breve falta de eletricidade é, na
verdade, um apagão inexplicável, que dura semanas, meses. Como se adaptar a
esse novo mundo quando o que parecia ser só um estado de emergência se torna
uma realidade constante? E ainda por cima depois que o pai morre em um acidente
e as duas garotas ficam sozinhas na mata?
Adaptação
do livro homônimo de Jean Hegland (ainda não traduzido para o português). A
história trata tanto das dificuldades de sobrevivência em um universo novo e
primitivo quanto da relação entre as irmãs de temperamentos diferentes que
aprendem a conviver com essas diferenças e a apoiar uma à outra diante de todos
os percalços. Gostei muito do filme. A única coisa que me incomodou foi essa
coisa de tentar vender a ideia de que é simples viver como nômade – uma coisa
nada fácil, principalmente para duas garotas acostumadas às facilidades da vida
moderna e que carregavam um fardo bem pesado na ocasião.
Patricia Rozema é uma roteirista,
produtora e diretora canadense. Depois de trabalhar em jornal impresso e na TV,
em 1987 ela dirigiu seu primeiro longa-metragem, ‘Ouvi as sereias cantando’, um dos melhores filmes de estreia do
cinema canadense. Desde então, já dirigiu mais 7 longas, além de vários curtas
e produções para a TV.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
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