LIVRO: Um Grito de Amor do Centro do Mundo
Sakutarô e Aki se conhecem na escola. Ele é o típico garoto tímido que gosta
de ler; ela é uma garota bonita, inteligente e popular. Ainda que Saku não
entendesse muito bem os motivos da aproximação daquela menina, eles passam cada
vez mais tempo juntos, se tornam melhores amigos e, quando percebe, ele está
apaixonado por ela. Felizmente, é um amor correspondido. Com a inocência da
paixão juvenil batendo no peito e um futuro cheio de promessas de felicidade
pela frente, eles fazem planos. Mas uma tragédia põe um fim aos sonhos de Saku,
e ele agora tenta lidar com isso.
A
história do jovem casal é contada em retrospecto, e já na primeira página
ficamos sabendo que Aki morreu. O que causou sua morte, só descobrimos conforme
avançamos na leitura, mas acompanhamos a tristeza e a angústia de Sakutarô ao
lidar com a perda da amada - uma perda precoce demais - com os sonhos
desfeitos, com os planos interrompidos, com a raiva, com sua sensação de
impotência e deslocamento no mundo. Misturando suas inquietações durante uma
viagem com os pais de Aki para a Austrália, que tem como propósito realizar o
último desejo da filha, com as lembranças de seus melhores momentos com a amiga
e namorada, Saku nos conta essa parte importante de sua vida, e fala de um amor
imortal.
A
história do livro é bem simples e contada sem firulas. Longe de ser uma obra de
arte ou uma trama revolucionária ou inovadora em qualquer aspecto, sua força está
justamente em sua simplicidade e na pureza do amor entre Saku e Aki. É um
romance triste e cheio de clichês, mas ainda assim bonito e comovente, porque
consegue falar diretamente ao coração do leitor. As histórias de amor não são
todas parecidas?
Minhas
partes preferidas do livro são aquelas em que Saku e Aki conversam sobre a finitude da vida
e a possibilidade de um amor eterno. Ele é o tipo de pessoa mais racional, que
não acredita na existência da vida após a morte e que não vê sentido em juras
de amor que se levam para o túmulo. Ela, por sua vez, pensa de forma totalmente
oposta, e se encanta quando o avô de Saku pede a ele que roube um pouquinho das
cinzas da amada, com quem ele não pôde se casar por diferenças sociais, para
que possa ter um pouco dela perto de si, e para que seus restos mortais sejam
misturados aos dela quando ele falecer, garantindo assim a união cósmica com a
mulher que amou a vida toda.
Ao
relembrar o pouco tempo que viveu ao lado de Aki, Saku pensa nos pequenos detalhes que a tornavam especial, em coisas que ele poderia ter feito diferente,
nos desejos adiados quando achamos que temos todo o tempo do mundo para
realizá-los, e na frustração ao percebemos que não é bem assim, e que o acaso
pode mudar tudo. Resumindo: não há nada certo nesta vida, então é melhor
aproveitar cada momento e não deixar tudo para depois.
“Os
pais de Aki tinham ido conhecer o deserto num passeio turístico de ônibus.
Disseram que iam visitar os locais que ela não pôde ver. Eles me convidaram
para acompanhá-los, mas preferi ficar no hotel, sozinho. Não estava com
disposição para turismo. O que meus olhos viam, ela não podia ver: não vira e
nunca veria. Eu me perguntava: ‘Onde estou?’ Logicamente, podia identificar o
ponto geográfico por meio de coordenadas de latitude e longitude. Mas isso não
tinha sentido para mim. Onde quer que eu fosse esse ‘onde’, para mim era lugar
nenhum.”
>> O livro é um fenômeno de vendas e foi adaptado para um filme, uma série de TV e um mangá no Japão, em contar um remake coreano.
Uma
história bonita com qual é impossível não se identificar um pouquinho.
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Sakutarô é um rapaz prestes a se casar
que enfrenta um turbilhão de emoções ao encontrar uma caixa cheia de fitas K-7 gravadas pela namorada
falecida. Quando começa a ouvir as gravações, ele mergulha no passado, revive
bons momentos, mas também sofre ao pensar em tudo que lhe foi tirado pela morte
prematura dela.
O
ponto positivo do filme foi ter substituído o caderno pelas fitas. No livro, Saku e Aki se comunicavam por meio de um diário no qual ambos registravam
suas experiências e dúvidas e por meio do qual conversavam quando não tinham
tempo para se ver todos os dias. Ao trocar um meio de comunicação pelo outro, a
história se torna mais dinâmica e saborosa, já que a música ganha um papel
especial na relação do casal. Aliás, a ambientação nos anos 80 combina perfeitamente com a trama e desperta uma nostalgia
agradável.
Outra
coisa que achei interessante foi que a história começa com a cidadezinha
japonesa sob um alerta de tufão e Saku se desentendendo e se desencontrando com
a noiva. Seu desencontro atual e a tempestade de enfrenta agora o levam
de volta ao passado, ao reencontro com a antiga namorada e ao tufão que eles enfrentaram
juntos pouco antes da morte dela. Tudo devidamente conectado e cíclico.
Já a
troca do avô e de sua amada imortal por um tio com uma história parecida, mas
que não tem a mesma carga dramática nem romântica, me desagradou. Sobre a noiva
de Saku ter um papel importante no relacionamento dele com Aki no passado,
tenho sentimentos conflitantes. Por
um lado, acho bacana ela ser um elo entre esses dois momentos da vida dele; por
outro, acho forçado. Não sei, não consigo chegar a uma conclusão... hahaha.
Um filme bonito que deve agradar em cheio quem gosta de histórias
românticas.
Trailer legendado em inglês:
6 comentários:
Poxa, Michelle, você só aumenta minhas listas de livros e filmes. Risos. Acho que vou gostar bastante dessa história. Adoro romances que são um pouco menos clichês.
Beijo! ^_^
Mi, eu já li esse livro e achei chaaatoooo, rs. O que é triste porque tem um dos melhores títulos para livros terem, enfim, a vida é assim, incoerente. Mentira, acho que pode ter uma questãozinha cultural aí...mas não vou me arriscar nesse caminho agora. Mas veja, achei que o filme pode ser uma experiência promissora...pareceu bem menos chato.
Um beijo enorme, cheio de saudade!
Já vi esse livro numas promos por aí mas nunca animei porque nao tinha ouvido falar absolutamente nada sobre. O filme parece interessante, Michelle, vou ver se dou uma chance, viu.
Besos!
Já vi gente falando mal e gente falando bem desse livro. Preciso ler para tirar minhas próprias conclusões. ;)
“Um grito de amor do centro do mundo” é tão lindo! Quero reler, pois já faz tempo que o li. Pois é, cheio de clichês dramáticos, mas comovente. Aprecio bastante a forma como os japoneses usam os clichês ^_^ Michelle, sei que foi citado no post, mas sugiro que você assista a série. O mangá super indico também – por aqui foi lançado pela JBC com o título “Socrates in Love”. Beijos!
Sabia que eu não gostei? Para mim as partes clichês falaram mais alto que as partes realmente românticas... Ainda assim presenteei uma amiga com esse livro, porque faz o estilo dela e não discordo que é uma história bonita.
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