“Metzengerstein” é um dos contos do Poe que eu já havia lido e até
escrito sobre ele quando falei da minissérie de TV ‘Contos do Edgar’. De qualquer forma, resolvi reler e escrever mais
detalhadamente sobre a história de uma profecia húngara que dizia o seguinte: “Um nome elevado sofrerá queda mortal
quando, como o cavaleiro sobre seu cavalo, a mortalidade de Metzengerstein
triunfar sobre a imortalidade de Berlifitzing”.
'Metzengerstein', de Harry Clarke |
Os Berlifitzing eram menos antigos e ricos e, se as
duas famílias já eram naturalmente propensas a disputas e discórdia devido à
proximidade das residências e aos negócios com o governo, a profecia obviamente
só complicava ainda mais as coisas.
O fato é que, com a morte prematura do Ministro G.,
quem assume os negócios dos Metzengerstein é o Barão Frederico, seu filho de 18
anos, que esbanja o dinheiro da família em festas e orgias e se mostra
inescrupuloso e mesquinho. Um dia, o conde Guilherme, um velho doente da
família rival que não dispensava uma caçada, morre em um incêndio e, de sua
estrebaria, sai um cavalo selvagem, gigantesco e de cor avermelhada, cuja
propriedade é estranhamente negada pelos empregados do conde Guilherme, embora
houvesse na testa do animal as marcas “W.V.B.”, que eram as iniciais do nobre.
Frederico fica fascinado pelo animal, pois no exato
momento em que o incêndio ocorria, ele observava uma tapeçaria que continha um
corcel de olhos flamejantes pertencente à família do rival e notara, assustado,
sem saber ao certo se estava acordado ou sonhava, que a cabeça do animal havia
mudado de posição em uma fração de segundo durante a qual Frederico desviara o
olhar para o clarão das chamas que queimavam os estábulos do vizinho e que
entrava pelas janelas. Mais assombrado ainda ele fica quando um dos criados vem
correndo avisar, mais tarde, que uma parte da tapeçaria estava faltando...
O sobrenatural, aqui, se dá pela profecia concretizada
na forma de um cavalo indomável que sai da tapeçaria para se tornar o troféu e
ao mesmo tempo a ruína do jovem barão Frederico. A descrição dos detalhes da
cena de caçada observada por ele e do terror crescente que ele sente ao
perceber as mudanças do quadro é sensacional. Vai mesmo dando uma angústia,
principalmente porque, assim como o protagonista, não sabemos se aquilo está
mesmo acontecendo ou se é fruto da imaginação dele. Um clássico do Poe que nos
desafia a duvidar dos nossos olhos, sempre!
“Com extremo
espanto e horror, verificou que a cabeça do gigantesco corcel havia,
entrementes, mudado de posição. O pescoço do animal, antes arqueado, como que
de compaixão, sobre o corpo prostrado de seu dono, estendia-se agora,
plenamente, na direção do barão. Os olhos, antes invisíveis, tinham agora uma
expressão enérgica e humana, e cintilavam com um vermelho ardente e
extraordinário; e os beiços do distendido cavalo, que parecia enraivecido,
exibiam por completo seus dentes sepulcrais e repugnantes.”
Esta postagem faz parte do desafio ‘12 Meses de Poe’,
criado pela Anna Costa. Para ver o post de apresentação do desafio e uma lista
de todos os contos lidos e resenhados aqui no blog, clique AQUI.
2 comentários:
Nossa opinião sobre o conto é muito parecida! Lembro de ter anotado enquanto lia: O narrador é um observador que não conhece todos os fatos da história, nem intervém, o que nos deixa cheio de dúvidas a respeito do que aconteceu.
Obrigada por participar do desafio! <3
Anna,
Sim! Não dá para saber exatamente o que aconteceu ou o que era imaginação. Gosto desse tipo de história :)
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